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Começou o Mundial de hóquei no gelo na Suíça

Rafael Díaz, jugador do EV Zug e miembro da seleção suíça.

Na abertura do maior evento esportivo do ano na Suíça, sexta-feira, a seleção helvética derrotou a França por 1 a 0. Esta é a décima vez que o país alpino, sétimo no ranking mundial, lutará pelo título com outras 15 seleções.

Entre os 24 jogadores que integram a seleção suíça está o suíço de origem espanhola Rafael Díaz, de 23 anos.

Em plena primavera se alisa, se limpa e se esfria a –10 graus a superfície gelada nas quadras de Berna e Kloten (Zurique). Quando os torcedores chegam aos estádios vestidos com roupas mais leves e a camisa da seleção, os jogadores de hóquei patinam com um equipamento que tem mais de 12 peças: capacete, luvas, patins, meias, calças, taco de madeira e várias proteções. O goleiro utiliza ainda um equipamento especial com protetor facial, protetor de pernas e um escudo.

A Arena de Berna, onde serão disputadas 32 das 56 partidas (as demais em Kloten), é o quinto maior estádio de hóquei da Europa, com capacidade para 17.131 pessoas. Por antecipação, por vendidos 256 mil dos 303 mil ingressos emitidos para o Mundial. O evento é transmitido para mais de 100 países, com um novo recorde de audiência, cerca de 700 milhões de telespectadores.

O esporte mais duro

Por sua natureza agressiva e violenta, o hóquei no gelo é considerado um dos esportes mais duros. A intensidade do jogo, o contato físico, os movimentos constantes e rápidos, os choques entre os jogadores e contra o muro que cerca a pista, assim como os sticks e o disco em plástico duro exigem muita resistência. E habitual que um jogador perca alguns dentes o tenha fraturas durante a carreira.

“Sobre as lesões eles falam sem preconceitos ou tabus. Os tacos altos e os ‘pucs’ (disco) podem provocar quebrar dentes e ossos do rosto. Porém o risco profissional é inerente a este esporte e temos que assumi-lo. Eu também já perdi metade de um dente, porém foi consertado e assim continuo”, explica à swissinfo o defesa Rafael Díaz.

Vitórias suíças

O jogador do EV Zug, 23 anos, já está há seis temporadas na Liga Nacional, a primeira divisão suíça. Filho de pai espanhol da Galícia e de mãe suíça, ele estreou na seleção principal em dezembro de 2007, com uma vitória no overtime contra a Alemanha.

Este ano ele participa do segundo mundial consecutivo. Diaz passou pelo calvário da fase de preparação do técnico da seleção Ralph Krueger e aguardava com ansiedade o começou do torneio.

As partidas de hóquei são disputadas em três tempos de 20 minutos. Cada equipe joga com um goleiro e cinco jogadores de campo: dois defesas, dois alas e um central. Rafael Diaz é defesa, posição que também ocupa em seu clube, em Zug, onde aprendeu a patinar com três anos de idade.

“Meus pais queriam que eu jogasse futebol porque consideravam o hóquei no gelo um esporte demasiado perigoso e caro. Cresci ao lado do estádio de Heri, em Zug, e sempre sonhava em poder praticar esse esporte.”

Depois de um começo de temporada difícil, Diaz se classificou com seu clube para a semifinal dos play-offs, eliminando com um gol decisivo o grande SC Berna. O HC Davos (Grisões, leste), clube com maior número de títulos suíços (29) ganhou o campeonato numa final disputadíssima contra o Kloten Flyers, de Zurique.

O hóquei no gelo é um dos esportes mais populares na Suíça. Com média de 16.464 espectadores por jogo, o SC Berna tem a maior torcida de todos os campeonatos europeus.

O campeão atual da Liga de Campeões de Hóquei (equivalente da Liga de Campeões de Futebol) é o ZSC Lions de Zurique, que ganhou de 5 a 0 do clube russo Metallurg Magnitogorsk, na partida final. Foi a primeira que um clube suíço ganhou esse troféu.

Nível internacional

A liga suíça é uma das mais competitivas e melhor dotadas da Europa. Porém o melhor hóquei do mundo continua sendo jogado na Liga Norte-Americana, a NHL. O ritmo e a intensidade são maiores. Nos Mundiais, organizados todo ano, as melhores seleções do mundo se enfrentam: Canadá, onde foi inventado esse esporte d inverno no século 19, Rússia – atual campeã do mundo – Suécia, Finlândia, República Checa, Eslováquia e Estados Unidos.

