Ajuda internacional ao Haiti é urgente
Uma conferência internacional de doadores potenciais ao Haiti será encerrada terça-feira, em Washington. A Suíça também participa.
O Haiti, país mais pobre do hemisfério ocidental, precisa de ajuda urgente em todos os setores.
Ditaduras, secas, furacões, analfabetismo etc. A imensa maioria do povo do Haiti vive há décadas na miséria. Depois da queda do presidente Jean Bertrand Aristide, em fevereiro, e as inundações, em maio, o Estado caribenho tenta se reconstruir.
Para isso, o governo interino do primeiro ministro Gérard Latortue precisa convencer a comunidade internacional a ser generosa com seu país, durante a conferência internacional de dois dias, em Washington, organizada pela ONU, União Européia e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
As autoridades haitianas pedem uma ajuda financeira de 1,4 bilhão de dólares para os próximos dois anos. Até aqui, 440 milhões foram já foram prometidos para apoiar projetos de desenvolvimento e de reconstrução do Haiti.
Ao mesmo tempo, a meta do governo interino é criar 750 mil empregos para reativar a economia.
Ajuda suíça
A Suíça tem estado cada vez mais presente no Haiti, através da Divisão de Desenvolvimento e Cooperação (DDC), que trabalha com várias ongs.
Depois da queda do presidente Aristides, a Unidade suíça de Ajuda Humanitária (CAS), colaborou com Programa Alimentar Mundial (PAM) para a ajuda urgente em gêneros de primeira necessidade.
O PAM distribui alimentos nos bairros pobres das cidades e nas regiões mais atingidas pelas inundações de maio. Mas o país precisa de tudo a conferência de doadores, em Washington, fez uma lista de vinte prioridades.
Entre elas estão a estabilização política do país, o acesso a água potável, escolas, hospitais e eletricidade.
País mais pobre das Américas
Concretamente, o dinheiro da comunidade internacional servirá para atender 500 mil crianças e vacinar 80% dos bebês contra a difteria e o tétano. Metade do lixo urbano poderia ser reciclado.
Segundo um relatório recente feito por várias organizações internacionais, o Haiti tem uma renda per capta de 361 dólares por ano, ou seja, menos de um dólar por dia. A expectativa de vida é 53 anos.
Os especialistas estimam que, sem a ajuda financeira fornecida por centenas de milhares de haitianos que vivem fora do país, o Haiti não sobreviveria. A diáspora hatiana enviou ao país cerca de 4 bilhões de dólares nos últimos dez anos.
O papel do CICV
Meses antes da reunião de Washington, a Suíça já havia doado aproximadamente 2 milhões de francos suíços como ajuda de urgência.
“Comparado com a atitude reticente de grandes doadores em potencial, a Suíça tem sido generosa”, afirma Guy Gauvreau, responsável do Programa Alimentar Mundial (PAM) no Haiti.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), sediado em Genebra, também está presente no Haiti com 40 colaboradores. Eles visitam prisioneiros, formam médicos haitianos para situações extremas e distribuem alimentos.
De sua parte, a DDC também apóia organizações caritativas como Helvetas, Caritas, Terra dos Homens, Crianças do Mundo e outras organizações menores.
Não esquecer do Haiti
Toni Frisch, que trabalha para várias organizações presentes no Haiti, explica que a Suíça vai apoiar projetos de reabilitação de escolas, da logística e atividades do PAM.
Um projeto de construção de estrada, supervisado por especialistas suíços e financiado pelo Banco Mundial, será realizado no sudeste do país, duramente atingido pelas inundações. “Mas aqui, tudo é muito demorado”, precisa Frisch.
“Esperamos que a comunidade internacional não esqueça o dossier do Haiti no fundo de uma gaveta”, afirma Pierre Charles, um dos membros da oposição ao ex-presidente Aristides.
swissinfo, Erwin Dettling em Port-Príncipe
Tradução: Claudinê Gonçalves
80% da população haitiana vive com menos de 150 dólares por ano.
47% das crianças de menos de 5 anos sofrem de desnutrição.
O preço dos alimentos subiu muito ultimamente.
– O Haiti é um dos países mais pobres do mundo. Há anos reina um caos político na ilha.
– Em fevereiro, o presidente Jean Bertrand Aristide foi forçado a deixar o país.
– Em maio, houve grandes inundações e as plantações foram destruidas.
– As autoridades haitianas pedem uma ajuda de 1,4 bilhão de dólares à comunidade internacional.
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.