Políticos pedem a proibição das bebidas “energéticas”
Por temer escolares descontrolados e tumulto nas salas de aula, algumas escolas na Suíça restringiram ou aboliram completamente as chamadas bebidas "energéticas.
Agora Toni Bortoluzzi, membro do comitê de Segurança Social e Saúde no Parlamento helvético, pede às autoridades a proibição dos líquidos.
“Bebidas estimulantes devem ser banidas em todas as escolas, mesmos as profissionalizantes”, declarou o deputado ao jornal Sonntag. “Não devem mais haver crianças hiperventiladas nas salas de aula”.
O parlamentar da União Democrática do Centro (partido da direita nacionalista) comparou as bebidas energéticas com substâncias próximas às drogas.
“Fumar maconha também não é tolerado”, argumenta, ressaltando, porém, que não pretende levar a questão ao Parlamento. Ao contrário, o deputado federal exorta as autoridades escolares, municipalidades e cantões a intervir.
Bortoluzzi recebeu apoio da Federação Suíça de Químicos Cantonais, um órgão responsável pela segurança alimentar.
“Elas vão na direção do doping”, afirma em relação às bebidas o presidente do grupo, Peter Grütter. Estas podem ter na sua composição cafeína, ginseng, nogueira-do-Japão e açúcar.
Acesso fácil
A Associação Suíça de Professores já pensa que a proibição formal de um produto legal possa dar mais trabalho para seus membros.
“É triste que as escolas tenham que se preocupar com isso também”, afirma Marie-Hélène Stäger, vice-presidente da organização.
Os preços para latas de 250 ml. podem variar de 90 centavos até 1,95 francos suíços nos supermercados e são significativamente mais altos nos quiosques. Os rótulos advertem que a bebida não convém a crianças, mulheres grávidas e pessoas que tem problemas com cafeína, porém não existem regras sobre a sua venda para crianças.
Apesar disso, algumas autoridades decidiram introduzir suas próprias regras. A escola primária de Rümlang, comuna próxima à Zurique, informou na primavera passada que o consumo da bebida não seria mais tolerado.
“Já tivemos muitos casos de crianças inquietas, que não eram nem capazes de ficar sentadas nas suas salas de aula”, explica Roland Niesper, enfermeiro da escola.
“Não queremos ver Red Bull no pátio de jogos”, acrescenta. Porém os alunos de mais idade continuam tendo permissão para o consumo, enquanto as autoridades lançaram uma campanha interna para encorajar a alimentação saudável.
Cafeína
Uma lata de Red Bull, umas das marcas mais conhecidas de bebidas energéticas na Europa, contém a mesma quantidade de cafeína de uma taça de café e os consumidores mais jovens têm problemas de autocontrole, explica o diretor da escola de Gerzensee, comuna no cantão de Berna.
“Alguns escolares vêm à escola com pacotes de dez latas de Red Bull e bebem duas ou três logo que chegam”, conta. Bebidas energéticas foram banidas nas escolas da comuna e também na cidade de Neuendorf, ao sul da Basiléia.
Migros, a maior rede de supermercados da Suíça, considera os debates sobre proibição algo curioso.
“Não é o nosso trabalho controlar as pessoas”, avalia Peter Naef, porta-voz da empresa. “Bebidas energéticas são legais e, por isso, vamos continuar vendendo”.
Em 2004, o Tribunal de Justiça da União Européia defendeu a proibição francesa do Red Bull. A Dinamarca e a Noruega também baniram a bebida e a Grã-Bretanha pedem às mulheres grávidas de evitar seu consumo.
O fabricante austríaco vende mais de três milhões de latas por ano. Nos quiosques suíços o Red Bull é vendido ao lado de outras marcas no estilo “X-Fresh” e “Body Style” e nos supermercados ao lado de produtos mais baratos.
Fabio Svaizer, porta-voz da Red Bull, conta à swissinfo que uma lata de 250 ml. do produto contém a mesma quantidade de cafeína do que uma garrafa de meio litro de Coca-Cola.
“As pessoas deveriam tratar todos os produtos contendo cafeína da mesma maneira. Faz mais sentido de utilizar de forma moderada essas bebidas do que banir uma categoria completa de produtos como as bebidas energéticas”, afirma.
swissinfo, Justin Häne
(por 100 ml)
Marca própria da Coop
30 mg cafeína
50 calorias
Preço: 0.36 francos
Marca própria da Migros
32 mg cafeína
45 calorias
Preço: 0.36 francos
Plan B
32 mg cafeína
45 calorias
Preço: 0.50 francos
Red Bull
32 mg cafeína
45 calorias
Preço: 0.78 francos
Red Bull sem açúcar
32 mg cafeína
3 calorias
Preço: 0.78 francos
Como resposta ao crescimento explosivo de bebidas energéticas, uma empresa americana criou o drank, uma bebida “anti-energética” com sabor de uva.
Contendo uma combinação de raiz valeriana, cinorródio e melatonina, a companhia promete que o produto é capaz de “diminuir seu ritmo” depois de um dia caótico.
Ela adverte também que a bebida pode ser “extremamente relaxante e calmante” e “levar alguém a encostar-se”.
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