Venezuela nacionaliza filial da suíça Holcim
O governo do presidente Hugo Chávez estatizou a filial local da companhia suíça Holcim, como havia prometido em abril. A nacionalização do setor cimenteiro também afeta a francesa Lafarge e a mexicana Cemex.
Depois da nacionalização dos setores considerados estratégicos como as telecomunicações, a eletricidade e o petróleo, a Venezuela passa também a controlar a indústria do cimento.
No processo de nacionalização das filiais internacionais das fábricas de cimento na Venezuela, a suíça Holcim fechou um acordo com o governo do presidente Hugo Chávez para vender ao Estado venezuelano 85% das ações de sua filial.
Segundo esse acordo, o grupo suíço mantém 15% das ações, conforme afirmou o vice-presidente e ministro da Energia da Venezuela Ramón Carrizales.
Inicialmente, a Venezuela pagará 375,9 milhões de euros, mas a Holcim comunicou que o montante definitivo da transação será fixado posteriormente.
O faturamento da Holcim na Venezuela corresponde a apenas 1% do volume anual de negócios da multinacional suíça.
O presidente Hugo Chávez havia anunciado em abril que seu governo nacionalizaria pelo menos 60% da empresas de cimento do país. Através de um decreto presidencial promulgado em junho, foi dado um prazo de 60 dias às empresas estrangeiras para negociar as indenizações. Esse prazo terminou segunda-feira (18/08) à meia-noite.
Tropas nas filiais de Cemex
Além da Holcim, também ouve acordo com a francesa Lafarge, mas não com a mexicana Cemex, a maior produtora de cimento da Venezuela.
Segundo informações do ministério venezuelano, o governo assumirá o controle das quatro filiais da empresa mexicana.
Na madrugada de segunda para terça-feira, tropas do exército venezuelano entraram na fábrica de Maracaíbo, no estado de Zulia (oeste). Durante a operação, não houve incidentes.
De acordo com ministro Ramón Carrizales, a Cemex exigia 1,3 bilhão de dólares por seus ativos no país, o que estaria muito acima do valor real.
“Estamos adquirindo a mesma capacidade da Cemex por 819 milhões de dólares e com tecnologia e instalações em melhor estado e tratamento ambiental”, assinalou Carrizales.
Nas estatizações precedentes, Chávez ordenou primeiro o controle das empresas estrangeiras antes de negociar o montante das indenizações aos acionistas privados.
Conforme analistas financeiros, os preços pagos pelas nacionalizações feitas até agora pela Venezuela estão próximos do valor de mercado.
Chávez quer construir casas para pobres
Em seu programa de televisão “Halo Presidente”, Chávez destacou segunda-feira a importância dessa medida para impulsionar o crescimento do país.
O processo de nacionalização das companhias de cimento é destinado a “lançar com força o plano de construção de casas e continuar desenvolvendo o país”.
Chávez afirmou que o motivo principal para a estatização é a “falta de cimento” e criticou as empresas do setor de estarem voltadas demasiadamente à exportação devido “procedimentos empresariais neoliberais”.
O presidente afirmou querer fomentar a construção de casas para os pobres, objetivo que só poderia realizar com uma empresa de cimento estatal.
A nacionalização do setor na Venezuela deverá estar concluída até o final deste ano.
swissinfo com agências
A Holcim é o segundo maior grupo cimenteiro mundial, depois da francesa Lafarge. Sua denominação original foi Holderbank, nome da localidade suíça em que foi fundada.
Extra-oficialmente estima-se que a indenização do governo da Venezuela à Holcim será entre 400 e 450 milhões de francos suíços.
O governo venezuelano nacionalizou nos últimos anos a Companhia de Telefones da Venezuela (CANTV), Eletricidade de Caracas (EDCA) e Sidor.
O grupo Holcim teve um lucro líquido de 4,54 bilhões de francos suíços em 2007, uma marca histórica e 13% superior ao de 2006.
Holcim Venezuela produz quase 3 milhões de toneladas anuais de cimento, equivalentes a 1,5% da produção mundial.
Holcim Venezuela teve faturamento de 270 milhões de francos suíços no ano passado.
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