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Criticada a “ajuda humanitária” dos EUA

Refugiados afegãos à espera de provisões, segunda-feira Keystone

Na Suíça organizações como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a Divisão de Desenvolvimento e Cooperação, braço humanitário do governo suíço, questionam a operação de lançamento de comida por avião no Afeganistão. O CICV estima "ineficaz" e "perigosa" essa operação norte-americana. A ONG francesa Médicos Sem Fronteiras descreveu as operações como "propaganda militar" para justificar os bombardeios.

Desde que começaram, dia 8, as operações desencadearam críticas. Grandes organizações não governamentais reagiram imediatamente. Denunciaram, como escreve o jornal Le Temps, de Genebra, a “ineficácia” dessa “coligação militaro-humanitária”. Na Suíça, vem se ampliando comentários pouco favoráveis à operação de lançamento de víveres.

Prudência do CIVC

Embora em situação delicada para criticar os Estados Unidos (que lhe fornecem 40 por cento do orçamento para operações no terreno), o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em Genebra, estima que o lançar comida por avião não é a maneira mais adequada de responder às necessidades de 5 milhões de afegãos mal nutridos.

Além de insuficiente (37.500 « rações » no primeiro dia), tudo seria muito incerto. Não se sabe onde a comida cai é zona minada, se os beneficidos são realmente o povo faminto.

Dúvidas de organismo governamental

Essa estratégia norte-americana de lançar comida depois de bombas é também questionada pela Divisão de Desenvolvimento e Cooperação (DDC), órgão do governo suíço.

O coordenador da DDC, Henry-François Morand, disse que “todo o mundo em Islamabad (Paquistão) está cético quanto à iniciativa norte-americana”, destacando que “ninguém pode garantir que (comida) chegue em bom porto”.

« Diminuição do espaço humanitário »

Outro risco, apontado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, é a redução do campo de atividade para os representantes de organismos de ajuda, com repercussões imprevisíveis, mesmo longe do Afeganistão.

Jean-Daniel Tauxe, chefe de operações do CICV declarou (Le Temps 10/10): “Receio que os (trabalhadores) humanitários não sejam considerados mais como atores neutros e independentes … podendo ser tomados como alvos por beligerantes”.

Tauxe reclama que a concentração das atenções sobre o Afeganistão faz esquecer situações dramáticas em países como Sudão e República Democrática do Congo.

Criticando indiretamente a atitude arrogante dos Estados Unidos que nem sequer informaram antecipadamente o organismo humanitário sobre o lançamento de víveres no Afeganistão.

swissinfo.

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