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ONGs pedem perdão da dívida moçambicana a grandes bancos

Crianças em Dombe carregam livros danificados após a passagem do ciclone. Copyright 2019 The Associated Press. All Rights Reserved.

Após a passagem do Ciclone Idai e as cheias que se seguiram no centro do país, agências de ajuda humanitária exigem que o Credit Suisse, o segundo maior banco suíço, perdoe as dívidas de Moçambique. O que está por trás disso?

Este conteúdo foi publicado em 06. abril 2019 minutos
Charlotte Jacquemart, SRF

Moçambique deve um bilhão de dólares ao Credit Suisse (CS). Diversas organizações de ajuda humanitária como Helvetas, Keesa, Solidar Suisse e Terre des Hommes enviaram uma carta a Tidjane Thiam, reivindicando que o banco renunciasse ao reembolso. O diretor-presidente do UBS nasceu na Costa do Marfim e foi educado na França, onde também completou seus estudos.

Martin Fischler, consultor da Helvetas, explica as razões: "As dívidas são o resultado de empréstimos ilegais. Eles não foram aprovados pelo parlamento moçambicano e o Banco Nacional do país. Os empréstimos também não foram registrados no Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Corrupção

Uma parte dos empréstimos não foi investido - como prometido - no desenvolvimento de uma frota de pesca do atum, mas acabou desaparecendo em canais escusos. "É injusto que moçambicanos tenham de pagar pelos empréstimos", defende Fischler.

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Um bilhão de dólares é muito dinheiro em um país com uma renda anual per capita de 400 dólares. Moçambique ainda tem dívidas na ordem de 10 bilhões de dólares e suas infraestruturas foram quase completamente destruídas nas áreas afetadas pelo ciclone.

ONU concorda

As ONGs não estão sozinhas nas exigências. Na semana passada, a ONU se juntou aos clamores. "Os empréstimos secretos não devem ser reembolsados", disse o especialista da ONU, Juan Bohoslavsky.

Um porta-voz da Credit Suisse não tomou uma posição concreta sobre o pedido das ONGs. No entanto, ressaltou que o banco estava trabalhando com as autoridades responsáveis para reescalonar a dívida do país.

Porém elas não apenas exigem que o CS anule as dívidas de Moçambique. O banco deveria também reembolsar as comissões auferidas sobre o empréstimo de mil milhões de euros, que seriam da ordem de 100 milhões. O banco informa que foram apenas 23 milhões de dólares.

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