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Cultura

Mulheres lutam por igualdade de gênero nos museus de arte

Apenas 25% de todas as exposições em museus de arte suíços são dedicadas a mulheres artistas. Mas não só. A sub-representação feminina também ocorre nas posições de liderança em instituições artísticas. A SWI swissinfo.ch revela os números da desigualdade pela primeira vez e continua acompanhando o assunto. 

Este conteúdo foi publicado em 22. dezembro 2021 minutos
Corinna Staffe (ilustração)

Apesar de cada vez mais mulheres assumirem a liderança nos museus de arte suíços - recentemente Ann Demesteer foi nomeada diretora no Museu de Arte de Zurique (Kunsthaus) - e apesar da lacuna de gênero ter sido eliminada no que diz respeito à educação artística, há ainda um longo caminho para construir equidade de gênero nas próprias exposições.

Na Suíça, várias iniciativas foram lançadas nos últimos anos para promover o trabalho de mulheres artistas e apoiá-las em suas carreiras. De um museu exclusivo para mulheres a programas de treinamento e ativismo de rua ou mídia social, as disparidades de gênero na arte estão derretendo gradualmente na pequena nação alpina. O ritmo lento não é nenhuma surpresa em um país onde as mulheres só alcançaram o direito de votar em pleitos nacionais em 1971.

A Suíça é o lar de muitos grandes artistas, mas até recentemente somente os artistas homens haviam ganhado atenção mundial. Mas, aos poucos, as mulheres artistas da Suíça também começaram a ser reconhecidas no exterior, em importantes concursos e museus. Mesmo na Suíça, algumas mulheres que produziram por décadas só estão sendo notadas agora pelas instituições de seu país de origem. Um exemplo é o caso das vencedoras do Grande Prêmio Suíço de Arte deste ano, o Prêmio Meret Oppenheim: Esther Eppstein, Vivian Suter e o arquiteto Georges Descombes.  

O ranking de artistas Bilanz, referência na área, classifica a cada ano os artistas suíços mais interessantes e internacionalmente bem-sucedidos com base no conteúdo e relevância, e não no valor de mercado. Na última edição (2021), cinco mulheres aparecem entre as 10 primeiras posições: Miriam Cahn, nascida em Basel, que está no topo da lista, seguida por Pipilotti Rist em segundo lugar, Silvia Bächli (6ª), Pamela Rosenkranz (9ª) e Shirana Shahbazi (10º).

Embora a disparidade de gênero na arte fosse óbvia, até 2019 não havia dados que quantificassem quão visíveis, ou invisíveis, as mulheres artistas são nas instituições culturais do país. Nem mesmo o Instituto Federal de Estatística tinha dados sobre igualdade em museus de arte. Por isso, o SWI swissinfo.ch e a televisão pública suíça RTS fizeram um esforço conjunto para preencher a lacuna de dados, apresentando números concretos pela primeira vez: descobrimos que no período entre 2008 e 2018 apenas 26% de todas as exposições individuais em museus de arte suíços foram dedicadas a mulheres.

A luta pelo reconhecimento das artistas também é mundial. O protesto das Guerrilla Girls no Museu de Arte Moderna (MOMA) de Nova York em 1984 - desencadeado pela exposição “Uma Pesquisa Internacional de Pintura e Escultura Recentes”, na qual 13 de 169 artistas eram mulheres - é considerado um momento marcante, mas a luta já vem de bem mais tempo.

Em sua mensagem sobre a política cultural para o período de 2021-2024, o governo suíço consagrou a promoção da igualdade de gênero no setor cultural. Por enquanto, porém, o financiamento alocado pela Secretaria Federal de Cultura para os museus não tem uma “cláusula de igualdade”. E, de forma mais ampla, a ideia de um sistema de cotas temporárias para garantir um maior equilíbrio não conseguiu encontrar consenso entre os diversos atores do setor cultural.

A desigualdade de gênero não diz respeito apenas aos museus de arte. Um estudo de junho de 2021 encomendado pelo conselho de artes da Pro Helvetia revelou que em todo o setor cultural “as mulheres estão notavelmente sub-representadas, tanto no nível de direção estratégica e artística quanto no palco e nas exposições”. Os pesquisadores analisaram a arte performática (dança e teatro), música, literatura e artes visuais e descobriram que os números variam amplamente entre as áreas.

Adaptação: Clarissa Levy

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