
A cultura não é uma mercadoria

Inspirando-se de outro exemplos, foi criada na Suíça uma "Coalizão pela Diversidade Cultural".
Ela congrega cerca de cinqüenta organizações e pretendem pressionar as autoridades políticas para que as atividades culturais não sejam consideradas como simples mercadorias.
Alianças desse tipo já existem na Alemanha, na Austrália e na França – entre muitos outros países – mas não nos Estados Unidos. Elas apóiam sobretudo uma convenção da UNESCO – organização das Nações Unidas pela Educação e a Cultura – que deverá ser adotada em 20 de outubro próximo em Paris, e que julga indispensável conter a globalização cultural, em benefício da diversidade.
A Coalizão suíça congrega organizações profissionais, não governamentais e muitas outras. Empresas de gestão de direitos autorais, universidades e a Rádio e Televisão Suíça (SSR-SRG) também participam. A iniciativa tem também o apoio da Secretaria Federal da Cultura.
Países do sul
«A Convenção da Unesco lembra a importância dos bens e serviços culturais para a identidade de um povo e suas especificidades mercantís”, afirmou Diego Gradis, membro do Comitê da Coalizão suíça. Isso significa um reconhecimento e uma valorização da cultura dos países do Sul, por exemplo.
Para Diego Gradis, a Convenção “não é suficientemente coercitiva mas estabelece pricípios imoportantes”. Entre eles, está o direito dos Estados terem uma política cultural. “Sem essa convenção, as subvenções poderiam acabar na Suíça”, afirma Gradis.
OMC visada
A Coalizão suíça não se contentou apenas de sua criação, quarta-feira (28/9), em Berna. Ele exigiu que a Suíça inicie o processo de ratificação de uma convenção precedente da UNESCO sobre a proteção do patrimônio imaterial, qu inclui as línguas e as tradições.
Cada coalizão nacional procura convencer as autoridades políticas que os bens e serviços culturais não são simples mercadorias submetidas às regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou acordos bilaterais que a Suíça firmou com a União Européia. Esse é um ponto crucial com vistas às negociações da OMC previstas para dezembro, em Hong Kong.
swissinfo com agências
– Segundo as “linhas diretrizes” da Coalizão Suíça pela Diversidade Cultural, alguns de seus objetivos são: informar e sensibilizar a opinião pública suíça e internacional, intervir junto a autoridades suíças e internacionais, încentivar a cooperação internacional e valorizar a vida cultural na Suíça.
– Um Comitê internacional de Ligação das Coalizões pela Diversisidade Cultural (CIL) foi criado em março de 2003.
– O CIL reúne até agora 30 coalizões nos seguintes países: Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Benin, Brasil, Burkina Faso, Camarões, Canadá, Chile, Colômbia, Congo, Coréia do Sul, Equador, Espanha, França, Guiné, Hungria, Irlanda, Itália, Mali, Marocos, México, Nova Zelândia, Peru, Senegal, Eslováquia, Suíça, Togo, Uruguai.

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