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Casa própria na Suíça não sai do sonho

Os preços das moradias continuaram a subir na Suíça. Como resultado, o sonho da casa própria está se tornando cada vez menos acessível, especialmente devido a restrições regulatórias, de acordo com um estudo do banco Raiffeisen. 

Este conteúdo foi publicado em 20. agosto 2019 minutos
swissinfo.ch
Morar em seu próprio imóvel está cada vez mais difícil na Suíça © Keystone / Salvatore Di Nolfi

Tradicionalmente caros, os preços dos imóveis na Suíça continuam a subir. Ao longo de um ano, os preços das casas subiram cerca de 5% no segundo trimestre e os preços dos apartamentos em 1,6%, disse o banco suíço Raiffeisen. 

Rendimento insuficiente 

As taxas de hipoteca estão em um nível historicamente baixo. Nunca foi tão vantajoso pedir emprestado para comprar uma propriedade. No entanto, isto já não é suficiente para estimular a compra da casa própria. 

"As restrições regulatórias e a evolução rápida dos preços estão obrigando os potenciais compradores a fornecer mais capital próprio e ter rendimentos cada vez mais altos para conseguir obter um financiamento hipotecário", observa Martin Neff, economista do Raiffeisen, a terceira maior instituição financeira suíça. A proporção de pessoas com um patrimônio suficiente para comprar uma casa varia entre 18% e 44%, dependendo do cantão, segundo os cálculos do banco.

Além disso, é necessário um salário significativo para cobrir os custos resultantes desta aquisição, o que "se revela um obstáculo difícil, ou mesmo intransponível, na maioria dos casos". Conforme esses cálculos, para uma casa de 1 milhão de francos, com capital próprio de 200.000 francos, é preciso ganhar um salário anual mínimo de 176.000 francos. 

Condições para um empréstimo

Na Suíça, um banco geralmente só aceita financiar a compra de uma residência principal até 80%. Os 20% restantes devem ser fornecidos pelo cliente (capital próprio).

Enorme montante da dívida

O mercado suíço tem outra particularidade: as dívidas hipotecárias são pagas muito lentamente. Em muitos países, espera-se que uma dívida hipotecária seja reembolsada dentro de uma geração, 20 a 25 anos. Na Suíça, muitas vezes uma vida não é suficiente e a dívida, que está ligada à propriedade comprada e não ao comprador, é passada para a próxima geração.

Há duas razões para isso. Primeiro, os preços dos imóveis tornaram-se tão altos que é difícil reembolsá-los rapidamente. Em segundo lugar, o sistema fiscal cria um incentivo à dívida, principalmente ao permitir que os juros hipotecários sejam deduzidos do rendimento tributável.

Como resultado, a Suíça tem um dos maiores índices de endividamento pessoal do mundo. No final do ano passado, a dívida hipotecária excedeu o limite simbólico de um trilhão de francos.

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Até 1° de julho de 2013, este capital próprio poderia provir inteiramente de uma retirada antecipada do fundo de pensão profissional. Mas, desde então, pelo menos 10% do capital próprio devem provir de outra fonte (poupança, fundo de pensão privado, empréstimo familiar). Esta medida foi solicitada pelo governo para limitar os riscos de uma bolha imobiliária e preservar os ativos das pensões.

Esta mudança torna mais difícil a compra de um imóvel. O candidato a proprietário deve retirar 10% do capital do seu bolso e continuar a pagar os diversos custos que chegam a 4% do preço de venda e que não podem provir do fundo de pensões. Assim, no caso de uma propriedade no valor de 1 milhão de francos, deve pagar 140.000 francos.

O banco também calcula qual será o custo do empréstimo. Ele tem por base uma taxa de juro de referência de 5% (média de vários anos), uma amortização da dívida de 1% ao ano e custos de manutenção de 1% ao ano do valor do imóvel. O empréstimo só será concedido se esses encargos não representarem mais de 33% do rendimento bruto anual do comprador.

Se usarmos nosso exemplo anterior, o banco calculará uma taxa de 40.000 francos para a hipoteca (5% do empréstimo de 800.000 francos), 10.000 francos para a depreciação (1% de 1 milhão) e 10.000 francos para a manutenção (1% de 1 milhão), num total de 60.000 francos por ano. No entanto, para cobrir esses custos, a renda familiar deverá ser três vezes maior, o que corresponde aproximadamente ao salário anual mínimo de 176.000 francos calculado pelo Raiffeisen.


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