Suíça quer proteger iraquianos civis
A Conferência Internacional sobre as conseqüências de uma gerra no Iraque, organizada pela Suíça no final de semana, em Genebra, mostrou lacunas nos preparativos humanitários.
A Suíça quer criar dois grupos: um para assuntos humanitários e outro sobre os danos ao meio ambiente.
150 especialistas, representantes de governos e de organizações humanitárias participaram da Conferência, em Genebra, a convite da Suíça. O objetivo era avaliar e coordenar a ajuda humanitaria, caso os EUA e aliados ataquem o Iraque.
Vizinhos pedem recursos
O encontro, lançado pela ministra suíça das Relações Exteriores, Micheline Calmy-Rey, foi organizado pela DDC – direção de desenvolvimeto e cooperação do governo suíço.
A convocação da Conferência havia suscitado grande polêmica mas ela foi justificada pela chefe da diplomacia suíça:”Somente a Suíça poderia promover um encontro desse tipo porque não está envolvida na discussão estratégica da guerra e, por isso, nosso país tem mais liberdade que outros nessa crise”, afirmou Calmy-Rey.
Concretamente, os participantes insistiram na necessidade de aumentar o apoio aos países vizinhos do Iraque. Eles lançaram um apelo ao para a obtenção de recursos, especialmente a Jordânia, durante a Conferência de Genebra.
Pressão pela existência
Os participantes também lembraram aos países vizinhos do Iraque sua obrigação de manterem suas fronteiras abertas em caso de guerra.Alguns observadores duvidavam da utilidade de uma tal conferência. O Iraque não foi convidado, os Estados Unidos recusaram participar e a França aceitou apenas o papel de observador.
Entre uma série de críticas sobre a iniciativa, a ministra das Relações Exteriores Micheline Calmy-Rey reconhece o cepticismo que suscitou :« Era a primeira vez que os países doadores, os países vizinhos do Iraque e as grandes organizações humanitárias se reuniam » declarou a a ministra a swissinfo. Ela diz ainda que se não houvesse anunciado pública e prematuramente a conferência, “nunca teria existido.”
Páreo difícil
Walter Fust, diretor da Direção de Desenvolvimento e Cooperação – DDC – órgão do governo suíço – sublinha a necessidade cada vez maior de financiar as operações humanitárias.”Certos países esperam o início da guerra para pagar o que prometeram e isso é difícil para nós e para os países vizinhos do Iraque”, afirma Fust.
Meio ambiente
O chefe da delegação suíça, Toni Frisch, propôs a criação imediata de um grupo de trabalho sobre o meio ambiente. Ele explicou que, no caso do Afeganistão e de Kosovo, isso foi criado durante o conflito e não deu muito certo.A idéia agora é criar, antes, um grupo de avaliação das conseqüências de uma guerra sobre o meio ambiente. Essas discussões ocorreram esta semana no PUNE, programa da ONU para o meio ambiente.
População muito vulnerável
Os participantes concordaram sobre a urgência da situação humanitaria no Iraque.
Os especialistas consideram que, após 11 anos de embargo, a população iraquiana é bem mais vulnerável do que na primeira Guerra do Golfo, em 1991.60% dos iraquianos dependem diretamente do programa da ONU petróleo contra comida, que seria interrompido em caso de guerra.
“Um conflito prolongado poderia provocar uma crise humanitária de grande extensão”, afirma Walter Fust, diretor da DDC.« Cedo ou tarde, o Conselho de Segurança da ONU terá de modificar a resolução « petróleo contra comida », explica Fust.
Foi o que disse a ministra Micheline Calmy-Rey, em seu discurso de abertura, em Genebra : « está na hora do mundo prestar mais atenção ao destino das populações civis. »
swissinfo, Frédéric Burnand, Genebra
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