Uma guerra sem testemunhas
A engrenagem da guerra começou. Se a previsão é de que o conflito no Afeganistão seja "difícil e longo", as informações sobre conseqüências dos bombardeios são escassas. Pouco se sabe sobre o que esteja realmente acontecendo. Multiplicam-se as reações e os receios de atentados.
A Europa despertou na segunda-feira sem saber as primeiras conseqüências das represálias norte-americanas no Afeganistão. Com o país praticamente fechado aos estrangeiros, as notícias chegam a conta-gotas e um pouco defasadas.
“Mais de 25 mortos”
Segundo a agência Afghan Islamic Press – próxima do regime dos Taleban – mais de 25 pessoas morreram na capital Cabul com os primeiros ataques aéreos (com bombardeios e mísseis Tomahawk) de domingo à noite. A Rádio taleban, captada em Londres, afirmou não ter havido nem vítimas nem estragos “graças a Alá”.
Em Londres, o secretário do Foreign Office (Rel. Exteriores) Jack Straw, disse que os ataques causaram “prejuízos consideráveis”.
Além de Cabul, foram visadas as grandes cidades como Kandahar (sul) – principalmente o aeroporto próximo, uma das fortalezas dos taliban – Mazar-e-Sharif e Kunduz (norte), Jalalabad (leste) Farah (oeste).
Simultaneamente, aviões de carga lançaram alimentos e remédios para a população afegã, segundo fontes militares norte-americanas.
Declarações oficiais
O primeiro objetivo dos ataques é garantir controle do espaço aéreo, disse o Secretário norte-americano da Defesa, Donald Rumsfeld. E o objetivo final, a queda dos taleban.
Rumsfeld acrescentou que os EUA iam reforçar ajuda à oposição ao regime taleban. No norte do Afeganistão, as forças afegãs de oposição lançaram uma grande ofensiva contra o Taleban.
O ministro francês da Defesa, Alain Richard, afirmou que “não haverá forçosamente intervenção terrestre” (norte-americana e aliada).
Os bombardeios norte-americanos, apoiados pelos britânicos, aconteceram porém, num momento em que os Estados Unidos continuam a desembarcar tropas terrestres no Uzbequistão, norte do território afegão.
Ben Laden ameaça
Oussama Ben Laden – considerado o principal responsável pelos atentados de 11 de setembro que deixaram 5500 mortos e desaparecidos – declarou ontem em mensagem pré-gravada que os Estados Unidos não teriam mais paz.
No país, e na Europa, as preocupações com segurança são generalizadas.
Enquanto isso, o Conselho Permanente da OTAN reuniu-se às 10h30 (8h30 GMT) em Bruxelas, em nível de embaixadores, para um primeiro balanço dos ataques norte-americanos.
Domingo à noite, porta-voz da aliança militar ocidental declarou que a OTAN não estava diretamente envolvida nos ataques americanos e britânicos no Afeganistão.
Opinião pública nos EUA aplaude
Nos Estados Unîdos 94% da população aprovou as represálias. Oss jornais de segunda-feira justificaram os ataques, realçando que as represálias eram apenas o início de longa e difícil campanha anti-terrorista.
No mundo em geral, apenas 3 países condenaram os ataques: Irã, Iraque e Vietnã. Outros, como o Paquistão e China limitam-se a fazer restrições.
swissinfo com agências
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