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Surpresa e polêmica na premiação de Locarno

Cartaz de "Abrir portas e janelas" pardo.ch

O filme argentino-suíço “Abrir portas e janelas “ (Back to Stay), de Milagros Mumenthaler, ganhou o Leopardo de Ouro, prêmio principal do Festival Internacional de Locarno, o mais importante da Suíça. O resultado foi uma surpresa para a crítica.

Ao responder a pergunta de um jornalista em coletiva à imprensa acerca da não premiação do documentário “Voo Especial”, do suíço Fernand Melgar, o presidente do júri, Paulo Branco, considerou-o “um filme fascista”.

Sob a direção do francês Olivier Père, o Festival Internacional do Filme de Locarno gosta de surpreender. O júri da edição 2011 confirmou essa tendência ao atribuir um Leopardo de Ouro inesperado a “Abrir portas e janelas”, uma coprodução suíça-argentina.

Questionada pela agência de notícias ats, a diretora Milagros Mumenthaler disse que ficou surpresa com a premiação de seu primeiro longa metragem. A última vez que uma produção suíça ganhou o primeiro prêmio em Locarno foi em 2006, com “Das Fräulein” de Andrea Staka.

“Abrir portas e janelas” conta a história de três irmãs de luto pela morte do avô. O filme fala dos receios dúvidas na evolução das três adolescentes, mas é filmado em câmera fixa, exigindo muita pacientes do espectador. Um crítico suíço escreveu que se trata de “um chimarrão morno, que a gente pode beber, mas que não serve para nada”.

Maria Canal, que faz o papel de uma das irmãs, ganhou o prêmio de interpretação feminina do júri de Locarno.

Havia 20 filmes em competição e o presidente do júri, Paulo Branco, disse que o filme vencedor é “um sucesso completo e maduro para uma primeira obra”.

Milagros Mumenthaler nasceu na Argentina, viveu na Suíça até os 17 anos e depois voltou para o Argentina.

Visita ao embaixador

No segundo concurso em importância em Locarno, dedicado aos “Cineastas do presente”, o leopardo de ouro foi atribuído a “L’estate di Giacomo” do italiano Alessandro Comodin.

“O embaixador & eu” de Jan Czarlewski, ganhou o prêmio de melhor curta metragem suíço, escolha que também surpreendeu os críticos.

No filme, o próprio , Jan Czarlewski visita seu pai, embaixador da Polônia na Bélgica. O diplomata, extenuado, acaba aprovando o projeto do filho, mas a contragosto.

Polêmica

Enfim o presidente do júri, Paulo Branco, acabou criando polêmica na coletiva à imprensa depois da premiação. Ao responder a pergunta de um jornalista acerca da não premiação do documentário “Voo Especial”, do suíço Fernand Melgar, o presidente do júri, Paulo Branco, considerou-o “um filme fascista por ter dado a palavra aos “carrascos”.

Ora, o filme de Melgar, que fala da imigração na Suíça, emocionou o público em Locarno, que não o viu como o presidente do júri. A própria presidente da Suíça, Micheline Calmy-Rey, disse à imprensa que ficou emocionada com o realismo do filme, único documentário em competição em Locarno. Certos críticos elogiaram o filme pelo fato de captar um problema com virtudes humanas e cinematográficas, sem julgar, e que vai causar um debate democrático na Suíça.

A 64a edição do Festival Internacional do Filme d Locarno, sul da Suíça, ocorreu de 3 a 13 de agosto.


 260 filmes foram projetados –  200 longas metragens e 60 curtas, entre eles 40 estreias mundiais.


20 filmes foram projetados na Piazza Grande, entre eles “Super 8” de J.J. Abrams a “Et si on vivait tous ensemble?” de Stéphane Robelin, recentemente premiado em Cannes.
 
32 filmes suíços foram projetados, três deles em concurso internacional.

 
20 filmes participaram do concurso internacional, dos quais 14 em estreia mundial.  

 
3 prêmios foram atribuídos para o conjunto da carreira: Claudia Cardinale, o diretor suíço Claude Goretta e o ator suíço Bruno Ganz.
 
3 prêmios especiais: Leopardo de honra para Abel Ferrara; Prêmio Raimondo Rezzonico a Mike Medavoy; Excellence Award a Isabelle Huppert.
 
20 estrelas do cinema participaram da 64a edição do Festival Internacional do Filme de Locarno.

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