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Pós-graduação na Suíça pode ser financiada por bolsas

Estudantes na sala de leitura da biblioteca da Universidade de Zurique. Keystone

Um diploma suíço de pós-graduação pode dar um bom impulso em carreiras de diversas áreas. Melhor ainda se for conseguido com a ajuda de uma bolsa de estudos.

Além de uma boa economia para alguém que está em início de carreira, significa a vitória em mais uma batalha: a da concorrência com outros candidatos. E isso não é pouca coisa.

As possibilidades para se obter uma bolsa para estudar na Suíça são diversas, mas a competição é grande, a persistência é necessária e, sobretudo é preciso ter um objetivo claro do que se quer estudar para finalmente ser contemplado com o prêmio.

Os candidatos a uma bolsa precisam normalmente provar a excelência acadêmica, por meio de um histórico escolar com boas notas, apresentar diplomas de idiomas, cartas de recomendação, de motivação e uma série de documentos exigidos durante todo o processo que dura pelo menos um ano até o embarque do estudante para a Suíça.

Possibilidades

O governo suíço oferece bolsas de estudo, de mestrado e doutorado, para brasileiros em todas as áreas, inclusive, línguas, artes e música. Os brasileiros estão em posição favorável para conseguir as bolsas ESKAS, já que existe o interesse por parte do governo suíço em reforçar a cooperação com o Brasil.

O número de bolsas para o ano que vem fica entre cinco e dez, mas não há uma quantidade mínima. “Depende um pouco dos candidatos e das áreas de estudos que eles apresentam”, diz Olivier Brighenti, responsável pela Comissão federal de bolsas para estudantes estrangeiros, da Secretaria de Estado para Educação e Pesquisa do governo suíço.

“As bolsas também são destinadas a estágios de pesquisa feitos na Suíça, para doutorandos”, acrescenta Brighenti. O valor da bolsa é de 1920 francos suíços, cerca de 2700 reais sou 1230 euros por mês e tem duração de nove meses. Estudantes bolsistas estão dispensados de pagar as taxas escolares da instituição de ensino na Suíça.

Portugal

Os portugueses também podem concorrer a bolsas do governo suíço, porém para países da Europa ocidental, as bolsas são concedidas em sistema de “pool”, o que significa que não há um número fixo de bolsas por país. Segundo Brighenti há entre 20 e 25 bolsas para candidatos da região, no total. Não está prevista concessão de bolsas para países africanos
lusófonos.

Os candidatos interessados devem preencher o formulário de inscrição distribuído pelas representações do governo suíço (consulado ou embaixada) e entregar os documentos necessários no mesmo local. As informações sobre os prazos de inscrição, requerimentos e detalhes sobre a candidatura estão disponíveis nos sites da embaixada suíça no Brasil e no site da Secretaria de Estado para Educação e Pesquisa do governo suíço http://www.sbf.admin.ch/htm/themen/bildung/stipendien/eskas_en.html#6. (Ver lista). “É recomendável que os candidatos leiam com a atenção as condições e outras informações disponíveis antes de enviar o dossiê”, afirma Brighenti.


Em busca de talentos

A excelência é um critério comum entre todas as instituições que concedem bolsas de estudos a cada ano. Apesar da concorrência acirrada o número de interessados em financiar um período de aperfeiçoamento fora do país tem crescido, segundo os dados da Fundação Estudar, e que nos últimos 17 anos investiu 5,6milhões de dólares em aperfeiçoamento de carreiras. Este ano foram selecionados 38 candidatos, entre seis mil inscritos. Em 2007 a procura foi de 1500 candidatos.

A instituição, sediada no Brasil, financia programas de graduação e pós-graduação no Brasil e no exterior, além de intercâmbios. São cobertos de 5 a 95% das despesas solicitadas pelo bolsista, segundo Thais Junqueira, diretora-executiva da Fundação Estudar. A seleção ocorre todos os anos e não há um número fixo de bolsas.

As áreas privilegiadas pela instituição são Administração, Economia, Engenharia e Ciências Exatas, Relações Internacionais e Políticas Públicas. Além disso, o candidato pode escolher o país onde quer estudar. Para Thais Junqueira, o perfil ideal do bolsista inclui características como ética, espírito de liderança e natureza empreendedora, pró-atividade, criatividade e capacidade de enxergar e aproveitar oportunidades, além da excelência acadêmica.

Um brasileiro no IMD

O brasileiro Marcelo Parodi foi um dos contemplados com uma bolsa da Fundação Estudar para um MBA (Master in Business Administration) no concorrido International Institute for Management and Development (IMD), em Lausanne, na Suíça, há pouco mais de dez anos. O IMD ocupa o primeiro lugar no ranking de escolas que oferecem cursos do gênero, da revista “The Economist”, publicado este ano.

“A bolsa literalmente mudou minha vida”, diz Parodi. “O MBA adiciona inúmeras perspectivas a sua forma de enxergar o mundo, e possibilita o contato com as empresas e mercados diferentes, até então desconhecidos”, completa. Ele afirma ter mudado os rumos da carreira em decorrência do MBA. Antes do período de estudo no IMD ele trabalhava na mineradora sul-africana Anglo American, como assessor do diretor-executivo para atividades do grupo na América do Sul. De volta ao Brasil começou a trabalhar no setor de energia, primeiro na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), depois na Enron, até abrir a própria empresa. “Hoje sou sócio e diretor-executivo da Comerc Energia, maior comercializadora independente de energia elétrica do Brasil”, conta Parodi que também é diretor da Fundação Estudar.