Com Mark Streit (defesa) e Martin Gerber (goleiro), a seleção suíça tem dois craques que jogam na NHL. Para o jovem Diaz, a NHL é um sonho como para qualquer jogador. “É um caminho duro”, confessa, “porém eu sempre dou tudo o que tenho e espero poder conseguir isso um dia.”

“O hóquei internacional se caracteriza por um contato físico muito mais intenso”, explica. “Inclusive na própria zona tem de buscar o contato com o adversário. Tem que se concentrar na marcação do atacante adverso e, ao mesmo tempo, jogar bem o disco para lançar um contra-ataque. Além disso, é preciso ser forte nos duelos, forçar o jogo simples e não arriscar passes complicados.”

Continuidade no banco de reservas

No último Mundial no Quebec (Canadá) em 2008, a Suíça se classificou para as quartas-de-final, que perdeu para a Rússia. Ficou em sétimo lugar. O técnico germano-canadense Ralph Krueger já está há 11 anos à frente da seleção. O rendimento da equipe é um dos mais constantes na era Krueger: nos últimos 11 anos, se classificou oito vezes para as quartas-de-final e uma vez para a semifinal.

No último jogo de preparação, a Suíça derrotou os Estados Unidos por 5 a 2. Os últimos resultados têm sido encorajadores.

Que chances a Suíça tem neste Mundial? “Creio que é importante não sofrer muita pressão. Na fase de classificação é importante ficar em primeiro ou segundo lugar do grupo e assim acumular pontos para a fase intermediária. Se passarmos das quartas-de-final poderemos ir longe, porém temos de ser prudentes e disputar cada partida como se fosse a última”, afirma Rafael Diaz.
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O toureiro

Seu apelido é Raffi, porém os companheiros de equipe o chamam de “toureiro” ou “o homem”, alusão a suas raízes espanholas.

O hóquei no gelo não tem a mesma importância na Espanha, onde a liga tem apenas oito clubes, todo no norte do país. O atual campeão nacional é o FC Barcelona. Em uma visita ao Camp Nou, Diaz viu a pequena pista de gelo do Barça. Pode ser que jogue uma temporada na Espanha, depois da carreira profissional.

“Gosto muito do hóquei no gelo porque é um esporte muito bonito e muito rápido. Patinar e marcar gols com o taco é uma das melhores sensações para mim. Gostaria que viessem mais espanhóis ver os jogos porque é um esporte interessante.”

Rafael Díaz é um esportista na alma e o demonstra com uma declaração de amor a seu esporte: “Eu vivo pelo hóquei. Me apaixona, até porque sou um lutador que jamais se dá por vencido, como um toureiro.”

swissinfo, Antonio Suárez Varela

Esta é a décima vez que a Suíça organiza o Mundial de Hóquei: 1928, 1935, 1939, 1948, 1953, 1961, 1971, 1990 y 1998.

O melhor resultado da seleção helvética foi na fase final do Mundial de 1998, disputado na Suíça: ficou em quarto lugar, atrás da República Checa.

Dos 25 jogadores selecionados pelo técnico Ralph Krueger, Mark Streit (New York Islanders) e Martin Gerber (Toronto Maple Leafs) jogam na elite mundial do hóquei, a National Hockey League (NHL) nos Estados Unidos.

Todos os outros profissionais jogam em clubes da Liga Nacional Suíça.

1. Canadá 3.410 pontos
2. Rússia 3.400
3. Suécia 3.400
4. Finlândia 3.385
5. República Checa 3.265
6. Estados Unidos 3.105
7. Suíça 3.020
8. Eslováquia 2.955
9. Bielorrússia 2.845
10. Alemamanha 2.740

1. Canadá 24 (ouro) /12 (prata) / 9 (bronze)
2. Rússia (URSS) 24/8/7
3. República Checa (CSSR) 11/13/9
4. Suécia 8/18/14
5. Estados Unidos 2/9/5
6. Finlândia 1/6/3
7. Grã-Bretanha 1/2/2
8. Eslováquia 1/1/1
9. Alemanha 0/2/2
10. Suíça 0/0/8

A: Canadá, Eslováquia, Bielorrussia, Hungría
B: Rússia, Suíça, Alemania, Francia
C: Suécia, EEUU, Letônia, Áustria
D: Finlândia, República Checa, Noruega, Dinamarca

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