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Visita à fantástica fábrica de chocolates

A fábrica da Cailler em Broc existe há 108 anos. swissinfo.ch

O tradicional produtor suíço de chocolates Cailler abriu em junho de 2006 um novo percurso de visitação na sua fábrica em Broc, um vilarejo cercado de montanhas na região da Gruyère.

Durante uma hora o turista descobre os segredos da fabricação do “ouro negro” e se esbalda na degustação de chocolates. Desde os anos 70, mais de um milhão de pessoas fizeram o passeio.

Esse é um passeio para os olhos, olfato e o paladar. Montanhas cercam o vale onde está localizada a centenária fábrica – ela já existe há 108 anos. Algumas vacas pastam tranquilamente e os chalés até parecem que foram colocados propositalmente nesse cenário alpino. Porém o detalhe que mais atiça o apetite dos turistas é a uma brisa agradável com cheiro de chocolate que parece cobrir o vale.

Essa não é a primeira vez que swissinfo visita a Cailler em Broc, vilarejo no coração da região turística de Gruyère (ler reportagem “Incursão pelo mundo do chocolate”). O que nos trouxe aqui é o novo percurso de visitação, inaugurado com pompa em junho de 2006 pelo presidente mundial da Nestlé, Peter Brabeck.

Ao ganhar o concurso internacional organizado pela multinacional suíça para renovar a imagem de uma de suas marcas, a Cailler, o conhecido arquiteto francês Jean Nouvel também foi incumbido de reformar o circuito de visitantes da fábrica de chocolate em Broc.

“Eu trabalhei com as lembranças da infância que o chocolate sempre deixa em qualquer indivíduo e guardei os símbolos conhecidos da Cailler. Porém eu reforcei o lado de quermesse do chocolate com suas embalagens douradas ou prateadas do papel alumínio, suas cores vivas, sinônimos do prazer imediato e fugaz. Enfim, eu tornei o produto mais otimista, mais atraente”, contou Nouvel à imprensa na época.

Críticas à nova imagem

Muitos consumidores se chocaram ao ver o “novo” Cailler lançado em fevereiro. A mudança mais importante foi nova embalagem dos chocolates, que trocou o tradicional papel impresso por um plástico transparente, onde o papel alumínio e o logotipo estilizado estão pintados segundo o tipo do produto.

O protesto mais forte veio por parte de grupos ecologistas, que denunciaram o uso do PVC como nocivo ao meio-ambiente. A Nestlé, dona da marca, resolveu posteriormente limitar o uso do material a apenas 20% das barras. Porém outra crítica veio da parte de compradores fiéis à marca: o novo visual seria um atentado contra a tradicional marca surgida em 1825.

O custo de relançamento dos produtos da Cailler foi orçado em 12 milhões de francos suíços. O grande dinheiro investido também na publicidade ainda não teve o retorno esperado. As vendas caíram e analistas já anunciam para o ano uma queda de 20% das vendas, em relação a 2005.

Apesar das críticas e problemas de venda, a presidente da Nestlé Suíça, Nelly Wenger, continua sendo apoiada por Peter Brabeck. Os dois estiveram juntos na inauguração do novo percurso em Broc, que adotou o mesmo visual das novas barras de chocolate Cailler.

Fantástica fábrica de chocolate

O percurso dura aproximadamente uma hora. O espaço da nova exposição é dez vezes maior do que a anterior. Nele o visitante atravessa diferentes salas pouco iluminadas e divididas por telas de plástico negro. A cada momento há uma surpresa.

Ela começa pela vitrine com diversos tipos de formas de metal. Uma delas é uma gigantesca esfinge egípcia, uma peça única de chocolate Cailler preparada nos anos 20 do século passado. Nas paredes, cartazes de propagandas de chocolate. A mais interessante mostra o personagem “chapeuzinho-vermelho” com uma barra na mão e um guloso lobo a espreitando.

Depois o visitante chega numa sala de odores. Através de tubos, ele pode sentir e diferenciar o cheiro do chocolate branco, com leite e o amargo.

A outra sala oferece a primeira degustação. Nas paredes os gráficos mostram de onde vem os diferentes ingredientes dos chocolates Cailler e no chão estão eles dentro de grandes sacos plásticos com se tivessem sido desembarcados no momento dos navios: favas torradas de cacau de Gana e Equador, amêndoas e avelãs da Espanha, mel e leite da Suíça e também manteiga de cação.

