Reeleição de Bush inquieta imprensa suíça
A maioria dos jornais suíços julga que a reeleição terá efeitos negativos tanto nos Estados Unidos como na Europa.
Os editorialistas são quase unânimes na inquietação com o novo mandato do presidente George W. Bush.
«Será que 62 milhões de estadunidenses são simplesmente idiotas?”. A pergunta é manchete do Blick, o jornal mais popular de Zurique. O jornal coloca ainda 49 perguntas “quentes” sobre o segundo mandato de Bush e já imagina que a sucessora do republicano, dentro de 4 anos, será Hillary Clinton, senadora de Nova York.
O Blick publica ainda a opinião da ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey. “A política dos Estados Unidos não vai mudar nos próximos anos mas continuaremos a dizer a eles o que pensamos”, afirmou a ministra socialista.
O Neue Zürcher Zeitung, também de Zurique, é outro jornal a questionar se a vitória de George W. Bush é uma vantagem para Hillary Clinton e sublinha que, “geralmente, os segundos mandatos são mais difíceis para os presidentes”.
Outros jornais suíços em alemão temem que as divergências entre os Estados Unidos e a Europa aumentem. O Tages Anzeiger, por exemplo, especula que a política interna e social dos republicanos amplie a distância com a Europa secular.
Suíça romanda
Na região suíça de língua francesa, os jornais são ainda mais incisivos. “A arrogância triunfa e a engrenagem da violência, que encontrou uma nova legitimidade, vai continuar”, escreve La Liberté, de Fribourg.
Ele acrescenta: «os republicanos poderão continuar, nos próximos quatro anos, sua política unilateralista em detrimento da comunidade internacional, de um mundo mais justo e responsável”.
O Le Nouvelliste, de Sion, adota o mesmo tom: «Os USA são ainda mais conservadores do que temíamos. Os rezadores de todo tipo têm belos dias diante deles e G.W. Bush poderá continuar a impor seu credo, à força, ao planeta inteiro”.
O jornal acrescenta que “a Europa acorda com uma grande ressaca mas terá de aceitar a idéia que nada mais retém Bush Junior.”
O Le Quotidien Jurassien , de Delemont, inquieta-se do que a Europa poderá fazer face a essa América. “O presidente e seus acessores terão o campo livre para conduzir os Estados Unidos como quiserem. A Europa terá de se aplicar se quiser cortas as asas ambiciosas da águia americana nos próximos anos”.
Estado de sítio
O 24 heures, de Lausanne, vê a Europa na armadilha de um império à beira do abismo. “Ao próximo atentado, George Bush só saberá replicar por mais violência ainda. Com esse segundo mandato dado ao homem que encarna a lei das bombas, os Estados Unidos tendem a colocar-se – e com eles todo o Ocidente – em estado de sítio.”
Mais moderado, o Le Temps, de Genebra, questiona que tendência o 43° presidente irá seguir? As mesmas que ouviu depois do 11 de setembro 2001 ou outra, mais moderada. Todos os grandes jornais americanos pediam, quarta-feira, que o presidente abra os olhos para as feridas que sangram a América.”
L’Impartial, de La Claux-de-Fonds, e L’Express, de Neuchâtel,
são mais preocupados com as questões econômicas. «George Bush, o homem das certezas absolutas, tem uma gestão econômica catastrófica. Para não agravar ainda mais a situação sócio-econômica, o presidente Bush é condenado a melhor seu balanço contábil”, afirma os dois jornais.
“Para isso, ele terá de resolver prioritariamente a questão iraquiana e ele não poderá fazê-lo sem passar pela ONU, antes de cuidar da situação econômica do país”, conclui o editorial.
A Tribuna de Genebra comenta: “George W. Bush e essa América neoconservadora que inquieta tanto no planeta estão aí. A reeleição do presidente é uma preocupação pessoal e coletiva (…) porque, fundamentalmente, ele não compreende o mundo como a maior parte de seus contemporâneos.”
swissinfo com agências
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