
Fusão na Rolex marca fim de uma exceção

Com a atualidade dominada pela macro-economia, a fusão das duas empresas que dividem a produção dos famosos relógios passou praticamente despercebida.
A fusão é destinada a um maior controle da produção mas o consumidor dos relógios de luxo não verá qualquer mudança.
Embora existam outras marcas tão ou mais prestigiosas, os Rolex são o arquétipo
dos relógios suíços de luxo nos cinco continentes.
O dispositivo industrial e comercial que se dissimula atrás da marca é muito menos conhecido. Não é um acaso porque, na Rolex, o silêncio sempre foi a regra.
Até aqui, não havia uma mas duas Rolex. Em Bienne, perto de Berna, está o produtor quase exclusivo dos movimentos da marca (o “motor” do relógio). Em Genebra, fica a fábrica de caixas (a “carrceria”), de pulseiras, a linha de montagem e a comercialização.
A fusão anunciada agora entre a Rolex SA (Genebra) e a Rolex Bienne Holding coloca um ponto final nessa divisão que existia desde a criação da marca, em 1920. O objetivo declarado é “reforça ainda mais a posição da Rolex no mercado mundial”.
Será uma fusão total
Inicialmente, a Rolex Genebra passa a ter uma participação minoritária na Rolex Bienne (controlada por duas famílias, Borer e Aegler). Em dois anos, todo o capital será comprado. As unidades industriais e os 4.700 empregos serão mantidos, garantem os dois parceiros.
Parceria é justamente o termo que explica como duas empresas distintas conseguiram durante décadas colocar suas competências particulares a serviço de de um produto comum.
Essa parceria foi iniciada em em 1901. A Empresa “Jean Aegler”, de Bienne, começou a colaborar com Hans Wilsdorf, que criou em Londres, quatro anos depois, a empresa Wilsdorf & Davis.
En 1908, o atacadista de relógios londrino lança a marca Rolex. Pouco tempo depois, a razão social é registrada por Aegler e Wilsdorf.
Em 1920, nasce a empresa Relógios Rolex SA, em Genebra. Seria dessa época o acordo tácito de divisão de tarefas entre as duas partes, cuja fusão foi anunciada agora.
Segundo observadores, foi essa divisão de direitos sobre a marca que provavelmente permitiu o desenvolvimento da Rolex.
Integração vertical
Mas a tendência atual é a concentração, a simplificação de estruturas e a integração vertical das empresas. Concentra-se assim os diferentes ofícios para fabricação do produto.
É por isso que nos últimos anos, as duas Rolex começar a comprar seus diferentes fornecedores (pulseiras, mostradores etc). Como observa François Matile, secretário geral da Convenção Patronal da Indústria Relojoeira Suíça (CP)a Rolex Genebra absorve agora seu principal fornecedor, que produz os movimentos.
Revolução interna que encerra uma curiosidade do mundo relojoeiro, com a fusão a Rolex passa a ser como as outras e na maior discreção.
“O que mais a gente pode esperar pela Rolex?”, questiona – admirativo – o conservador-adjunto do Museu Internacional da Relojoaria, Jean-Michel Piguet.
“Em todo caso, nada vai mudar para o cliente”, constata Piguet. “Talvez seja essa a razão da indiferença com o anúncio da fusão.”
swissinfo, Pierre-François Besson
Adaptação, Claudinê Gonçalves
1878: criação da empresa «Jean Aegler» (futura Rolex Bienne Holding)
1901: incício da colaboração com Hans Wiladorf
1905: criação da Wilsdorf & Davis em Londres
1908: lancemento da marca Rolex
1910: primeira certificação de um cronômetro de pulso
1920: criação dos Relógios Rolex SA em Genève
2004: anúncio da fusão entre Rolex SA et Rolex Bienne Holding
– Rolex não é cotada em Bolsa e não publica balanços. Seu faturamento é estimado entre 2,5 e 3 bilhões de francos suíços, com vendas da ordem de 750 mil relógios por ano.
– Com suas 17 marcas, o Grupo Swatch, líder mundial da relojoria, teve um faturamento de 2,9 bilhões de francos no ano passado.
– Rolex Genebra é controlada pela Fundação Wilsdorf, que faz doações e patrocina eventos para obras de caridade. Rolex Bienne ainda tem controle majoritário da família Borer.

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.