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Todo dia é pôr-do-sol

Uwe, sua esposa e os funcionários do Water Front posam para o fotógrafo. swissinfo.ch

No beira-mar da capital moçambicana, o restaurante de um suíço faz sucesso com seus pratos típicos e boa programação musical.

O empresário Uwe Scheffer e sua mulher francesa mostram que o “Maputo Water Front” não é apenas um projeto de vida, mas também prova de que vale a pena investir em Moçambique.

A vida noturna em Maputo é como nas grandes metrópoles do mundo: ela começa a partir das onze da noite. Até então poucos casais ocupam as mesas do restaurante localizado entre a Avenida 10 de Novembro e a Praça Robert Mugabe, no final de uma tarde de sexta-feira.

Esse é o melhor momento para admirar o pôr-do-sol. Das mesas coladas às janelas se avista o estuário de Moçambique e nele, pequenos barcos pesqueiros.

Uma das especialidades da casa que, segundo o cardápio, está no topo 75 dos restaurantes do novo mundo segundo a revista Conde Nash, é a “galinha à zambéziana”. Ela é marinada em leite de coco, temperada com alho e limão, grelhada e servida com batatas fritas.

– Meu pai era cozinheiro e eu acabei pegando gosto pelo trabalho com as panelas – conta Uwe Scheffer, sócio-gerente do Water Front.

Imigração

Nascido em Dietikon, cantão de Zurique, em 1957, Scheffer concluiu uma formação profissional como cozinheiro. Seu primeiro emprego foi na Universidade de Zurique. Depois ele trabalhou em diversos hotéis na Suíça e na França até ir para a Escola de Hotelaria de Lucerna, onde concluiu o curso em 1982.

No mesmo ano, o suíço decidiu tentar sua sorte além das fronteiras helvéticas indo para Johannesburgo, na África do Sul. “Fui trabalhar nos hotéis da cadeia Holliday in”, conta Scheffer.

A vida de imigrante, planejada para durar apenas dois ou três anos, acabou se tornando um projeto de vida. O suíço nunca mais abandonou o continente negro.

– A vida na África é agradável e oferece muitas vantagens para quem quer se estabelecer. A primeira delas é o espaço. Na Suíça as pessoas vivem em apartamentos alugados. Quando elas abrem suas janelas, dão de cara com outros prédios. Aqui eu tenho o horizonte e a natureza – justifica o empresário.

Porém não é apenas o custo de vida mais reduzido nos países africanos que terminou seduzindo Scheffer.

– O aspecto humano nos países africanos ainda é muito importante do que na Suíça, onde as máquinas estão a substituir as pessoas – completa o suíço, que também fala português com sotaque moçambicano.

Moçambique

Em 1997, ele recebeu uma oferta de trabalho em Moçambique. Depois de três anos no Hotel Pestan, o suíço decidiu abrir sua própria empresa de consultoria no setor hoteleiro. Afinal, desde que Moçambique foi pacificado em 1992, depois de anos de guerra civil, o país vive um crescimento econômico considerado recorde na África. Com suas famosas praias, o turismo é um dos setores vitais para a economia.

– Aqui existe uma necessidade grande de informações. Eu ajudo empresários hoteleiros nas áreas da contratação, formação de pessoal, eventos e serviços em gerais.

O “Maputo Water Front” é um investimento que veio do acaso. “Ele foi a oferta de um empresário que eu atendi, dando consultoria, e que aceitei, pois sentia que fazia falta um local em Maputo onde as pessoas de classe média pudessem ir para escutar boa música e comer pratos típicos moçambicanos”, explica.

Com 60 funcionários, o restaurante também tem piscina, quadra de tênis e um palco, onde grupos como “Bossa Nova Trio” apresentam shows no “sábado brasileiro”. Segundo a gerência, todos os músicos são moçambicanos, mas apaixonados pelos ritmos do maior país da América do Sul. Nos outros dias, os concertos são de grupos de vários países africanos, alguns deles especializados no jazz. “Tratam-se de excelentes músicos, pois não podemos esquecer que o jazz tem suas origens na África”, justifica.

Futuro

Casado com Maggy Francillette, uma ex-diplomata francesa que também dirige o restaurante, ele acabou criando uma grande rede social em Maputo. Presidente da associação de suíços em Moçambique, Uwe Scheffer organiza os eventos que reúnem alguns dos 150 patrícios que vivem no país. Um dos mais importantes é o campeonato de “jass”, o jogo de cartas tradicional na Suíça.

Sobre o futuro, o suíço não tem muito a dizer. Se por um lado ele reclama de alguns problemas econômicos, como a intenção do governo de não mais permitir o empréstimo em dólares, por outro ele aponta com o dedo na direção do mar. “Onde que você tem uma vista dessa na Suíça?”, pergunta e depois beberica seu coquetel.

swissinfo, Alexander Thoele

O restaurante “Maputo Water Front” está na Av. 10 de Novembro, Maputo. Tel: ++258 – 1 – 301 408.

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