A guerra paralisa ação humanitária no Iraque
Únicos presentes no Iraque, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR) constata um aumento rápido no número de vítimas.
Hospitais trabalham acima das suas capacidades.
Apesar dos incessantes combates que ocorrem no Iraque e do número crescente de vítimas civis, organizações como a Cruz Vermelha mantém sua presença em grandes cidades como Bagdá e Basra.
“Nossos colaboradores passam por grandes riscos para manter o abastecimento dos hospitais”, afirma Nada Doumani, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR). “Apesar das dificuldades, sabemos que nesse momento é mais importante do que nunca manter o apoio dado à população civil”.
Aumento do número de vítimas civis
O número de vítimas civis não para de aumentar. A CICR foi obrigada a interromper a contagem destes. “Não é mais possível para ninguém publicar estatísticas confiáveis. Os hospitais não param de receber novos pacientes”, explica o porta-voz da CICR.
“Em Bagdá, o Hospital Al Yarmouk chega a receber até cem feridos por hora. Porém eles têm conseguido administrar a situação. Por outro lado, o Hospital Mahmoudyia, no sul da capital iraquiana, está totalmente sobrecarregado”.
Segundo a CICR, a situação dos hospitais iraquianos é crítica. “Quanto mais tempo os combates durarem, maiores serão as ameaças para a população civil”.
As reservas de água, de comida e de medicamentos estão se esgotando com rapidez. A violência dos combates paralisa no momento a ação dos organismos de ajuda humanitária.
Em Basra, a CICR ainda não conseguiu recuperar a totalidade do sistema de fornecimento de água potável. “Apenas 60% da população têm acesso ao fornecimento do líquido”, revela Doumani.
Ajuda humanitária arriscada
“Ninguém sabe no momento o que está acontecendo em cidades como Kerbala, Nasiriya ou Najaf”, acrescenta o porta-voz da CICR. “Os combates continuam nesses locais”.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha é, de fato, a única organização presente no campo de batalha. Sua capacidade de ação limita-se, porém, a Bagdá e Basra.
Outras organizações humanitárias estão aguardando nas fronteiras com o Iraque e na região autônoma ao norte do Iraque e no Kuwait.
Os civis iraquianos vivem atualmente o risco de ter de esperar até o fim dos combates para poderem começar a receber ajuda humanitária.
O risco de atuar no Iraque não poupa mesmo organizações como a Cruz Vermelha. “O conjunto dos partidos em guerra aceita nossa presença no Iraque, mas eles não podem nos dar garantia de segurança nos momentos de combate”, diz Nada Doumani. “Nos próximos dias a população civil iraquiana estará mais ameaçada pela fome, sede e epidemias”.
swissinfo, Frédéric Burnand em Genebra
tradução de Alexander Thoele
A CICR têm cinco delegações no Iraque.
– elas ocupam 35 funcionários estrangeiros e 350 locais.
– a CICR dispõe também de bases logísticas na Jordânia, Irã e Kuwait.
– No orçamento de 2003, a CICR previu gastos de até 22 milhões de francos suíços no Iraque.
– A organização já disponibilizou mais 16 milhões de francos suíços suplementares para suas operações no Iraque.
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