Suíços dos Estados Unidos estão divididos nas presidenciais

Kurt Engel, comerciante em Oakley, votará por Barack Obama. swissinfo.ch

Depois das convenções democrata e republicana, começa a reta final da campanha presidencial.

Os norte-amercianos continuam muito divididos entre Barack Obama e John MacCain, inclusive os suíços que swissinfo encontrou na Califórnia. Reportagem.

Depois de Barack Obama na semana passada em Denver, John McCain foi designado por seu partido à presidência dos Estados Unidos, por ocasião da convenção republicana em Saint Paul (Minnesota).

A crise econômica, a impopularidade de George W. Bush e a guerra no Iraque deveriam facilitar a vitória democrata e, no entanto, o candidato republicano está praticamente empatado com Obama nas pesquisas de opinião.

Mais inquietante ainda para Barack Obama: a taxa de indecisos é muito alta. Pouco antes da convenção democrata, ela era de 30%, ou seja, muito maior do que na convenção democrata de 2004, quando o candidato era John Kerry.

Se o partido democrata mostra-se unido depois do apoio de Hillary Clinton, o jovem senador negro demora a “decolar”. Metade dos eleitores de sua ex-rival hesita em votar para Obama e 10% afirmam que podem votar por John McCain. Essa hesitação é notada até na Califórnia, um estado tido como progressista e que terá um peso importante na eleição.

Falta de experiência

“Barack Obama traz algo novo, ele tem carisma e é tão honesto que nem parece um político, mas sua falta de experiência me incomoda”, afirma Kurt Engel, um cidadão norte-americano de origem suíça que tinha votado por Hillary Clinton, vitoriosa na primária democrata da Califórnia. “Se Hillary fosse candidata, eu votaria por ela. Acho que ela merece ser presidente e Obama pode esperar quatro anos”, acrescenta.

Em contrapartida, para esse comerciante de Oakley, que votou republicano em 2004, está excluído votar por John McCain. “Ele tem opiniões conservadoras, notadamente sobre o aborto e as armas de fogo e eu gostaria de ver alguém como ele na Casa Branca”, explica. Ele se contradiz, no entanto, dizendo que “poderia viver com McCain na presidência”.

Em São Francisco, Gene Boscacci, recrutador de talentos, se declara “indeciso”, embora esteja inscrito na lista democrata e tendo votado por Hillary Clinton na primária. “Pela primeira vez, eu não seguirei necessariamente a linha do partido”, afirma esse filho de imigrantes do Ticino (sul da Suíça). “Os debates na televisão serão decisivos para mim”, sublinha.

Muito moderado e muito velho….

Por sua vez, Daniel Mercandon, duplo nacional de Forster City, diz que está decepcionado com a escolha proposta. “Para mim, Obama é muito moderado para ser meu herói; quanto a McCain, ele é muito velho, apesar de ex-militar, e vai continuar a política de Bush”, afirma esse antigo militar que se tornou agente de segurança no Afeganistão.

Com 45 anos, Daniel Mercandon define-se como “um democrata, em princípio”. Ele não votou nas presidenciais anteriores nem na primária deste ano porque estava nas montanhas afegãs. Se tivesse participado, teria votado em Hillary Clinton. “Ela está mais atualizada e tem mais vontade de agir com poucos riscos”, afirma.

Daniel Mercandon votará em novembro, mesmo se “nada mudará realmente”. Obama ou McCain? O ex-militar tende a votar pelo republicano. “É preciso alguém de experiência na Casa Branca. Não sou grande admirador dos republicanos, mas acho que McCain tem um programa e uma bagagem, enquanto Obama se contradiz, não tem experiência e nada propõe de concreto”, opina o norte-americano de origem suíça.

McCain “não é tão velho assim”

Em Sacramento, capital da Califórnia, Tom Gisler, não tem dúvida nenhuma. “Estou inscrito na lista republicana e votarei por John McCain”, afirma. O fato que o republicano seria o mais velho presidente dos Estados Unidos não lhe incomoda.

“A idade de John McCain não me preocupa. Meu avô tirava leite das vacas aos 86 anos e minha avó com 100 anos. Portanto, aos 72 anos, McCain não é tão velho assim, afirma o americano-suíço que tem a mesma idade de Barack Obama.

No início, Tom Gisler preferia Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, para quem votou na primária republicana da Califórnia. Hoje, esse funcionário da companhia de petróleo Chevron se diz certo que “McCain é o melhor e ultrapassa facilmente Obama por sua experiência na política e no governo, por sua competência, sua estabilidade e liderança”.

swissinfo, Marie-Christine Bonzom, São Francisco

Califórnia é 8a economia mundial

Com mais de 36 milhões de habitantes, a Califórnia é o primeiro estado da federação norte-americana em população. Se fosse independente, ela seria a oitava economia mundial (a Suíça é 21a).
A Califórnia é governada desde 2003 pelo republicano Arnold Schwarzenegger, o ex-Terminator. Na capita Sacramento, ele governa com um parlamento de maioria democrata.
O prefeito de São Francisco, o democrata Gavin Newscom, pretende candidatar-se a governador. Deputada democrata de Sao Francisco, Nancy Pelosi, como presidente da Câmara Federal, é a terceira autoridade dos Etados Unidos.
Na primária democrata da Califórnia, Hillary Clinton ganhou (51,47%) de Barack Obama (43,16%). John MacCain ganhou a primária republicana com 42,25% contra Mitt Romney (34,56%).
A Califórnia é o estado com mais alta densidade demográfica de habitantes de origem suíça, à frente de Ohaio, Pensilvânia e Wisconsin. 9.552 suíços são registrados no consulado de São Francisco; a maioria é binacional e 15% estão inscritos como eleitores na Suíça.
(Fontes: Secretaria de Estado da Califórina, Fundo Monetário Internacional, Swissroots e consulado geral de Sâo Francisco).

As duas convenções

Obama: A convenção do Partido Democrata ocorreu em Denver (Colorado), de 25 a 28 de agosto de 2008. Foi concluída pelo discuso do candidadato Barack Obama, em que se comprometeu a corrigir dos erros econômicos dos oito anos de presidência Bush e restabeler a reputação dos Estados Unidos no mundo.

McCain: A convenção do Partido Republicano ocorreu de 1° a 4 de setembro em Minneapolis-Saint Paul (Minesota). Devido o furacão Gustav, os trabalhos da convenção foram reduzidos ao mínimo. John McCain foi oficialemente designnado como candidato à eleição presidencial de novembro.