NZZ vê com otimismo eleições no Brasil

Para o "Neue Zürcher Zeitung", um governo do PT não trará grandes mudanças na política econômica do Brasil. As empresas têm uma posição pragmática em relação a possível vitória de Lula.
A correspondente em São Paulo acredita que o futuro governo brasileiro, independentemente de quem será escolhido, terá pouco espaço de manobra devido aos compromissos já assumidos.
A imprensa suíça tem acompanhado com interesse o desenrolar das eleições no Brasil. Christiane Henkel, correspondente em São Paulo do “Neue Zürcher Zeitung” (NZZ), o jornal suíço mais conceituado no exterior e a terceira maior tiragem do país, escreveu duas grandes matérias, publicadas durante a semana.
Para o NZZ, é difícil no momento atual de fazer prognoses sobre as conseqüências de uma possível vitória do candidato da esquerda Luiz Inácio da Silva, porém surpresas não são esperadas. “Tudo indica que, o espaço de manobra limitado do futuro governo, irá obrigar seu presidente a ser moderado”.
“Efeito Lula”
Segundo sua correspondente, o “efeito Lula” acabou transparecendo na contabilidade das empresas brasileiras. “A campanha eleitoral termina no domingo e, desde o seu início, o risco do país passou de 806 pontos para 1871, sendo que o real perdeu 40% do seu valor e já está quase atingindo a marca dos 4 dólares”, lembra o jornal.
Apesar da situação tensa da economia brasileira, o NZZ considera que a grande maioria dos empresários vê com pragmatismo a possibilidade da vitória de Lula nas eleições. “O temor de que o país acabasse sendo governado por um defensor da moratória acabou não se realizando”, e completa, “isso se comprova pelo fato de não ter ocorrido uma fuga de capitais do Brasil”. O jornal considera inclusive positivo o acolhimento do candidato da esquerda pelo empresariado: – “Muitas empresas estão até mesmo apoiando diretamente o Lula, pois elas acreditam no seu carisma e na capacidade de negociação, importantes para a realização de um pacto social com os diferentes grupos que dominam o Congresso”.
“A população quer mudanças”
Um dos motivos dados pelo jornal para explicar essa relativa calma é a própria conjuntura do Brasil. “Um governo do PT não poderá se dar ao luxo de desprezar o acordo feito com o FMI e a liberação de outra parte do empréstimo de 30 bilhões de dólares. A situação econômica atual é muito crítica para que isso ocorra”. Ao mesmo tempo o NZZ escreve que mesmo um governo sem arroubos, não será um governo sem conflitos. “Apesar das limitações previstas, o Lula poderá ser eleito por uma população que quer realmente mudanças para melhor e ela irá cobrar por isso”.
swissinfo/Alexander Thoele

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