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As míticas “Flechas de Prata” voltaram à Berna

Berna em 1937: a corrida das Flechas de Plata: Hans Stuck (10), da Auto Union à frente de Rudolf Caracciola (14, Mercedes-Benz) e Bernd Rosemeyer (8, Auto Union). Collection A. Cimarosti

O Grande Prêmio da Suíça, até 1954 o maior evento esportivo regular no país, comemora seu renascimento. Neste domingo (23/8), os motores dos carros mais rápidos daquela época voltaram a roncar em Berna.

Os organizadores querem transformar o desfile de carros históricos – entre eles precursores dos veículos de Fórmula 1 – em uma tradição na capital suíça.

Rudolf Caracciola, Bernd Rosemeyer, Hans Stuck e Juan Manuel Fangio foram os campões do volante que, entre 1934 e 1954, causavam deslumbramento e traziam glamour às ruas da provinciana Berna.

Os duelos entre as míticas “Flechas de Prata” da Mercedes e as Ferraris, Maseratis e Alfas atraiam até cem mil pessoas. Nos quatro dias do GP, havia corridas de automobilismo e motociclismo em todas as classes.

Quando foram lançados os campeonatos mundiais de motociclismo, em 1949, e de Fórmula 1, em 1950, o GP da Suíça era um dos destaques das competições internacionais. O perigoso circuito de Bremgarten (de 7,28 km) era um clássico, como o Nürburgring (Alemanha), Monte Carlo, Monza ou Silverstone.

O fim em 1955

Mas, em 1955, o encontro dos heróis atrás dos volantes gigantes teve um fim abrupto. Após a maior tragédia da história do automobilismo, em 11 de junho de 1955, em Le Mans (França), quando o francês Pierre Levegh perdeu o controle sobre seu Mercedes, “voou” pelas tribunas e matou 81 pessoas, as corridas em circuitos na Suíça foram proibidas (o que vale até hoje).

Cinquenta e cinco anos após o último GP da Suíça, a velha tradição revive com o “Grand Prix Suisse Berna Memorial 2009”. Num circuito improvisado no oeste da capital, acontece neste domingo uma parada de cerca de 400 veículos históricos.

250 milhões de francos na rua

Participam do desfile 300 carros e 70 motos no valor de aproximadamente 250 milhões de francos (US$ 236 milhões).

“Nunca antes se viu tantos carros e motos históricos de corrida juntos na Suíça”, disse à swissinfo.ch Adriano Cimarosti, que, em 1947, ao dez anos, assistiu ao primeiro GP em Berna.

Desde então, o italiano da região de Friaul, está infectado com o bacilo do automobilismo. Cimarosti trabalhou durante 40 anos para a revista especializada Automobil Revue) e é um dos mais renomados historiadores desse esporte. Como tal, ele também aconselha os organizadores do revival do GP suíço.

Entre as preciosidade sobre rodas que voltam à Berna, ele destaca as “Flechas de Prata” (carros prateados da Mercedes e da Auto Union), a Ferrari 500, o carro vencedor em Berna de 1952 e 1953, bem como as Maserati 250F e 4CLT.

Desta vez, o Auto Union Typ C – precursor dos veículos de F1 – terá ao volante o legendário Hans Joachim Stuck, ex-piloto de Fórmula 1 e filho de Hans Stuck, que triunfou em 1934 em Berna.

O objetivo dos organizadores é fazer com que o revival do Grande Prêmio da Suíça se repita a cada dois anos. “O desfile de carros históricos de corrida deve se transformar em uma tradição”, espera Cimarosti.

Renat Künzi, swissinfo.ch
(Adaptação: Geraldo Hoffmann)

Silberpfeil (Flecha de Prata) era o nome inoficial do carro de corrida alemão da Mercedes-Benz e Auto Union, de 1934 a 1939.

Também o carro de corrida de Fórmula 1 W196 usado pela Mercedes-Benz em 1954/55 e os esportivos 300 SL(R) (W194), usados em 1952 e 1955 eram assim chamados.

Devido à sua superioridade em relação aos concorrentes, as Flechas de Prata transformaram-se em mito do automobilismo. A elas estão ligados os nomes dos pilotos Rudolf Caracciola, Bernd Rosemeyer, Tazio Nuvolari e, mais tarde, Stirling Moss e Juan Manuel Fangio.

O Grand Prix de Suisse foi realizado 14 vezes entre 1934 e 1954.

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