As inscrições para obtenção de uma bolsa da Fundação Estudar começam em janeiro de cada ano e podem ser feitas pela Internet (www.estudar.org.br). O processo seletivo tem sete fases entre pré-seleção e entrevistas com a equipe da fundação, ex-bolsistas e conselheiros. “A Fundação aceita inscrições de estudantes que já estejam matriculados ou em processo de aceitação em instituições de primeira linha”, explica Thais Junqueira, diretora executiva da Estudar.

Representações em vários países

A Fundação Rotary, com representantes em diversas partes do mundo, inclusive Brasil, Portugal e Angola, também oferece, entre outros programas, o de bolsas educacionais. Elas têm a duração de um ano letivo e o valor doado ao estudante é destinado ao pagamento das taxas escolares e despesas básicas como moradia e alimentação.

No processo de seleção o Rotary leva em conta o envolvimento do candidato com o tema que pretende estudar. “Ele deve ter destaque na sua atuação pessoal e profissional e predisposição de difundir os ensinamentos, preferencialmente dando aulas universitárias”, diz o advogado brasileiro, Marcos Buim, presidente da Comissão Distrital de Bolsas Educacionais e em Prol da Paz Mundial da Fundação Rotária. “Também é desejável que tenha espírito voluntário, para dar seqüência na doutrina rotária”, completa. Segundo Buim, as áreas de estudo privilegiadas geralmente são ligadas aos aspectos humanitários, como paz mundial, combate ao analfabetismo (em todos os níveis), aperfeiçoamento de métodos voltados à saúde pública, combate à seca, desnutrição, entre outros temas.

O Rotary exige também a participação ativa do estudante na comunidade que o recebe. “Espera-se que o bolsista contemplado atualize-se sobre a cultura do país onde irá estudar”, diz Marcos Buim. “Assim como municie-se de informações sobre nosso país, suficientes para representar nosso povo quando indagado sobre seu país de origem”, acrescenta.

Inscrições

O candidato a uma bolsa educacional pode escolher o país onde realizará o programa de estudos, que pode ser inclusive a Suíça. Para fazer a inscrição o candidato deve procurar, na região onde vive, um Rotary club. Para descobrir qual o clube da região é preciso consultar o site http://www.rotary.org, que apresenta informações úteis aos interessados na obtenção dos vários tipos de bolsas da instituição e suas atividades, em geral.

O contato com algum membro do clube, que costuma fazer reuniões semanais, é importante porque a indicação do candidato é feita por esse grupo de pessoas. São eles também que informam sobre a disponibilidade de bolsas, os prazos de inscrição, distribuem os formulários necessários e informam sobre as etapas seguintes e entrevistas. Antes do embarque, o bolsista freqüenta também seminários preparatórios sobre como deve proceder no país onde vai estudar.

Idiomas

Os processos de candidatura para bolsas, em geral, são longos e complexos, porém é importante lembrar que de nada vale tanta preparação se o candidato não tiver bom conhecimento do idioma de estudo. Certificados e diplomas que comprovam o nível de conhecimento podem ajudar no processo de seleção. Felizmente, para estudar na Suíça é possível escolher entre instituições de ensino que ministrem cursos em alemão, francês, italiano. Algumas delas também oferecem programas em inglês apesar de não ser um idioma oficial suíço.

swissinfo, Heloísa Broggiato

– Vale lembra que ganhar uma bolsa de estudos para estudar no exterior não é simplesmente “passar um tempo no exterior” e sim, comprometer-se com um projeto que exige dedicação até o momento da conclusão.

– Ter objetivos claros em relação ao campo de estudo, como por exemplo: o que se quer estudar, em que universidade, e por que razões.

– Fazer contatos prévios com as universidades e professores que possam ser possíveis orientadores. Conversar com eles sobre a área de estudo escolhida pode ajudar a definir melhor os temas que serão estudados no futuro. Idéias claras ajudam muito na hora das entrevistas do processo de seleção para a bolsa.

– Investir previamente no idioma de estudo. Procure testar-se antes, para saber se está apto a seguir cursos neste idioma e produzir trabalhos acadêmicos de bom nível. Se não estiver tome providências. Não deixe que o idioma se transforme em uma barreira para a realização do objetivo.

– Não desanime ao descobrir que há poucas vagas e muitos candidatos.

– Faça uma busca em instituições de fomento à pesquisa, organizações internacionais e não governamentais, ou que sejam particularmente ligadas ao tema de estudo. Elas podem oferecer ajudas de custo ou bolsas de estudos.

– Converse com ex-bolsistas. Eles podem falar sobre a experiência do processo de seleção e dos ganhos pessoais e profissionais decorrentes do período de estudos no exterior.

– Procure informar-se sobre o valor da bolsa. A maioria delas é suficiente para cobrir as despesas básicas de um estudante, ou seja, moradia, alimentação e despesas pessoais básicas. Algumas vezes o valor cobre apenas parcialmente as despesas, sobretudo para cursos de MBA.

– Ter paciência e organização.

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