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Metrô de Lausanne é o mais moderno da Suíça

Um trem do M2 à Lausannois passa sob uma das pontes da cidade Keystone

O mais moderno metrô da Suíça é inaugurado nesta quinta feira em Lausanne, oeste do país. O chamado M2 tem 6 km e é inteiramente automático.

A construção durou quase cinco anos e o novo metrô deverá transportar 25 milhões de passageiros por ano. Custo total da obra: 736 milhões de francos suíços.

Com 130 mil habitantes, Lausanne, capital do cantão de Vaud (oeste) é a menor cidade do mundo a construir um metrô. Além disso, o M2, inaugurado nesta quinta-feira, é o mais moderno da Suíça. Ele liga o sul ao norte da cidade, que é toda em declive, que sempre complicou a vida dos habitantes, sobretudo com a neve do inverno.

Outra particularidade é que, ao contrário de outros projetos urbanísticos, o novo metrô é unanimente saudado pelos habitantes de Lausanne, que votaram e aprovaram o projeto.

Três dias de festa, com muita música nas principais estações, alguns trechos serão abertos ao público para a inauguração. Ele entrará realmente em serviço no final de outubro, pois ainda faltam alguns testes de funcionamento.

“Os prazos foram cumpridos e o orçamento da obra foi ultrapassado de muito pouco”, afirma Vincent Kaufmann, sociólogo especialista em mobilidade urbana a Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL).

Inteiramente automático

Esta foi a maior obra de engenharia da história recente da cidade. Foram perfurados 7 km de túneis numa topografia de quase 400 m de desnível entre a primeira estação, na beira do lago Léman, e a última, perto da comuna de Epalinges. O traçado é 90% subterrâneo.

“As obras começaram um dia depois da votação popular de 24 de novembro de 2002, aprovando um projeto que era um desafio humano e tecnológico. Tivemos de contratar especialistas raros em nossa região”, explica o secretário municipal de Obras, Olivier Français.

Uma das particulares da democracia direta suíça, quando um projeto ultrapassa um dado orçamento, proporcional ao número de habitantes, esse projeto tem de aprovado em votação popular. Foi o caso do M2 de Lausanne.

“Esse metrô permite melhorar a mobilidade entre a parte baixa e a parte alta da cidade, entre regiões de forte atividade econômica e de alta densidade demográfica”, acrescenta Olivier Français. De fato o M2 passa pela estação ferroviária (80 mil pessoas por dia), pela estação do Flon (60 mil) e por outros pontos muito movimentados da cidade, a começar pelo Hospital Cantonal Universitário (CHUV), um dos maiores da Suíça.

Pensar no M3 e no M4

Lausanne tem crescido e o sistema de transporte público não vinha acompanhando a evolução da cidade. Olivier Français afirma que o M2 permite compensar em parte essa defasagem e facilitar o desenvolvimento de um pólo industrial de biotecnologia na zona norte, com a criação de 2 mil empregos nos próximos anos.

“Mas é verdade que o crescimento da cidade tem maior no eixo leste-oeste, especialmente em torno da Escola Politécnica Federal (EPFL) na zona oeste”, reconhece o secretário municipal de Obras.

Por essa razão “defendo há três anos continuar o desenvolvimento do transporte público já pensando no M3 e no M4”, afirma Olivier Français. A idéia é vista com interesse pelas comunas da região de Lausanne. Ele lembra que a prefeitura de Lausanne investiu também quase 100 milhões de francos para melhorar o sistema de transporte, paralelamente ao M2. Já foi lançado também um projeto de bonde ligando as zonas leste e oeste.

Reduzir o tráfego de automóveis

Vincent Kaufmann reconhece os esforços que foram feitos, mas duvida que o tráfego automobilístico seja muito limitado. “Nada deve mudar nessa área. Era necessária uma política mais restritiva para os carros e o estacionamento no centro da cidade. Só um bom sistema de transporte público não basta”, afirma o especialista em mobilidade urbana.

Olivier Français discorda : “o cantão (estado) de Vaud e o governo federal não querem subvencionar os estacionamentos perto das cidades ou nas estações. A prefeitura de Lausanne financiou um estacionamento de 1.200 lugares no norte da cidade e tem outro projeto com a mesma capacidade na zona oeste.” Ele sublinha ainda todas as comunas da região de Lausanne participam da melhoria dos transportes públicos.”

Impacto na cidade

De qualquer maneira, o M2 vai modificar a fisionomia e o desenvolvimento de Lausanne.

“Uma série de projetos foram lançados graças ao metrô, na zona sul, perto do lago, no centro da cidade e na zona norte. Vários bairros ficarão mais densos nos próximos anos”, prevê Olivier Français.

Por sua vez, Vincent Kaufmann prognostica um grande sucesso para o metrô, dado o entusiasmo que ele suscita na população.

O sociólogo conclui: “O M2 permitirá revitalizar o centro histórico de Lausanne, mas também terá um impacto sobre o preço dos terrenos que sobem nas proximidades das estações, sobretudo para comércio e escritórios.”

swissinfo

O metrô M2 atravessa a cidade de Lausanne sul a norte, de Ouchy (perto do Lago Lémann), à comuna periférica de Epalinges.

O trajeto tem 6 km, 90% em túneis, com 14 estações e 398 m de desnível (o maior da Europa). O declive médio é de 5,6%, chegando a 12% em certos trechos.

Todo o trajeto será feito em menos de 20 minutos.

É o primeiro trem inteiramente automático da Suíça, montado sobre pneus. Velocidade máxima: 60 km/h. Haverá um trem de 3 em 3 minutos nas horas de pico, com capacidade de transportar 220 passageiros, 60 sentados. O M2 vai transportar 25 milhões de pessoas por ano.

O orçamento inicial era de 590 milhões de francos. O custo final será de aproximadamente 750 milhões. O governo federal pagou 190 milhões, o cantão (estado) de Vaud 302 milhões e o restante pela sociedade Lausanne-Ouchy Metrô, que pertence à prefeitura de Lausanne.
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