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O quebra-cabeça de uma reeleição

Como acontece de 4 em 4 anos na Suíça, o Parlamento deve reeleger nesta 4a.-feira os 7 ministros que governam o país. Mas desta vez não será uma formalidade. A direita dura reivindica maior peso no executivo, com base em clara vitória eleitoral.

Na Suíça existe desde 1959 a chamada “formula mágica” de governo, com 7 ministros de 4 partidos. Trata-se de uma verdadeira cozinha política com 2 doses de esquerda (socialistas), 2 de centro-direita (radicais e democrata-cristãos)e 1 de direita (partido popular suíço). Essa alquimia funcionou bem durante 40 anos. Mas agora justamente o partido que tem um único representante no governo, o Partido Popular Suíço, SVP em alemão – expressão da direita dura, vencedor das eleições legislativas de outubro, o que repercutiu na Europa – reivindica mais um posto ministerial. À primeira vista ele parece ter completa razão: afinal o SVP é na Câmara, a principal força política da Suíça, com peso equiparável aos socialistas. Levando em conta a regra observada até agora de que o governo reflete a relação de forças políticas num regime democrático, os democratas-cristãos – os menos votados da “coalizão quadripartite governamental” – deveriam ceder um dos dois postos governamentais que detém. O problema avançado é que a chegada do candidato do SVP ao governo seria um transtorno no método de consenso que permite funcionamento do executivo suíço. O candidato em questão, Christoph Blocher, é figura contestada, de temperamento considerado difícil, líder inconteste de um partido voltado para valores patrióticos tidos por retrógrados, defensor de um fechamento da Suíça em relação à Europa, contrário à imigração estrangeira e partidário de teses xenófobas. Os observadores da cenário político vêem portanto muitas razões para a exclusão do candidato. Mesmo assim, todas essas razões podem ser consideradas fracas até porque o governo deveria ser a representação do voto popular. Talvez se se tratasse de um partido de oposição, de esquerda por ex., haveria provavelmente muita gente para denunciar uma injustiça.
Pode-se alegar também claras divergências entre o partido popular suíço em temas de primeira importância como as relações da Suíça com a Europa e questões delicadas como segurança e asilo político. Mas os partidos governamentais dão impressão de formar verdadeiras capelas que dificilmente chegam a um denominador comum na hora de graves decisões. Por isso, mesmo quem não manifesta a mínima simpatia com a direita dura representada pelo SVP questiona a não concessão de um segundo ministério ao partido. Resta então que a controvérsia está armada. Os partidos chamados burgueses e os socialistas se vêem obrigados a buscar maior entendimento se quiserem representar maior peso contra os populistas do SVP. (gb)

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