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Videastas vão representar a Suíça na Bienal

Projeção na "light box" (divulgação) Divulgação

Frédéric Mosel e Philippe Schwinger são os artistas escolhidos para representar a Suíça na 26.° Bienal de Arte de São Paulo, de 25 de setembro a 19 de dezembro.

Apesar de suas raízes estarem em Lausanne e Genebra, a produção do filme de 16 minutos foi realizada na Alemanha e será apresentado em uma instalação na Bienal.

Kottbusser Tor é uma encruzilhada no coração de Kreuzberg, um conhecido bairro habitado por imigrantes turcos em Berlim. Na movimentada estação de metrô, ninguém sabia informar onde ficava a rua do cinema Babyllon nesse labirinto a céu aberto.

Exclusividade para a Bienal

Finalmente chego a uma rua sem saída onde se esconde o espaçoso e elegante atelier da dupla de vídeo-artistas suíços Frédéric Mosel e Philippe Schwinger.

Ambos foram selecionados pela Secretaria Federal de Cultura (OFC), em Berna, para representar a Suíça na 26° Bienal de Arte de São Paulo, de 25 de setembro a 19 de dezembro. Esta edição da Bienal, considerada uma das três mais importantes deste tipo no mundo, apresentará 140 artistas de 60 países.

A instalação do filme, planejada exclusivamente para a Bienal de São Paulo, chama-se “Unexpected Rules” (Regras Imprevistas) e tem suas raízes baseadas no teatro, cinema e na lógica de um dos matemáticos brasileiros de maior projeção internacional, Newton da Costa.

Matemática e lógica

O interesse pelo mesmo foi despertado depois de terem lido uma menção sobre o uso de suas teorias no campo da psicologia em um livro de um terapeuta italiano.

O fascínio da dupla decorre do fato de Costa ter inventado uma lógica que integra as contradições, os paradoxos. Talvez essa mesma lógica possa justificar o paradoxo de dois suíços instalarem seu atelier, ensolarado e com grandes espaços livres, em uma região berlinense completamente caótica.

Arte suíça em Berlim e “light box”

Durante três anos, Frédéric Mosel e Philippe Schwinger dirigiram um teatro independente e alternativo chamado “ateliê aqui e agora”, em Lausanne. Estudaram na Escola Superior de Artes Visuais de Genebra especializando-se em mídia mista, um segmento das artes visuais que integra diversas artes.

Depois de ganharem diversos prêmios internacionais, em 2002 e 2003, receberam uma bolsa do governo suíço para passar um ano em Berlim. Gostaram tanto das condições favoráveis da cidade para a produção de suas obras que decidiram ficar na capital alemã.

Ao serem selecionados, entre outros artistas, pela Secretaria Federal de Cultura(OFC) para fazer uma proposta artística que representasse a Suíça na Bienal de São Paulo, a dupla desenvolveu o projeto chamado “Unexpected Rules”. Foi o projeto escolhido pelo OFC.

O filme de 16 minutos que produziram será projetado dentro de uma “light box” de 3 m de altura por 5,30 m de comprimento, iluminada por 1800 lâmpadas incandescentes nas cores azul, laranja, verde e vermelha.

“Normalmente utiliza-se uma “black box” para projetar filmes mas, como nós falamos de paradoxos, escolhemos fazer o contrário e iluminar a projeção do início do filme durante dois minutos; mais que isso não seria possível pois as lâmpadas aquecem excessivamente o espaço onde o expectador vai ver o filme”, explica Frédéric Mosel.

O filme

No início do filme vê-se o cenário da trama na tela como se fosse um palco de teatro, com a mesma light box do cenário do filme presente na instalação de onde o expectador observa a obra, uma espécie de espelho, a continuação da tela na instalação.

A dramaturgia do filme é uma mistura de teatro e comédia. Uma interpretação sobre a política e o jogo do poder. Inspirados no escândalo do então presidente Clinton com Mônica Lewinski, o filme trata de uma discussão que ocorre entre sete personagens sobre o paradoxo da destituição de um presidente por causa de um caso amoroso.

De um lado, um procurador tenta destituir o presidente do poder; de outro, o presidente tenta manter-se no poder e desenvolve uma estratégia para obter o perdão de seus eleitores por seus atos de infidelidade. Entre os atores está a jovem brasileira Fernanda Farah que atualmente vive em Berlim. Os diálogos são em inglês.

Trata-se portanto de uma obra de arte suíça, interpretada em inglês, feita na Alemanha, baseada em fatos ocorridos nos Estados Unidos e projetada, em parte, em uma “light” box ao invés de uma tradicional “black box”.

swissinfo, Gleice Mere, Berlim

O projeto que representa a Suíça é o vídeo de 16 minutos, “Regras Imprevistas”.
A Bienal de São Paulo ocorre entre 25 de setembro e 19 de dezembro.

– Frédéric Mosel e Philippe Schwinger são suíços radicados em Berlim.

– São especialistas em mídia mista, que integra várias artes.

– Tem a ver com caso do ex-presidente Clinton com Mônica Lewisnki.

– Os autores se dizem influencidados pelas teorias do matemático brasileiro Newton da Costa.

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