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Condenação unânime da violência em Berna

Cenas de depredação na praça defronte o Palácio Federal. Keystone

Da esquerda à direita, o mundo político se insurge contra as restrições à liberdade de opinião provocadas por pequenos grupos de manifestantes violentos na capital suíça. A polícia também é muito criticada.

A presidente do país Micheline Calmy-Rey lançou um apelo à moderação e o ministro do Interior Pascal Couchepin atribui a responsabilidade à UDC – maior partido suíço.

Apesar das divergência quanto às responsabilidades pelas violências cometidas sábado em Berna, capital suíça, todos concordam que liberdade de expressão não foi respeitada.

Para a União Democrática do Centro (UDC, direita nacionalista), impedida de aceder à Praça Federal (em frente ao Palácio Federal, sede do governo e do Parlamento), a violência da esquerda destrói a democracia e é uma “vergonha para a Suíça”.

O povo “pode ver como o esquerdismo fascistizante triunfa das liberdades cidadãs em nosso país”, acrescenta o comunicado da UDC, quer organizava uma marcha pelas ruas de Berna, há duas semanas das eleições legislativas federais.

A polícia rejeita críticas

Para os deputados federais Toni Brunner e Ulrich Schlüer, a polícia e administração municipal socialista-verde de Berna falharam ao não garantir a segurança.

As acusações foram refutadas pelo comandante da polícia e pelo secretário da justiça. O objetivo principal da política era evitar um confronto entre os extreministas de esquerda e de direita, argumentaram.

Eles explicaram que cerca de 500 ativistas utilizaram técnicas de guerrilha. Eles se infiltram na população, utilizando máscaras para provocar depredações e atacar a polícia e depois se misturavam novamente à população.

Por sua vez, o comitê “Ovelha negra”, organizador da contra-manifestação anti-racista, acusa a UDC. “Com sua campanha e seus cartazes eles atacam os princípios fundamentais da democracia e terão cada vez mais resistência”, afirma o comunicado à imprensa.

«Demonstração de força»

O ministro do Interior Pascal Couchepin (PRD, direita) também sublinhou a responsabilidade da UDC, que quis fazer “uma demonstração de força”, quando a polícia sabia que haveria incidentes.

De fato, o ministro da Defesa Samuel Schmid (que também é membro da UDC) havia informado o governo na semana passada. Couchepin teria então questionado seus colegas da UDC se valia a pena correr o risco.

Sábado, o ministro da Justiça e Polícia Christopher Blocher, UDC) declarou à imprensa que ninguém esperava violências: “Ninguém provocou, o partido dispunha de uma autorização e convidou seus dois ministros; isso deve ser possível em um país livre”.

Tristeza de Calmy-Rey

Por sua vez, a presidente em exercício da Suíça e ministra das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, afirmou sua tristeza com os acontecimentos. “A liberdade de expressão e de reunião são direitos fundamentais de nossa democracia. É inaceitável que alguns extremistas as ataquem através da violência”, declarou ao jornal “SonntagsBlick”.

Micheline Calmy-Rey (social-democrata) lançou um apelo aos partidos pela moderação. “As provocações e as acusações deixam marcas na política. É preciso parar de jogar com o medo das pessoas, apenas para ganhar alguns votos”, declarou.

O Partido Social-Democrata (PS) julga inadmissível as violências cometidas por grupos identificados como sendo da extrema-esquerda. Mesmo se o PS criticou várias vezes a campanha “odiosa e discriminatória” da UDC, o partido sublinha que as liberdades de opinião e de reunião são válidas para todos.

A UDC se coloca “como vítima”

A extrema esquerda colocou ainda mais água no moinho da UDC, partido de Christoph Blocher, que “se coloca agora como vítima”, na opinião do cientista político Georg Lutz.

O professor da Universidade de Berna estima que os manifestantes ajudaram a UDC a continuar a monopolizar as mídias, enquanto os jornais escreveriam apenas dez linhas se a passeata da UDC ocorresse sem problemas.

Para Lutz, a extrema-esquerda “que não pensa de maneira eleitoreira”, também ganhou com a operação enquanto a esquerda moderada perdeu.

Quanto a saber se os incidentes trarão mais votos para a UDC, o cientista político prefere aguardar os resultados das eleições de 21 de outubro.

swissinfo com agências

Sábado, 21 pessoas feridas, entre eleas 18 policiais, 8 foram hospitalizados.

A política prendeu 42 pessoas, soltas domingo.

Quando aos danos materiais, a polícia os avalia em várias dezenas de milhares de francos suíços.

Esse partido da direita nacionalista é o maior entre dos quatro partidos do governo federal.

Em 2003, ele obteve 26,7% das cadeiras do Parlamento Federal e as sondagens indicam que manterá essa posição em 21 de outubro.

O partido fez uma campanha agressiva acusando os demais partidas de complô contra o ministro da Justiça e Polícia, Christoph Blocher, principal líder da UDC.

Provocou ainda uma celeuma com seus cartazes considerados racistas por parte da opinião, em que carneiros brancos expulsam da suíça um carneiro preto.

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