Conflito UE-Áustria pode influenciar Suíça

"A Suíça não tem qualquer razão de se imiscuir nos assuntos internos da Áustria". A declaração do ministro das Relações Exteriores, Joseph Deiss, reflete a posição do governo quanto à possível subida ao poder de Joerg Haider (foto) na Áustria.

“A Áustria é uma país vizinho, amigo, democrático e um Estado de direito. Não há qualquer razão para interferir em seus assuntos internos, até porque as últimas eleições foram consideradas perfeitamente corretas”. A declaração do ministro das Relações Exteriores, Joseph Deiss, à televisão suíça, expressa a posição do governo quanto à possível chegada ao poder de Joerg Haider, líder da extrema direita na Áustria. A posição dos partidos políticos, geralmente consensuais em matéria de política estrangeira, é diferente.

Questionado sobre a ameaça da União Européia de isolar a Áustria se a extrema direita assumir o governo, a resposta de Deiss também foi diplomática: não estamos na UE e não podemos interferir nas relações entre seus membros.

No fundo é essa a questão que preocupa a classe política suíça. A Suíça tem dois terços de sua atividade econômica com os países membros da UE mas a opinião pública ainda é majotariamente hostil à adesão. Para contornar a questão, a Suíça negociou duramente e assinou no ano passado um acordo bilateral com a UE.

Mas dois partidos minoritários de extrema direita lançaram um referendo popular e os acordos terão de ser submetidos ao voto popular, provavelmente em maio. Daí que a ameaça da UE contra a Áustria poderá ser usada na campanha contra o acordo. O líder do Partido Popular Suíço (centro direita, populista e nacionalista) vencedor das eleições de outubro, Christophe Blocher, considera a atitude da UE, “monstruosa, inadmissível e incompreensível”.

Dos outros 3 partidos no governo, os dois de centro (Democrata Cristão e Radical) também reagiram contra atitude da UE em relação à Áustria. Só o partido Socialista considera “normal” que a UE se preocupe com o que ocorre nos países-membros.