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Vitória absoluta para Barack Obama

Barack Obama com sua família apresenta-se em Chicago já como novo presidente dos EUA. Keystone

O candidato democrata Barack Obama venceu as eleições na quarta-feira com uma vitória histórica e avassaladora sobre seu adversário republicano John McCain.

Aos 47 anos, ele se torna o primeiro afro-americano eleito presidente dos Estados Unidos.

Desde o momento em que a vitória de Obama foi confirmada, cenas de júbilo explodiram em várias cidades americanas. Um imenso clamor espalhou-se pelo parque de Chicago, onde o candidato democrata discursaria para os seus eleitores. Milhares de pessoas reunidas no Grant Park deram vazão à sua alegria e emoção agitando bandeiras americanas e cartazes com slogans como “Yes we can” (Sim, nós o podemos), do senador de Illinois.

O atual presidente George W. Bush telefonou para seu sucessor com o objetivo de felicitá-lo pela vitoria no final de uma “fantástica” noite eleitoral, indicou a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino. Milhares de pessoas reuniram-se frente às grades da residência presidencial gritando palavras de ordem como “Obama, Obama”.

O adversário republicano de Barack Obama, John McCain, reconheceu sua derrota, indicando aos seus correligionários, reunidos em Phoenix (Arizona) que ele também havia felicitado Obama. Suas palavras foram recebidas com assobios e vaias.

“Esta derrota é minha e não a de vocês. Eu teria desejado um resultado diferente”, declarou o senador do Arizona, acompanhado por sua esposa Cindy e sua companheira de campanha, a candidata a vice-presidente Sarah Palin. “O povo americano deu seu voto, e claramente”, acrescentou o político de 72 anos, que poderia ter se tornado o presidente mais idoso a chegar a Casa Branca. Porém sua experiência, um fator utilizado por ele para comparar-se ao seu rival Obama, não foi suficiente para convencer o eleitorado.

“Foi uma eleição histórica. Eu reconheço o significado particular que ela teve para os negros americanos, o orgulho que eles devem estar tendo esta noite”, refletiu. Os canais de televisão não esperaram os resultados da costa oeste para anunciar a vitória do senador de Illinois, que tem apenas 47 anos.

Situação difícil

O presidente eleito, que assumirá suas funções em 20 de janeiro próximo, vai herdar uma situação econômica extremamente difícil. Os Estados Unidos, e o mundo no seu rastro, atravessam a mais grave crise financeira desde 1929. O país conduz atualmente duas guerras, no Iraque e no Afeganistão.

Barack Obama prometeu reduzir os impostos para 95% dos assalariados, engajar uma política de grandes investimentos em infra-estrutura e garantir uma cobertura de saúde para toda a população. No plano internacional, ele também prometeu retirar os soldados americanos do Iraque “de maneira responsável” no prazo de 16 meses e de concentrar os esforços na luta contra a Al-Qaeda e os Talibãs.

Suas tarefas poderão ser facilitadas por um Congresso que permaneceu sob maioria democrata. O eleitorado americano também foi conclamado a renovar um terço do Senado e, segundo os resultados parciais, os democratas conseguiram tirar cinco assentos dos republicanos no Senado, o que lhes permite aumentar a maioria de 56 cadeiras sobre 100.

Os democratas também reforçaram sua maioria da Câmara dos Representantes. Os americanos mobilizaram-se em massa para escolher o sucessor do mais impopular presidente da história dos EUA, George W. Bush.

Escolha pelo futuro

Com o anúncio dos resultados finais das eleições, mensagens de felicitação fluíram do mundo inteiro.

Da lado suíço, Pascal Couchepin estimou durante uma entrevista dada à Rádio Suíça que a eleição de Barack Obama é a “escolha do futuro”. Para o ministro do Interior e atual presidente da Confederação Helvética, trata-se de uma opção necessária.

Ao eleger um presidente negro e um vice-presidente católico, “os Estados Unidos mostraram que são capazes de abrir novas fronteiras”, declarou Couchepin. Segundo ele, “o novo presidente é capaz de tomar em consideração os interesses de outros países” melhor do que a administração atual.

Questionado sobre o futuro da disputa fiscal entre Washington e Berna, o ministro do Interior estimou que “a pressão não vai baixar. Os EUA defendem, em primeiro lugar, seus próprios interesses e Barack Obama é capaz de métodos temíveis”, declarou.

Problemas econômicos

Para Barack Obama, um dos principais problemas é a crise econômica e o déficit que o atual presidente deixa nas contas públicas.

Quando Bush assumiu o poder, em 2001, herdou um superávit de US$ 651 bilhões, mas vai deixar o orçamento com déficit recorde de US$ 438 bilhões, sem levar em consideração o pacote de estímulo econômico no valor de US$ 700 bilhões.

Mas não é só o déficit que traz preocupação. Qualquer um que ocupe o cargo vai ter que buscar uma maneira de estimular o crescimento econômico e devolver o otimismo aos americanos, que deixaram de consumir preocupados com a insegurança trabalhista e o medo de que as coisas possam piorar.

As estatísticas não mentem. Segundo cifras oficiais, o gasto dos consumidores, que nos Estados Unidos representa mais de dois terços do PIB, caiu 3,1% no último trimestre – a primeira queda em 17 anos e a maior em 28 anos. A queda de 6,4% no gasto de consumo com bens não-duráveis foi a maior desde 1950.

À situação econômica se unem várias tarefas pendentes que Bush deixa sem resolver. Uma delas é a guerra no Iraque e no Afeganistão.

swissinfo com agências

Barack Obama venceu as eleições presidenciais de 2008, tornando-se no 44º Presidente dos Estados Unidos da América, ao conquistar mais de 330 votos eleitorais, ou seja, mais do dobro das representações conseguidas pelo seu adversário republicano no colégio eleitoral.

Segundo os dados recolhidos pela edição online do diário “The New York Times”, e quando não estão ainda atribuídas em definitivo as vitórias em seis estados, o candidato democrata têm garantida a vitória em 26 estados, o que equivale a um total de 338 dos 538 votos no colégio eleitoral.

A taxa de participação chegou a um nível “sem precedentes” em vários Estados-chave. Alguns especialistas estimam que entre 130 e 135 milhões de eleitores possam ter votado, contra 120 milhões em 2004.

Não apenas Barack Obama conservou os Estados ganhos por pelo candidato democrata John Kerry há quatro anos, mas também conquistou vários rincões republicanos como Ohio e a Flórida, que haviam votado por George W. Bush em 2000 e 2004, assim como a Virgínia, que desde 1964 não escolhia um candidato democrata às eleições presidenciais. Ele também ganhou em Novo México, Colorado e Iowa, três Estados ganhos por Bush em 2004.

M. McCain venceu no Kentucky, Carolina do sul, Tennessee, Oklahoma, Arkansas, Alabama, Geórgia, Dakota do norte, Wyoming, Louisiana, Virgínia ocidental, Texas, Mississippi, Missouri, Utah, Nebraska e no Kansas.

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