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Chips comunicadores invadem o espaço urbano

O desafio não está tecnologia dos chips comunicadores, mas na sua utilização. Keystone

Dispositivos eletrônicos inteligentes estão invadindo cada vez mais, e em silêncio, o cotidiano dos suíços. Seus defensores acreditam que os chips comunicadores facilitam a vida. Outros vêem na tecnologia um grande risco para a privacidade.

As tecnologias RFID e NFC permitem objetos trocar informações. O que parece ficção científica já está se tornando realidade no comércio e na indústria.

Os sistemas “inteligentes” estão tendo cada vez mais espaço na nossa vida. Os objetos irão se comunicar entre si e conosco graças a uma vasta rede sem-fio que irá englobar o computador, o telefone móvel e os eletrodomésticos. Um mundo feito de eletrônica dissimulada, mas onipresente.

Essa revolução é discreta e silenciosa. Nosso meio ambiente está repleto de objetos dotados da tecnologia RFID. Ela está na base de uma nova geração de códigos de barra que permite a identificação de um produto sem o contato direto.

Incorporado num artigo, uma etiqueta RFID (ou “RFID Tag”) compreende uma antena, um chip eletrônico e, para os tags ativos, uma bateria para emitir sinais à longa distância.

Essa etiqueta eletrônica é extremamente discreta graças a sua pouca espessura (a última geração é mais fina do que um fio de cabelo), ao seu tamanho reduzido (menos de um milímetro) e sua massa insignificante.

É possível ler e escrever sobre um chip, armazenando ao mesmo tempo informações nele. Essa propriedade de “rádio-identificação” permite traçar todos os deslocamentos de um artigo, a partir da linha de produção até o consumidor final. Uma grande vantagem: o custo do chip é mínimo, o que permite que ele seja jogado fora após o uso.

Aplicações múltiplas

As aplicações da tecnologia são as mais variadas. Um exemplo: dispositivos de chaves eletrônicas “sem fechadura” já equipam alguns modelos de veículos.

Na Suíça, todos os cães recém-nascidos devem estar aparelhados de um chip de identificação colocado, através de uma operação subcutânea, no pescoço. Cada vez mais bibliotecas também utilizam chips no seu acervo para limitar o roubo de livros e também administrar o empréstimo.

Na indústria alimentar, um chip RFID permite acompanhar todo o filão tradicional de distribuição de um produto. Seu rastreamento é total, do produtor ao consumidor. Esse é um instrumento essencial para controlar as crises sanitárias ligadas à cadeia de alimentação. Assim, uma ruptura no armazenamento em frio poderá ser imediatamente detectada.

Sob a pele….de humanos

O sonho é acabar com as filas nos caixas de supermercados. Um terminal lerá automaticamente todas as etiquetas RFID fixadas em cada um dos artigos colocados no carrinho de compras e dará a soma total das compras, incluindo a nota fiscal após o pagamento (debitado no cartão de crédito, por exemplo) em questão de segundos.

Etiquetas-rádio instaladas embaixo da pele poderão também ser utilizadas em seres humanos. Combinados com receptores sensíveis às funções principais do corpo (ritmo cardíaco, etc), esses sistemas servirão para controlar o estado de saúde de um paciente.

Celular como carteira de dinheiro

Outra tecnologia sem contato que está em pleno desenvolvimento e a NFC (Near Field Communication. Ela permite o intercâmbio de dados a uma distância de alguns centímetros entre um leitor e um telefone móvel, ou entre os termineis eles próprios.

Um celular pode, dessa forma, se conectar com um computador para transferir um arquivo. Um aparelho de fotos também poderia enviar as imagens arquivadas nela a um computador portátil. Um televisor poderia intercambiar dados com um smartphone.

Os setores de controle de acesso ou da bilheteria de um teatro podem funcionar com a nova tecnologia. Os pagamentos seriam feitos através do telefone portátil. Essa é uma solução já aplicada em diversos países asiáticos, onde o celular serve como carteira eletrônica.

Milhares de receptores

No Japão já estão em uso mais de 30 milhões de aparelhos equipados de um chip sem contato para a utilização em pagamentos. A ex-estatal de telecomunicações da Suíça, a Swisscom, testa atualmente a tecnologia NFC e diversas aplicações podem ser lançadas no país já em 2008.

Após os cartões bancários, os telefones móveis, os sistemas de navegação GPS por satélite, os sistemas de controle biométrico, os chips comunicantes estão adicionando uma camada suplementar de controle da nossa vida.

Os especialistas estimam que, até 2015, nós iremos coexistir com milhares de captores ligando o mundo físico ao numérico.

Cuidado com o “small brother”

Como é possível permitir a coabitação de “aparelhos inteligentes” e a sociedade sem o perigo de controle inescrupuloso? No dia em que todos os diversos sistemas estiverem totalmente conectados entre si, essa rede será completa e nada mais, ninguém, poderá escapar à vigilância completa. Os mínimos atos e gestos serão registrados. O escritor George Orwell terá então razão, mas não será o “big brother” que controlará todos nossos movimentos, mas muito mais um número incontável de “small brothers”.

Isso, pois os chips RFID têm o defeito de permitir uma leitura demasiadamente automática, sem o consentimento explícito do utilizador, incluindo também o risco de transmissão dos dados a leitores fraudulentos. A única solução é permitir que o usuário possa controlar o fluxo de informações e desconectar os chips no momento em que ele sente que sua esfera privada está em perigo.

Ainda será necessário descobrir se um produto tem um chip e como neutralizá-lo. Também seria importante que os políticos tenham mais interesse nos perigos potenciais dessas novas tecnologias. Muitas vezes, a lei está anos-luz atrasada em relação à realidade.

swissinfo, Luigino Canal

RFID:é um acrónimo do nome (Radio-Frequency IDentification) em inglês que, em português, significa Identificação por Rádio Frequência. Trata-se de um método de identificação automática através de sinais de rádio, recuperando e armazenando dados remotamente através de dispositivos chamados de tags RFID.

Uma tag RFID é um pequeno objeto, que pode ser colocado em uma pessoa, animal ou produto. Ele contém chips de silício e antenas que lhe permitem responder aos sinais de rádio enviados por uma base transmissora. (Fonte: Wikipédia)

NFC: a tecnologia “Near field communication” permite transferir dados através de uma distância de alguns centímetros, ao postar um aparelho próximo do outro, como um telefone móvel e uma estação interativa. Ela se situa a meio caminho entre as estações RFID e as redes sem-fio como a Bluetooth.

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