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“Teremos de conviver com o petróleo mais caro”

Segundo Conrad Gerber o Estado não tira proveito da alta do petróleo. (Photo: Eric Aldag) Eric Aldag

O preço do petróleo disparou na Suíça, depois do furacão Katrina. Segundo o especialista suíço, Conrad Gerber, o preço do barril não vai mais cair.

Fundador da agência Petro-Logistics, em Genebra, ele é considerado pela imprensa anglo-saxônia como um dos melhores especialistas do mundo em petróleo.

Seus clientes – companhias de petróleo e especuladores – pagam até 5 mil dólares por mês para receber informações confidenciais.

Filhos de emigrantes suíços que se estabeleceram no Zimbabwe, quando o país ainda se chamava Rodésia, Conrad Gerber, 63 anos, ajudou esse país a contornar o embargo internacional.

Desde que voltou para a Suíça e estabeleceu-se em Genebra, ele passou a utilizar os conhecimentos adquiridos na África para explorar o ouro negro de modo secreto e perigoso. Gerber preside, desde 2003, o Conselho de Fundação do Centro de Pesquisas em Empresas e Sociedades (CRES), baseado em Genebra e ativo no continente africano e na Rússia.

swissinfo: Que serviços propõe sua empresa Petro-Logistics, instalada em Genebra há mais de 20 anos?

Conrad Gerber: O mercado do petróleo é extremamente opaco, todo mundo mente. Graças a uma rede de informantes nos portos e refinarias, minha agência de informações Petro-Logistics é capaz de contabilizar todas as cargas de petróleo que circulam pelo planeta.

Os iranianos, por exemplo, afirmam que produzem 4,2 milhões de barris por dia. É falso, produzem entre 3,8 e 3,9 milhões.

swissinfo: Parece que Genebra é uma das capitais mundiais do petróleo?

C.G. : A banca e o financiamento do comércio de matérias primas (petróleo, cereais, açucar, cacao, algodão) são especialidades suíças. Acrescente-se as empresas de inspeção, as seguradoras, os fretes marítimos e os escritórios de advocacia especializados.

Durante muito tempo, os “negócios” foram contidos em Genebra porque era difícil obter autorizações de trabalho para os especialistas estrangeiros. Agora não é mais o caso. Muitos anglo-sexões se instalam por aqui. Hoje, uma parte do comércio de petróleo é negociada na Suíça.

swissinfo: Qem ganha na Suíça com alta constante do preço do barril ?

C.G. : Os países produtores e as companhias de petróleo que extraem e refinam ganham muito dinheiro.

Mas, ao contrário do que pensam muitos consumidores, não é o Estado que mais tira proveito. A taxa cobrada pelo governo suíço é fixa, qualquer que seja o preço da gasolina. Por outro lado, o Estado ganha com a TVA (imposto sobre o consumo) que incide sobre o preço do litro importado. Os posto não ganham muito e, por isso, são obrigados a vender cigarros, jornais e chocolate.

swissinfo: Os países produtores não têm interesse em aumentar a produção?

C.G. : Eles gostariam mas não podem. A indústira petroleira evolui sem parar exige investimentos vultosos. Não é fácil bombear petróleo 3 mil metros abaixo do nível do mar!

Além disso, países como Rússia, Irã, Venezuela, Nigéria utilizam equipamentos obsoletos e não são capazes de aumentar a produção. E olha que não estão falando da catástrofe iraquiana … Não existe milagre: teremos de conviver com um petróleo cada vez mais caro.

swissinfo: Por que a demanda não pára de crescer?

C.G. : Nós criamos uma civilização fundada sobre o petróleo. Atualmente, a economia mundial não está mal, particularmente os Estados Unidos e os países asiáticos, a China e a Índia, todos grandes consumidores de petróleo.

O furacão Katrina, que danificou as plataformas da costa sul dos Estados Unidos, agravou a situação.

swissinfo: A Arábia Saudita pode produzir mais?

C.G. : Pode, mas o petróleo deles é pesado e sulfuroso, portanto dificilmente utilizável. De um petroleo bruto leve, pode-se tirar 45% de gasolina; de um bruto pesado, apenas 28 a 30%. Ora, todas as refinarias do mundo estão trabalhando com capacidade máxima.

Entrevista swissinfo: Ian Hamel

Setembro 1980: criação de Petro-Logistics SA, em Genebra.
Junho de 2003: revelações de Conrad Gerber sobre a redução da produção da Arábia Saudita; os preços sobem.
12 de agosto de 2003: o New York Times dedica um longo artigo elogioso a Conrad Gerber.
Setembro 2003: torna-se presidente do conselho de fundação do Centro de Pesquisas em Empresas e Sociedades (CRES), em Genebra.

Reservas de petróleo:
– 62% no Oriente Médio
– 12% na europa e na Rússia
– 9% na África
– 8% na América do Sul
– 5% na América do Norte
– 4% na Ásia-Pacífico

Grandes bancos especializados em “trading”:
– Crédito Suíço
– BNP Paribas

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