Na FIFA a campanha de Blatter está conturbada
Os ataques contra Sepp Blatter, presidente da FIFA, se intensificam à medida que se aproxima a data da escolha do chefe da entidade em fins de maio. O suíço enfrenta acusações até do secretário geral Michel Zen-Ruffinen.
A disputa da presidência da FIFA tornou-se, de fato, mais acirrada do que previsto. Sepp Blatter, candidato à reeleição, já acusado de comprar votos quando chegou ao cargo em 1998, viu-se envolvido em escândalos no ano passado e agora é acusado de de não merecer confiança pelo outro candidato ao cargo de presidente da instituição, Issa Hayatou.
“Tempestade”
Às acusações de Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), acrescem agora denúncias do braço direito de Blatter, Michel Zen-Ruffinen, secretário geral da FIFA, que o acusa de gestão incorreta.
Denunciando a gestão de Blatter, Zen-Ruffinen toma distância do presidente – de quem é “filho espiritual” e com quem trabalha há 16 anos. O secretário geral recearia ser arrastado pelo que observadores descrevem como “tempestade que agita a FIFA”.
Em entrevista ao jornal Le Temps, de Genebra (edição de quinta-feira, 18/4), Zen-Ruffinen acha que Blatter abusou do poder e violou a carta da instituição, dando a entender que o presidente tomou decisões de caráter financeiro sem comunicar-lhe. E teria provas.
Transparência
Zen-Ruffinen,que decidiu calar-se depois dessa entrevista, distanciou-se de Blatter depois que o presidente da FIFA suspendeu, dia 12, a investigação interna de uma comissão que devia esclarecer a saúde financeira da entidade.
A comissão fora imposta em inícios de março por vários membros do Conselho Executivo – entre os quais Issa Hayatou e o inimigo declarado de Blatter, Lennart Johansson, presidente da UEFA – na seqüência das falências do grupo de marketing da FIFA, ISL/ISMM e do grupo alemão Kirch, detentor dos direitos da Copa do Mundo de 2002 e 2006.
As declarações de Zen-Ruffinen beneficiaram naturalmente o candidato Hayatou, 55 anos, que defendeu dia 18 seu programa em Paris, apresentando-se como alguém que deseja transformar a FIFA em “uma casa de vidro”, aludindo “à necessidade fazer reinar a transparência”.
“Money”
Naturalmente o cargo de presidente da FIFA é muito atraente. A instituição gere somas superiores ao PIB de Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo).
Resta que a reeleição do suíço Sepp Blatter se complicou. Aparentemente ele dispõe de maioria dos votos. Mas seu “abuso de poder” pode influenciar eleitores. Os trunfos de que dispõe são seu talento para comunicar e o domínio de várias línguas. Isso falta a seu adversário.
Para eleger-se, Hayatou precisa da maioria dos votos da África e 50% da África e Europa. Na América do Sul, o africano tem poucas chances, porque quer limitar o número de países da região representados na Copa do Mundo a apenas 3 (atualmente são quatro, mais um que disputa repescagem).
Resposta dia 29/5
Para Hayatou a África passaria de 3 a 5 representantes e a Oceania teria garantia de ter um. Curioso é que não fale na cota da Europa, super-representada. Mas certamente seria tocar numa caixa de marimbondo.
Com o resultado da eleição do 29 de maio, véspera da Copa, a “tempestade” de que se fala deve amainar-se.
J. Gabriel Barbosa
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