Suíços votaram como o governo queria

Seis dos sete ministros que formam o governo federal suíço. Keystone

Os eleitores suíços aprovaram no final de semana as reformas do exército e da proteção civil da população, dois projetos do governo, mas rejeitaram as 7 iniciativas populares apoiadas pelos partidos de esquerda.

A participação foi de quase 50%, o que é muito na Suíça, pois o voto não é obrigatório.

No exercício da democracia direta, os suíços costumam ser mais desconfiados de suas próprias iniciativas do que do governo. Em média, os eleitores recusam 90% das iniciativas.

Sinal de alerta

Para uma iniciativa ou um referendo serem aprovados é preciso a dupla maioria, de votos e dos 26 Cantões.

Muitas vezes, os eleitores também votam projetos do governo e do Parlamento mas não foi o caso neste final de semana. O governo foi seguido à risca pelos eleitores e os grandes perdedores foram os movimentos e partidos de esquerda.

Pode ser um sinal de alerta antes eleições legislativas federais de outubro.

Nuclear e Saúde

Os ecologistas perderam a batalha do nuclear, com a rejeição de duas iniciativas, uma mais moderada, outra mais radical, ambas prevendo o fim progressivo das operações das 5 centrais nucleares do país. O povo votou contra a 66% e 58%.

A esquerda queria mudar o sistema atual de prêmios dos seguros de saúde (com tarifas únicas) para um sistema proporcional aos salários. 73% dos eleitores votaram contra.

Aluguéis e aprendizagem

Outra iniciativa da esquerda queria reforçar o direito dos inquilinos (70% da população) prevendo baixa automática dos aluguéis em caso de queda das taxas de hipotecas, como é o caso atualmente.

Mesmo assim, 67% dos eleitores votaram contra, provavelmente com receio de afetar a construção de imóveis para alugar, como ameaçam os adversários da iniciativa.

A iniciativa para melhorar a aprentizagem profissional dos jovens (uma das melhores do mundo) também foi rejeitada por 68% dos eleitores. O argumento dos adversários aí era de que é preciso deixar mais liberdade às empresas para contratarem aprendizes.

A idéia de obrigar os suíços a deixarem o carro na garagem três domingos por ano também não deu certo. Os suíços geralmente não aceitam nada obrigados e 62% dos eleitores rejeitaram o projeto ecologista.

A iniciativa “direitos iguais para os deficientes” também foi rejeitada por 62% com o argumento de as despesas em infra-estrutura seriam muito altas se a iniciativa passasse.

Reformas plebiscitadas

O governo não só venceu recomendando rejeitar as 7 iniciativas como também conseguiu aprovar seus dois projetos.

A reforma do exército, prevendo um efetivo menor e tropas mais adaptadas às necessidades atuais foi aprovada por 76% e a do sistema de proteção civil da população por 80,5%.

swissinfo