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Mil hotéis deverão fechar na Suíça

Mesmo o hotel Gutsch, em Lucerna, passa por dificuldades financeiras. Keystone

O setor holeiro suíço está com dificuldades. Milhares de hotéis já fecharam e outros deverão fechar dentro de pouco tempo.

Para reativar o turismo é necessário modernizar a oferta e criar uma melhor sinergia entre os diferentes profissionais do ramo.

O turismo é o terceiro produto de exportação da Suíça – depois da indústria química e da indústia de máquinas – e emprega 8% da população ativa.

Em 2004, os turistas estrangeiros gastaram quase 13 bilhões de francos suíços no país, com saldo positivo de quase 2 bilhões em relação ao que os turistas suíços gastaram no exterior.

Modernização necessária

Mesmo assim, o setor enfrenta sérias dificuldades na Suíça, com muitas estruturas obsoletas e inadaptadas à demanda atual que, globalmente, ainda tende a crescer.

Jürg Schimid, diretor de “Suíça Turismo”, agência de promoção do turismo helvético, prevê o fechamento de 300 a 350 das 450 centrais atuais de informações turísticas no país.

Milhares de hotéis fecharam as portas na última década e o mesmo deve ocorrer bremente com outros mil estabelecimentos. Os mais ameaçados são os pequenos hotéis. Mais de 60% têm menos de 20 quartos; desses, 40% têm menos de 20 camas, segundo dados da “Suíça Turismo”.

“Em toda a Suíça, o setor do turismo viveu de sua reputação durante 40 anos, quando é necessário readaptar a infraestrutura a cada 15 ou 20 anos”, afirmou Jürg Schmid à Tribuna de Genebra. As pequenas empresas do setor, geralmente de exploração familiar, têm mais dificuldade em fazê-lo.

Maior concorrência e especulação

Enquanto o número de diárias em hotéis suíços diminuiu nos últimos quinze anos (-14%), os países vizinhos modernizaram suas instalações e oferecem preços mais atrativos do que a Suíça. A Áustria é sempre citada em exemplo, com custos de pessoal 30% inferiores.

Uma das dificuldades para a modernização do parque hoteleiro é a reticência dos bancos em disponibilizar créditos, uma vez que consideram o setor turístico pouco rentável.

Por isso, muitos pequenos proprietários preferem transformar seus hotéis em apartamentos de aluguel para férias, tendência em expansão.

A atividade é rentável mas pode comprometer a oferta turística, já que esses apartamentos são alugados apenas alguns meses por ano, principalmente no inverno: 65% do faturamento do turismo ocorre nas imediações das estações de esqui e 35% nas cidades.

Quem vai sobreviver?

Estrutura moderna, novas atividades, cozinha variada, horários flexíveis são as novas exigências para a rentabilidade.

Dentro de dez anos, por exemplo, o número de turistas chineses será similar ao de japoneses. “Os turistas chineses serão abastados e muito exigentes mas poucos hoteleiros são capazes de satisfazer essas exigências atualmente”, afirma Véronique Kanel, porta-voz da “Suíça Turismo”. Pesquisa divulgada em 2004, revelou que os chineses querem conhecer França, Itália e Suíça.

Outra sugestão é que o comércio permaneça aberto nos finais de semana nas cidades maiores, pelos menos nos meses de maior afluência de turistas, o que não é o caso atualmente. As compras são uma das principais atividades dos turistas.

Outra tendência, segundo especialistas, é a demanda crescente do que chamam serviços de “forma e bem-estar” nos hotéis: hidroterapeia, estética, massagens, alimentação saudável etc. Essas atividades requerem investimentos altos e, atualmente, somente 60 dos 5.600 hotéis suíços oferecem tais serviços.

Prevê-se que só serão rentáveis os hotéis de no mínimo capacidade média, com oferta variada e adaptada à clientela e às estações do ano e com custo de pessoal reduzido para ter preços competitivos.

Reflexo do federalismo

Mas a falta de colaboração entre as centrais de turismo do país contribui para agravar a crise atual, a organização do setor resulta do sistema federalista suíço.

Cada cantão, cada região, cada comuna desenvolveu sua própria estratégia de marketing. “Para que serve imprimir 600 brochuras diferentes a cada inverno?” questiona o diretor de “Suíça Turismo”, Jürg Schmid. Ele defende, portanto, uma maior sinergia para tornar a oferta mais coerente e reduzir custos.

Em sua opinião, essa colaboração não deveria limitar-se às centrais de turismo mas extender-se aos hotéis e restaurantes para não gastar energia inutilmente.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

5600 hotéis atualmente na Suíça.
264 mil leitos.
Mil hotéis fecharam na última década.
Outros mil deverão fechar nos próximos anos.
390% de taxa média de ocupação, considerada muito baixa.

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