Porém a exposição também é tecnologia, pois afinal a produção de chocolate mudou muito nas últimas décadas. Das fábricas onde mulheres e homens trabalhavam embalando e fabricando os doces com as mães, elas se transformaram em grandes mecanismos automatizados, onde o mestre chocolateiro mais parece um engenheiro cercado de computadores. As fábricas modernas são esterilizadas e não podem ser visitadas pela maioria do público.

Isso explica por que os projetores de uma das salas jogam imagens da linha de produção da Cailler no chão e nas paredes. Nela quase não se vêem pessoas, mas sim máquinas modernas. Pequenos monitores colocados nas paredes mostram os detalhes finos: a mistura de pedaços de avelã com o chocolate ou a segunda camada recebida pelas barras com creme de avelã.

Grande interesse

A afluência de turistas à Cailler em Broc. Pouco mais de 65 mil pessoas fazem o percurso anualmente, durante os seis meses em que está aberto. Nos dias de mais movimento até 1.500 visitantes podem passar pelas suas salas. Desde que foi aberto o percurso nos anos 70, mais de um milhão de pessoas passaram pela fábrica da Cailler em Broc.

Agora, com o interesse crescente dos turistas, sobretudo os estrangeiros desejosos de ver como se fabrica o “melhor” chocolate do mundo, a direção da empresa decidiu que o percurso ficará aberto também nos fins-de-semana. Isso a partir da sua reabertura em abril de 2007.

Para alguns turistas, a curiosidade vem da infância. O redator que escreve essas linhas se lembrava durante sua visita do célebre filme “A fantástica fábrica de chocolate” (1971), dirigido pelo cineasta americano Mel Stuart. Esse sentimento foi reforçado ao chegar numa sala escura climatizada a 15 graus.

Nelas, dois refletores jogam a luz contra um longo balcão repleto de todas as especialidades produzidas pela Cailler: confeitos, barras de chocolate de todas as cores, bombons e outros. Tudo oferecido à vontade por simpáticas funcionárias. Meninos e adultos não se contém e avançam nos belos pratos.

Produto saudável

Com a barriga cheia e felizes, os visitantes ganham ânimo para continuar o passeio. Ele os leva a uma grande vitrine, onde pode ser observada a fábrica atual. Depois todos se dirigem a uma sala de cinema, onde a Cailler mostra pequenos filmes e comerciais do passado e presente.

Um deles lembra por que o chocolate é tão associado com a Suíça. “Queridas crianças, comam sempre chocolate, um gênero alimentício indispensável para a nossa saúde. Além da energia do cacau, ele contém um terço do melhor leite”, fala o narrador, mostrando vacas pastando na paisagem alpina de Gruyère. Isso era nos anos 50.

Com todos os órgãos sensitivos saciados, o visitante só pode se inspirar ao chegar no último estágio da visita: a pequena loja Cailler, onde as barras e bombons estão dispostos em caixas como se estivessem acabado de sair da linha de produção.

O maior perigo da visita está nesse local: todos os produtos expostos são vendidos pela metade do preço nos supermercados, uma tentação para os fãs do chocolate suíço.

swissinfo, Alexander Thoele

Fábrica Cailler

Endereço:
Rue Jules Bellet 7
CH-1636 Broc

Horários de visitação:
De segunda à sexta-feira, de 9:30 às 16:00
O museu fecha no final de outubro e reabre em abril de 2007
Telefone.: + 41 26 921 51 51

Preços dos ingressos:
Adultos – CHF 4,
Grupos a partir de 10 pessoas – CHF 3, por pessoa
Crianças e escolares até 16 anos – grátis

Através de um concurso internacional, o famoso arquiteto francês Jean Nouvel foi escolhido para elaborar uma nova imagem para os produtos da Cailler.
Os novos produtos foram apresentados ao público em fevereiro de 2006.
O custo de relançamento dos produtos da Cailler foi orçado em 12 milhões de francos suíços.
A presidente da Nestlé Suíça, Nelly Wenger, foi muito criticada por ecologistas pelo fato da nova embalagem ser de PVC. Muitos consumidores consideraram as novas barras difíceis de abrir.
Analistas anunciam que a Cailler terá uma queda de 20% em relação a 2005.

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