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Cinema do Sul tem vez em Friburgo

"Aoud Rih" abriu o festival no domingo 10/3. www.fiff.ch

A 16a. edição do festival de cinema iniciou-se no fim de semana com uma obra marroquina. E 98 filmes asiáticos, africanos e latino-americanos mostram nesta semana realidades excluídas dos circuitos oficiais.

“Aoud Rih” (o cavalo de vento), uma reflexão sobre o sentido da vida, abriu o Festival Internacional de Filmes de Friburgo.

Clichês

O FIFF procura mostrar os diferentes aspectos do que os países industrializados chamam de Sul. Para o Norte rico, o Sul – pólo de atração e repulsão – pode simbolizar subdesenvolvimento, pobreza, menos chances na vida, menor refinamento e atraso; como também clima mais favorável, maior solidariedade e alegria de viver.

O Festival de Friburgo passa por cima dos clichês. Busca, sem preconceitos – como se destacou na sessão de abertura, estimular o diálogo intercultural, no sentido de mostrar que em qualquer parte do mundo o homem é homem: tem sentimentos e problemas semelhantes e oportunidades diferentes, resultantes dos mais variados fatores, entre os quais ser ou ter sido vítima da exploração do Norte.

Temas

A produção cultural do Sul continua marginalizada: está praticamente fora dos circuitos internacionais em que o peso dos países mais ricos é preponderante. Uma das funções do FIFF é fazer entrar, anualmente, pelo menos algumas das produções da África, Ásia e América Latina nos cinemas do “mundo civilizado”.

Neste ano, a mostra de Friburgo, que atrai número crescente de espectadores, questiona a noção de Sul. Com o fenômeno das migrações, ela não caberia mais em moldes geográficos. Tenta também contribuir para acabar com imagens redutoras do negro que, um século, século e meio depois da abolição da escravatura nas Américas, continua escravo de alguma maneira.

Brasil

Doze filmes concorrem a um prêmio de 30 mil francos – € 20 mil. Naturalmente, nenhum pôde beneficiar-se da promoção da máquina publicitária ocidental. Entre eles: “Una casa com vista al mar” (de Alberto Arvelo, Venezuela) e “Solo por hoy” (de Ariel Rotter, Argentina), que nos mostram realidades mais próximas que as africanas ou asiáticas.

A contribuição brasileira tem duas vertentes. Uma política mostrando as lutas estudantis (“Barra 68: sem perder a ternura”), quando os militares arrocharam a ditadura. Outra mais social com os problemas resultantes da exploração do negro e dos preconceitos do branco (Xica da Silva e Rio Zona Norte).

Obras como estas e as dezenas de outras projetadas até domingo à noite, 17/3, podem mudar mentalidades e contribuir para aproximar Norte e Sul, um dos objetivos perseguidos pelo Festival Internacional de Filmes de Friburgo.

J. Gabriel Barbosa

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