Vermes da extrema-direita criam polêmica até mesmo internamente
Um cartaz de campanha para o Partido Popular Suíço, de direita conservadora, dividiu opiniões mesmo dentro do partido. A imagem revelada no domingo é de uma maçã com uma bandeira suíça sendo comida por vermes que representam os adversários do partido.
- Deutsch Der Apfel der konservativen Rechten sät Zwietracht
- Español La manzana de la discordia de la derecha conservadora
- Français La pomme de la droite conservatrice crée la discorde (original)
- عربي "تفاحة" اليمين المحافظ تثير الجدل في سويسرا
- Pусский «Червяки и яблоко», или Швейцарские консерваторы на предвыборной тропе
- English Right-wing apple opens can of worms
- 日本語 選挙ポスターにイモムシは不適切? 国民党に批判殺到
- Italiano Il pomo della discordia della destra nazional-conservatrice
O cartaz apresentado dois meses antes das eleições federais mostra a maçã comida por cinco vermes com as cores da União Europeia e dos outros principais partidos políticos. "Vamos deixar a esquerda e os 'bonzinhos' destruir a Suíça", pergunta o slogan em alemão.
O slogan em francês, ligeiramente diluído, pergunta: "Vermes na nossa maçã? Não, obrigado!"
"Lembrança de tempos sombrios"
Desde domingo, o cartaz tem sido alvo de duras críticas nas redes sociais de língua alemã. Para alguns, a imagem é grosseira, nojenta e mostra falta de novas ideias.
Outros também consideram que ela tem semelhanças "de muito mau gosto" com elementos da propaganda nazista. No Twitter, vários internautas apontaram que, na década de 1930, imagens de parasitas e até mesmo especificamente da maçã infestada de vermes foram usadas para desumanizar os judeus.
"Isso nos lembra de tempos muito, muito sombrios", "tuitou" um usuário em resposta ao pôster da campanha do Partido Popular. "Comparar oponentes políticos com animais, e até mesmo vermes, cheira muito fortemente a propaganda nazista", disse outro.
"Quem vai nos levar a sério?"
Críticas ferozes foram aventadas nos outros partidos políticos, mas também dentro do próprio Partido Popular. Vários membros eleitos do partido a nível cantonal e nacional têm chamado o cartaz da campanha de "desajeitado", "excessivo" e "contraproducente". "Nestas imagens, não é a esquerda nem os bonzinhos que vemos, mas sim os vermes que devem ser exterminados", escreveu o parlamentar do Partido Popular, Claudio Zanetti, no Twitter. "O que você espera dessas imagens indescritíveis? Quem nos levará a sério?
O deputado federal pelo Partido Popular Thomas Hurter disse ao site Nau.ch que ele acha que a imagem é "deslocada e insensível". "Pura calúnia" não corresponde ao "nosso estilo suíço", disse ele, acrescentando que a mensagem era incompreensível.
O ex-presidente do partido no cantão de Schaffhausen Pentti Aellig discordou diretamente do presidente nacional do Partido Popular, Albert Rösti. "Em Schaffhausen, 35% dos eleitores votam no Partido Popular porque nos abstemos deste tipo de cartaz de campanha. Pense em todas as comissões supra-partidárias e na junção das listas de eleitores - e pare já esta campanha."
Os parlamentares do Partido Popular Francófono contactados pela televisão pública suíça RTS pareceram um pouco menos críticos, com exceção do deputado federal Jean Pierre Grin, que disse que achou a mensagem "um pouco chocante" e que um cartaz de campanha deveria antes passar uma mensagem positiva.
"A linda maçã suíça está sendo carcomida"
Indagado no domingo pelo jornal Sonntagsblick, o presidente do Partido Popular, Albert Rösti, defendeu a campanha, afirmando que o seu objetivo era realçar as ameaças que o país enfrenta, em particular o "acordo-quadro com a UE" e "os excessos do debate sobre o clima". A bela maçã suíça está sendo carcomida", afirmou.
O deputado bernense Werner Salzmann (SVP) argumentou no jornal de língua alemã Tages-Anzeiger que a controvérsia resultou de uma má interpretação da imagem dos vermes, uma vez que não eram vermes, mas "seres vivos que pertencem ao ciclo da natureza".
Esta não é a primeira vez que os materiais de campanha do Partido Popular estão nas notícias. Em 2007, o visual das ovelhas negras foi objeto de um amplo debate. Em 2009, o cartaz da campanha anti-minarete chegou a ser proibido em várias cidades suíças.

Em conformidade com os padrões da JTI
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch