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Governo será mais à direita nos próximos 4 anos

Os 7 membros do governo prestam sermão no Parlamento, após a eleição. swissinfo.ch

O Parlamento elegeu o Executivo Federal nesta quarta-feira (10/12). Isso ocorre a cada quatro anos.

Cinco ministros foram reeleitos e dois foram eleitos pela primeira vez. Com a nova composição, o governo será mais à direita mas reflete as forças políticas atuais.

O governo federal suíço será mais conservador em política social e mais liberal em política econômica, nos próximos quatro anos.

Reforça-se também a tendência isolacionista da Suíça na Europa, com a eleição do empresário Christoph Blocher, líder da direita nacionalista.

UDC na vaga do PDC

Com a eleição de quarta-feira, muda a composição do governo federal vigente há 44 anos. Até agora, as 7 cadeiras ministeriais eram ocupadas por 2 socialistas, 2 radicais, 2 democrata-cristãos e um democrata do centro.

Mas o partido de Blocher, a UDC – União Democrática do centro – é o maior do país desde 1999 e ganhou novamente as eleições de 19 de outubro último.

Ao mesmo tempo, o Partido Democrata-Cristão (PDC) perde eleitores há cerca de 15 anos. Perdeu novamente nas últimas eleições e tornou-se o menor dos 4 grandes partidos que governam a Suíça.

Fato histórico

A UDC – que tem nome de centro mas é o mais à direita dos grandes partidos – passou a reinvindicar, legitimamente, uma segunda cadeira no governo, em detrimento do PDC.

Foi exatamente o que ocorreu quarta-feira. Christoph Blocher foi eleito no lugar da ministra da Justiça e Polícia, Ruth Metzler, justamente membro do PDC.

Aí ocorreu outro marco histórico. Em 155 anos da chamada “Suíça moderna”, tempo de vigência da Constituição atual, pela terceira vez um ministro não foi reeleito.

Outro fato curioso é que Ruth Metzler perdeu o cargo justamente quando seria presidente da Suíça em 2004, cargo simbólico mas tradicional, no sistema de presidência rotatória em que cada um dos sete ministros representa o país durante um ano.

Com a derrota de Metzler, o presidente da Suíça, em 2004, será o ministro da Economia, Joseph Deiss (PDC). A presidência dele estava prevista para 2005.

A eleição do governo pelo Parlamento teve ainda outro episódio. Para o lugar o ministro das Finanças, Kaspar Villiger, demissionário, foi eleito outro membro do Partido Radical Democrático, de centro-direita. O novo ministro é Hans-Rudolf Merz, representante da ala mais à direita do PRD.

“Fórmula mágica” é mantida

O novo governo federal terá, portanto, a partir de 1° de janeiro, 2 socialistas, 2 democratas do centro, 2 socialistas e 1 democrata-cristão. Os ministros não têm mandato fixo e só são submetidos ao Parlamento de quatro em quatro anos.

Está novamente reequilibrada a chamada “fórmula mágica”, em que os quatro maiores partidos do país são representados proporcionalmente no governo federal.

No cálculo esquerda-direita, que não é muito significativo no sistema político suíço, a direita tem quatro ministros (UDC e PRD), a esquerda (PS) tem dois e o centro (PDC) um ministro.

Vários deputados da ala esquerda do Partido Socialista (PS), segundo maior do país, disseram à swissinfo que pretendem discutir a saída do governo, majoritariamente de direita. Se isso ocorrer, a médio prazo, aí sim haveria ruptura da “fórmula mágica”.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

O peso dos 4 maiores partidos em 2003:

– Partido Socialista: 23,3%
– União Democrática do Centro: 26,6%
– Partido Radical-Democrático: 17,3%
– Partido Democrata-Cristão: 14,4%

O novo governo vai refletir essa realidade com:

– 2 ministros do PS

– 2 ministros da UDC

– 2 ministros do PRD

– 1 ministro do PDC

Os ministros não têm mandato fixo e são submetidos à aprovação do Parlamento, a cada quatro anos.

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