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Presença do movimento social latino-americano no G-8

Ativistas sociais da América Latina presentes nas manifestações anti-G8 em Genebra. Keystone

Grupos e movimentos sociais da América Latina participam do encontro "altermondialista" em Genebra, que ocorre paralelamente com o G-8.

“Chegamos em Genebra para compartilhar da mesma utopia dos movimentos sociais europeus…”, afirma a líder indígena equatoriana Blanca Chacoso.

Chefes de Estado reunidos durante os encontros do G-8 não estão sozinhos: grupos e movimentos sociais vindos de todas as partes do mundo encontram-se em Genebra e em Annemasse, França, para discutir soluções para os problemas do mundo.

Para marcar sua presença, os “altermondialistas”, como se definem os diversos grupos críticos em relação a globalização e encontros de países ricos, organizaram não só protestos de ruas, mas também toda uma programação de eventos, que incluem palestras, shows e reuniões.

Os dois grandes protestos ocorreram em Lausanne, no sábado, e em Genebra, no domingo, e deixaram lembrança. Mesmo se grande parte dos manifestantes mostraram sua posição contrária ao encontro do G-8 de forma pacífica, uma minoria, em grande parte formada por jovens, promoveu quebra-quebras nas duas cidades. “Sangue, cerveja e fogo – punks de Zurique destroem Genebra e anarquistas de Berna quebram Lausanne” foi o título publicado pelo jornal popular Blick de segunda-feira.

Porém os “altermondialistas” também organizaram eventos, onde participam grupos e movimentos sociais do mundo inteiro.

Solidariedade entre os povos

“Chegamos em Genebra para compartilhar da mesma utopia dos movimentos sociais europeus, para escutarmos, para que nos entendam melhor”, explica Blanca Chancoso, membro da Conferência Nacional Indígena do Equador (CONAIE).

“É importante unir a voz dos povos de todo o planeta para reduzir a imposição vertical dos governos”, ressalta Blanca.

A representante indígena faz parte do secretariado executivo do Fórum Social Mundial e partipou do “Tribunal Internacional da Dívida”, que ocorreu no sábado na Universidade de Genebra.

“Aprofundar ainda mais a reflexão”

Convidado de honra e um dos principais expositores no “tribunal”, o argentino Alejandro Teitelbaum chegou a Suíça procedente de Lyon, França.

Coordenador da “Associação Americana de Juristas Democráticos”, Teitelbaum sublinhou a necessidade prioritária para o movimento social internacional, de “aprofundar uma reflexão pendente e não cair em frases ou conceitos repetidos”.

“Quando vemos a explosão social do Peru nesses últimos dias, ou constatamos o auge do protesto sindical na França em defesa da previdência social, nos confrontamos com a necessidade de dar um passo adiante na reflexão. Do contrário nos corremos o risco de não compreender nada e que a história escape pelas nossas mãos”.

Para Teitelbaum, qualquer proposta mundial deve partir das dinâmicas nacionais. “Em cada país, tudo dependerá da relação de forças internas entre o poder e o movimento social”.

O que significa a dinâmica social? O argentino afirma: – “Simplesmente é ter em conta as reivindicações específicas das pessoas, o que as motiva, preocupa e mobiliza. Por exemplo: o tempo e a jornada de trabalho, o desemprego, o sistema social, a sobrevivência cotidiana, etc”.

Para Teitelbaum, o desafio prioritário do movimento social latino-americano e mundial e “de clarificar as idéias. Muitos falam que um outro mundo é possível, porém essas pessoas não conseguem explicar o que consiste esse novo mundo. Devemos superar a confusão”.

Intercâmbio entre os dois continentes

O intercâmbio entre a América Latina e a Europa é essencial para poder “entender que, o que acontece aqui está intimamente ligado com o que vivemos cada dia no nosso continente”, enfatizou Ivoris Moraes, membro da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), no Rio Grande do Sul, Brasil.

Sintetizando as expectativas de muitos, dos novos atores sociais latino-americanos, Ramiro Arroyave, secretário internacional da União Nacional dos Empregados Bancários da Colômbia, trouxe uma mensagem clara para o público suíço e europeu, presentes nas jornadas de reflexão anti-G8:

“Todos nós somos responsáveis por tudo o que acontece nesse mundo. Todos podemos fazer mais para melhorar a situação dos povos do sul e dos excluídos do norte. Todos nós devemos tentar superar a tragédia colombiana dos milhares de mortos políticos a cada ano.

swissinfo, Sérgio Ferrari e agências.

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