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UBS pede desculpas em Washington

Mark Branson, quadro do UBS, diante dos senadores: "eu juro". Keystone

O Senado dos Estados Unidos assistiu quinta-feira ao pedido de desculpas do maior banco suíço. O UBS e banco LTD, do Liecthtenstein, são acusados e favorecer a fraude fiscal de clientes estadunidenses.

“Em nome do UBS, me desculpo e me comprometo frente a vocês a tomar as medidas necessárias para isso não ocorra mais”, declarou Mark Branson, executivo do banco.

A declaração de Mark Branson, chefe de finanças do deparpamento gestão de fortunas foi feita a uma subcomissão do Senado dos Estados Unidos, que investiga milhares de casos de evasão fiscal.

O executivo do UBS admitiu que as práticas denunciadas eram inadmissíveis. “Nossa enquete interna demonstrou comportamentos inaceitáveis. Nossos controles e nossa supervisão eram inadequados”, admitiu.

Por conseguinte, o banco promete se retirar desse tipo de negócio e colaborar com as autoridades para identificar os faltosos. O banco também tomará medidas disciplinares internas.

Somas consideráveis

Concretamente, Mark Branson reconheceu que o UBS criou contas em paraísos fiscais (offshore) para seus clientes, o que lhes permitia não declarar somas consideráveis ao fisco. Esta prática viola os acordos de Qualified Intermediary (QI) assinados com os Estados Unidos, estipulando que o banco deve verificar que seus clientes estadunidenses têm relações corretas com o fisco do país.

Um segundo executivo do UBS compareceu diante da subcomissão do Senado. Trata-se de Martin Liechti, responsável da gestão de fortuna para os Estados Unidos. No entanto, ele se recusou a responder às perguntas dos senadores, alegando o direito a silenciar garantido pelo quinto artigo da Constituição norte-americana.

Martin Liechti encontra-se “detido” com um bracelete eletrônico há dois meses em Miami como testemunha no processo desencadeado pelas denúncias de Bradley Birkenfeld, ex-gerente de fortunas do UBS, que está sendo julgado por ajuda à evasão fiscal.

LGT clama inocência

Na mira da subcomissão do Senado dos EUA encontra-se também o banco LGT, controlado pela família principesca de Liechtenstein. Nesta quinta-feira, os senadores assistiram a um vídeo com o testemunho de Heinrich Kieber, ex-funcionário do LGT que roubou dados sobre clientes do banco e os vendeu às autoridades alemãs.

Kieber entregou ao Senato 12 mil páginas de documentos e se beneficia de um programa de proteção de testemunhas. O Principado de Liechtenstein emitiu um mandado internacional de prisão contra ele.

O LGT refuta as acusações de ajuda à evasão fiscal. O banco afirma que os dados confidenciais roubados por Heinrich Kieber em 2002 são obsoletos e relativos a uma época em que as regras de diligência eram diferentes.

O LGT informou que, no dia 11 de julho, enviou um emissário para aos EUA para responder às perguntas da subcomissão, à qual entregou documentos, e que renunciou a enviar um representante à audiência de quinta-feira.

Guerra econômica

Segundo um relatório do Senado publicado por ocasião da audiência, a evasão fiscal custa mais de 100 bilhões de dólares por ano aos Estados Unidos.

No mesmo documento, o senador democrata Carl Levin, presidente da subcomissão de inquérito, critica os paraísos fiscais “que vivem às custas dos honestos contribuintes estadunidenses”. Ele considera que se trata de uma “guerra econômica” contra os Estados Unidos.

O relatório preconiza um reforço dos acordos de QI, melhores controles e sanções mais duras. Os Estados Unidos solicitaram oficialmente uma colaboração administrativa internacional. O pedido chegou quinta-feira à administração federal suíça das contribuições, órgão do Ministério das Finanças, em Berna.

swissinfo com agências

Para a subcomissão do Senado estadunidense, a Suíça e Liechtenstein fazem parte dos “paraísos fiscais” que podem facilitar a evasão fiscal”.

O fisco e o ministério público dos Estados Unidos acusam o banco suíço UBS e o LGT (de Liechtenstein) de ajudar ricos clientes domiciliados nos Estados Unidos a desviar seus bens para não pagar impostos.

O UBS garante que colabora com as investigações das autoridades estadunidenses, respeitando o sigilo bancário vigente na Suíça.

Paralelamente às audiências da subcomissão do Senado, Bradley Birkenfeld, ex-funcionário do UBS na gestão de fortunas, reponde a um processo na Flórida em que é acusado de ter ajudado clientes estadunidenses a pagar menos impostos.

Depois de ter clamado por sua inocência, ele decidiu reconhecer o crime e fornecer detalhes da forma como trabalhava. Ele declarou ao tribunal que o UBS o “incitava” a ajudar clientes a fraudar o fisco.

Um relatório do Senado afirma que a fraude fiscal nos Estados Unidos é de 100 bilhões de dólares por ano.

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