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Imprensa fala em país dividido

Os jornais retratam a divisão entre as regiões de língua alemã e francesa. swissinfo.ch

Os editorialistas suíços criticam os resultados das votações de domingo como uma país marcado pela hipocrisia, o medo e a divisão

A rejeição da naturalização facilita dos jovens estrangeiros oculta os outros assuntos e também foi noticiada em Portugal e no Brasil.

Nas colunas do jornal Público, de Portugal, o coordenador do Conselho das Comunidades Portuguesas na Suíça, Manuel Beja, disse estar “profundamente chocado” com a decisão da maioria dos suíços de rejeitar a naturalização facilitada para jovens estrangeiros.

Público e Diário de Notícias

A questão já foi votada três vezes e Beja acha que o resultado de domingo “foi ainda pior que o de dez anos atrás”. Ele afirma que a situação dos jovens portugues continuará na mesma “com dificuldades de acesso à formação e ao emprego por sempre haverá preferência para quem tem passaporte suíço”.

A votação sobre a nacionalidade também foi noticiada pelo Diário de Notícias com a manchete “Estrangeiros recebem ‘chumbo’ dos suíços”. O jornal relata que a campanha foi “marcada pela propaganda xenófoba da direita populista” que acabou mantendo uma das legislações mais restritivas da Europa em matéria de cidadania.

Folha de S. Paulo

No Brasil, o maior destaque foi na Folha de São Paulo, com a manchete “Suíça rejeita facilitar naturalização de estrangeiros”. Mas o jornal limitou-se a dar os resultados e explicar o sistema de dupla maioria, necessária nos referendos populares, sem fazer comentários.

Na Suíça, os chargistas foram promovidos à primeira página de vários jornais. Na Tribuna de Genebra, um senhor suíço-alemão diz para e esposa “que tem inveja dos estrangeiros da Suíça-francesa porque os estrangeiros deles parecem muito mais simpáticos que os nossos”

No cantões de língua francesa, o voto foi favorável aos estrangeiros.

Justamente na parte francesa, os editorialistas falam “terrível afronta”, “vergonha”, “hipocrisia”, “cinismo”, “medo” etc.

Sem orgulho do país

«No cinismo só pode suscitar o deles (dos estrangeiros) no dia em que não precisarem mais de nós”, escreve o 24 Horas, de Lausanne. “Vai ser preciso consertar o erro, antes que seja tarde demais”, conclui o editorial.

“Tenho vergonha de ser suíço”, afirma o editorialista do Jornal do Jura.

“Tenho vergonha de ser suíço”, escreve o ediorialista do Jornal do Jura. “Há domingos em que gente não tem orgulho de ser deste país”, afirma o editorial do Le Matin, de Lausanne.

O jornal afirma ainda que “a Suíça deu uma imagem ruim dela mesmo, de um país medroso e voltado para si próprio”.

“La Suíça-alemã domina a Suíça-francesa”, constata o diário em alemão Aargauer Zeitung.

Os métodos da UDC

Mas a divisão entre as duas regiões lingüísticas majoritárias é relativizada pelo Le Temps, de Genebra, considerada “espetacular mas na tradição desse tipo de votação”.

Segundo o jornal, “a principal lição desse voto é sobre o papel e os métodos da UDC – União Democrática do Centro” – maior partido do país (direita populista) e que fez campanha contra a naturalização.

A maioria dos comentaristas fala de campanha “raivosa” “xenófoba” e lamenta que os outros partidos reagiram tarde demais ou nem reagiram.

Política do passo a passo

Resta que nada é certo, além dos bloqueios de uma Suíça envolta em medo e populismo. Como sair dessa situação? “Pela política do passo a passo, outra especialidade suíça, afirma a Tribuna de Genebra.

Na Suíça-alemã, a imprensa também dá mais destaque para a rejeição dos dois projetos sobre a nacionalidade. O Berner Zeitung, da capital, fala da “vitória dos demagogos” e o Blick, de Zurique, fala em “escrutínio com medo na barriga”.

O Der Bund, de Berna, afirma que “os eleitores não votaram sobre as iniciativas concretas mas sobre o problema geral do asilo e dos estrangeiros”.

Para a Neuer Zürcher Zeitung, de Zurique, “o resultado do final de semana não foi uma manifestação de hostilidade aos estrangeiros, que continuarão a ser naturalizados aos milhares todo ano”.

swissinfo

Lembrete dos resultados:

Naturalização facilitada para estrangeiros de segunda geração: 56,7% de “não”.
Nacionalidade automáticas para estrangeiros de terceira geração: 51,6% de “não”.
Seguro-maternidade: 55,4% de “sim”.
Correio para todos: 55,2% de “não”
Participação: 52,9%

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