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Suíça não dá novas garantias estatais a poupadores

Governo suíço está preparado para todas as eventualidades, garante a ministra interina das Finanças, Eveline Widmer-Schlumpf. Keystone

O Conselho Federal (Executivo suíço) não considera necessário, por enquanto, conceder uma garantia estatal para todos os tipos de poupança, segundo o modelo adotado por outros países europeus.

Depois de mais uma “segunda-feira negra” no mercado financeiro internacional, a ministra interina das Finanças, Eveline Widmer-Schlumpf, no entanto, mostra-se preocupada e garante que o governo está preparado para qualquer eventualidade.

Em entrevista ao jornal Tagesschau, da Televisão Suíça, na segunda-feira à noite, a ministra disse que “o Conselho Federal naturalmente está preocupado com a crise, que agora também atingiu a Europa”.

Ela acrescentou que o governo está preparado para intervir, se necessário, para garantir a estabilidade do sistema financeiro suíço e, com isso, também as aplicações bancárias. “É muito importante que os bancos tenham recursos e liquidez suficientes. Além disso, eles precisam livrar seus balanços dos investimentos problemáticos”, disse Widmer-Schlumpf.

Desenhando diferentes cenários



Uma nota publicada simultaneamente pelo Ministério das Finanças afirma: “O Conselho Federal fará tudo para que, caso necessário, a estabilidade do sistema financeiro e as aplicações dos clientes sejam asseguradas através de medidas preventivas”.

O governo suíço estaria preparando possíveis medidas para que estas tenham efeito em tempo útil. O Conselho Federal vai anunciar essas medidas quando as respectivas decisões tiverem sido tomadas, disse a ministra das Finanças.

Berna mantém sua posição de que a boa capitalização dos bancos suíços é a melhor garantia para as aplicações. Widmer-Schlumpf, no entanto, deixou claro que o governo está preparado para reagir rapidamente aos diferentes cenários.

Isso seria feito com base nas análises e experiências da Comissão Federal de Bancos e do Banco Central Suíço. A ministra não quis revelar quais seriam essas medidas para não causar ainda mais insegurança no mercado, que na segunda-feira viveu um dia de pânico.

Poupança garantida



Widmer-Schlumpf deu a entender que o teto da garantia estatal dada aos poupadores, que hoje é de 30 mil francos por pessoa, precisa ser elevado em médio prazo. “Esse limite não é o melhor”, disse. A Associação Suíça de Bancos informou que está analisando o assunto.

Diante dos 303 bilhões de francos aplicado pelos poupadores residentes na Suíça, os 30 mil garantidos (até um total de 4 bilhões de francos) são considerados “uma proteção miserável”. Apenas um terço dos clientes desfrutaria da garantia estatal em caso de catástrofe: os clientes da maioria dos bancos estaduais e do Post-Finance (banco dos correios).

Cada vez mais países europeus oferecem uma garantia estatal total às cadernetas de poupança. O governo alemão, por exemplo, anunciou uma medida nesse sentido na segunda-feira. Em cerca de 100 países dos cinco continentes vigoram sistemas de garantia para aplicações entre 25 mil e 50 mil dólares.

Críticos afirmam que, quanto mais elevada for a garantia concedida pelo Estado, menor será a responsabilidade pelo risco assumida pelos bancos e seus clientes. Por outro lado, se a quantia assegurada for baixa demais, seria mais difícil restabelecer a confiança perdida pelas instituições financeiras em situações de crise.

Estatização dos bancos



Em entrevista ao jornal suíço Le Temps, o Prêmio Nobel de Economia de 2001, o norte-americano Joseph Stiglitz, defendeu um plano de estatização temporária dos bancos na Europa. “A Europa aceita melhor essa idéia do que os EUA, que têm um problema ideológico com a questão da nacionalização, e eles vão pagar caro por isso.”

Segundo Stiglitz, “nós precisamos criar uma nova e verdadeira instituição multilateral de controle do sistema financeiro. (…) Deveria ser instituído um fundo de garantia dos depósitos em todo o mundo. Os críticos dessa idéia defendem que cada um é responsável por seus depósitos. Mas isso não é verdade porque hoje é impossível garantir a solidez de um banco. Além disso, é preciso lançar um grande plano de incentivo à economia, que está estagnando, o que também irá repercutir nos bancos.”

swissinfo, Geraldo Hoffmann (com agências)

Para evitar um saque em massa das cadernetas de poupança por causa da crise financeira, muitos governos oferecem garantias estatais aos pequenos poupadores.

Os ministros das Finanças da União Européia decidiram nesta terça-feira elevar a proteção para a poupança privada a 50 mil euros. Alguns países pretendem ir mais longe e dar garantias para depósitos até 100 mil euros.

Veja o valor das aplicações de poupança garantidas em alguns países (em francos suíços):

Alemanha: todas
Áustria: todas
Dinamarca: todas
Grécia: todas
Irlanda: todas
Noruega: 376.000
EUA: 283.000
Itália: 161.100
França: 109.200
Japão: 108.000
Canadá: 104.500
Inglaterra: 100.000
Suécia: 80.000
Portugal: 52.700
Finlândia: 39.000
Bélgica: 31.200
Espanha: 31.200
Luxemburgo: 31.200
Holanda: 31.200
Suíça: 30.000

Fonte: Dados compilados pelo jornal suíço Blick.ch

As quedas recordes nas bolsas de valores, na segunda-feira (06/09), lembraram situações de crash anteriores.

Veja as perdas nas principais bolsas: Nova York (-3,58%), Tóquio (-4,25%), Zurique (-6,12%), Frankfurt (-7,07%), Londres (-7,85%), Paris (-9,04%), Moscou (-19,1%)

O Swiss-Market-Index (SMI) teve ontem sua maior perda desde 11 de setembro de 2001 (-6,12%). O índice europeu Stoxx-600-Index registrou sua maior desde o crash de 1987.

O Dow Jones (EUA) despencou, pela primeira vez nos últimos quatro anos, abaixo da marca mágica dos 10.000 pontos (-3,58%).

O nervosismo nos pregões continua na manhã desta terça-feira. Segundo analistas, ainda é imprevisível quando a confiança no mercado financeiro será restabelecida.

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