Um Brasil sob medida para turistas da Suíça

A agência suíça de viagens Promobrás, de Lausanne, tem como lema le Brésil autrement, 'um Brasil diferente', buscando um filão no competitivo e diversificado setor do turismo.
Com ofertas para as 5 regiões do País, em particular o Centro-Oeste, ela propõe “um Brasil autêntico, distante dos clichês habituais” sem esquecer os circuitos tradicionais.
Duas mesas com computadores, uma para o chefe e outra para a assistente – a brasileira Eva – uma mesinha no meio com cadeiras, um mapa do Brasil, uma miniatura de avião, cartazes turísticos na parede… O interior da agência Promobrás é sóbrio.
A agência está bem localizada: a menos de 200 metros da importante estação ferroviária de Lausanne, cidade um tanto acidentada, banhada pelo lago Léman, de que tira parte de seu encanto. (Lausanne é bastante conhecida por sediar o Comitê Olímpico Internacional).
O dono da Promobrás, Jacques Bornand, é uma pessoa acolhedora, dotada de um temperamento que alia simpatia à discrição e seriedade suíças. Quem o encontra pela primeira vez surpreende-se com o fato de falar tão bem português -“aprendido na rua” – o que o leva até a ser confundido com brasileiro.
Mostrar ‘outros Brasis’
Se falar bem a língua é uma vantagem para quem promove o turismo no Brasil, vantagem maior, porém, é conhecer a realidade brasileira: “É um trunfo importante, pois é primordial conhecer bem o País para poder promovê-lo, para poder vendê-lo”.
E Jacques conhece o Brasil desde 1973, quando realizou, na companhia de amigos, a primeira viagem à América do Sul. A partir de então passou várias temporadas no País, visitando diferentes pontos do território brasileiro. Conheceu a cultura, os hábitos, os costumes, os pontos fortes e fracos do brasileiro, elementos que facilitam o trabalho de quem se dedica ao setor de turismo.
As propostas da Promobrás são múltiplas: os programas abrangem as cinco regiões do País, do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Mas, evidentemente, a agência não esnoba quem se interesse por circuitos convencionais como Rio de Janeiro, Salvador, Foz do Iguaçu… Proclama que “os outros Brasis – geralmente desconhecidos – merecem que deles se fale e que neles se demore”.
Centro-Oeste em destaque
Entre os roteiros que mais podem atrair os interessados em ecoturismo ou turismo ecológico (que respeita e preserva o equilíbrio do meio e estimula a educação ambiental) sobressai o de um folheto intitulado Brésil Nature – ‘Brasil Natureza’ – reunindo doze itinerários fixos para todas as regiões brasileiras, ajustáveis ao gosto do cliente.
Maior espaço é reservado, porém, ao Centro-Oeste.
Nesta região há seis roteiros, voltados principalmente para o Pantanal – nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – com programas de até 11 dias, incluindo, por exemplo, a Chapada dos Guimarães, o rio Bonito e a gruta do Lago Azul.
Dois programas na região Norte são convite a conhecer Manaus e Amazonas, sua fauna, sua flora, seus habitantes. Há ainda sugestão de viagem à bela região de Jalapão, no oeste do Estado de Tocantins: “uma região quase intacta”, abundante em fontes, córregos, cachoeiras, incluindo até um rio de água cristalina, coisa rara no mundo “civilizado”.
Viagens de estudo e estágios esportivos
E, se no Sul a proposta é em particular o Parque Nacional Aparados da Serra (fronteira de Santa Catarina e R.G. do Sul), há evidentemente possibilidade de realizar roteiros específicos, ao gosto do cliente em outras partes do País, como, por exemplo, na região Sudeste (Rio, São Paulo, Minas e Espírito Santo), no âmbito de circuitos histórico-culturais.
Particularmente aos suíços – cujos antepassados fundaram Nova Friburgo, em 1819, no estado do Rio de Janeiro – proporciona-se a possibilidade de visitar com tranqüilidade essa cidade fluminense e de seguir as pegadas de seus compatriotas, que na época buscavam uma futuro melhor ou simplesmente um futuro, até porque, na Suíça, a situação para os menos favorecidos estava feia.
Vale mencionar também as viagens de estudo, como a agência têm realizado com universitários da Escola Politécnica de Lausanne; estágios esportivos ou simplesmente de roteiros para satisfação de conhecimentos específicos em arquitetura, pintura, pedras preciosas e semi-preciosas, etc.
Pantanal sobressai
Se as possibilidades de acertos são variadas na agência lausanense, Jacques Bornand constata que as preferências vão mesmo para o Pantanal, a Amazônia, o Rio de Janeiro, a Bahia e mesmo Fortaleza, com vistas a uma estada na bela Jericoacoara.
Para realizar tantos roteiros turísticos em diferentes pontos do Brasil, Promobrás trabalha em parceria com agências especializadas brasileiras. São empresas que, em princípio, garantem segurança e conforto, exigências normais de turistas com bom poder aquisitivo como os europeus.
Jacques Bornand lembra que o Brasil é um destino procurado e que há agências européias especializadas no País. Mas acha que “a maioria não conhece suficientemente o Brasil para poder vender esse produto”. E como já foi assinalado, a Promobrás leva vantagem sobre as demais por conhecer a realidade brasileira e principalmente saber como o Brasil funciona.
Filão prometedor
O objetivo de Promobrás é evidentemente fazer negócios, mas a julgar pelo seu marketing (confira o site) espera atrair pessoas que apreciam contacto com a natureza, com a população local, na busca de autenticidade e aprofundamento de conhecimentos.
O ecoturismo que promove vai ao encontro de demanda crescente, pois na Europa aumenta a simpatia pelas questões ambientais e por partidos verdes que as defendem. Trata-se, portanto, de um filão prometedor.
Mas além dos europeus há brasileiros e outros latino-americanos que apelam para a Pro-mo-brás, acreditando, por vezes, que, em função do nome, os preços devam ser de pro-mo-ção, graceja Jacques Bornand.
swissinfo, J.Gabriel Barbosa
Jacques Bornand, 60 anos, dono da agência Promobrás, de Lausanne, é natural de Sainte-Croix, cantão de Vaud (que faz fronteira com o de Genebra).
Jacques estabeleceu laços com o Brasil desde pequeno pois um de seus tios vivia em São Paulo. E tem viajado com freqüência para o País desde 1973.
Naquele ano realizou uma viagem com amigos para a América do Sul,de navio – “de avião nem pensar, porque era muito caro” – e teve oportunidade de permanecer no Brasil durante três meses.
Voltou poucos anos depois com a vontade de aprofundar os conhecimentos sobre o País.
Em função dos vínculos criados e muitos contatos com brasileiros fundou com amigos em 1985, em Lausanne, TROPICALP – uma associação destinada a promover intercâmbios culturais entre a Suíça e o Brasil. Essa associação foi fechada em 1998, “por falta de participação”, diz ele.
Mas aí já havia começado com a agência de viagens voltada para o Brasil, pois criara a Promobrás em 1995.
Hoje constata que pelo fato de conhecer bem o Brasil tem maior facilidade em vendê-lo…

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