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UBS adota sistema de bônus e cortes para executivos

Entrada do UBS em Zurique: o banco impõe obstáculos aos bônus. Keystone

Abalado pela crise financeira e socorrido pelo Estado, o maior banco suíço anuncia um sistema salarial que remunera o bom desempenho dos executivos e os castiga quando trabalham mal.

Críticos afirmam que o novo sistema de remuneração não impede excessos, visto que o UBS não estabelece um teto salarial. O banco perdeu 45 bilhões de francos suíços no ano passado em negócios arriscados e de curto prazo.

Em conseqüência da crise financeira, nenhum membro da direção do banco receberá bônus em 2008. O presidente do conselho de administração do banco, Peter Kurer, passa a ter apenas um salário fixo – uma parte em espécie e outra em ações.

Além disso, o banco pretende introduzir a partir do próximo ano um chamado sistema de “bônus-malus” para os executivos. O bom desempenho será remunerado, o mau desempenho castigado. Se o conglomera financeiro tiver prejuízo e for obrigado a fazer fortes correções de balanço, haverá cortes para os funcionários do alto escalão.

A remuneração variável também será reduzida nos casos em que o executivo desrespeitar as normas do banco, fizer negócios muito arriscados ou não atingir as metas individuais de performance. Esse tipo de cortes é inédito no setor bancário. Os acionistas também terão um papel consultivo em questões salariais.

Menos burocracia, mais transparência



Peter Kurer defendeu com quatro argumentos o novo sistema de remuneração, que teria a bênção da Comissão Federal de Bancos, mas ainda depende de aprovação pela assembléia geral dos acionistas, marcada para 27 de novembro. “Ele é mais simples porque é uniforme; sem burocracia porque é transparente; modesto porque evita excessos salariais; e favorece os clientes porque é voltado ao sucesso sustentável da empresa.”

O UBS, porém, é criticado por não estabelecer um teto para as bonificações. Kurer disse apenas que “o pool dos bônus será bastante reduzido”. Os maiores cortes, além da diretoria, estão previstos para ocorre no setor de investimentos, onde há os maiores excessos salariais. O pessoal da área de contas privadas deverá ser poupado.

“Vamos mudar o sistema salarial de forma a não perder funcionários importantes”, disse Kurer. Ele também está convencido de que outros bancos seguirão o exemplo do UBS. “Em toda a indústria financeira não serão mais pagos os mesmos salários no futuro.”

Tentando recuperar a confiança



Kurer disse também que o ex-CEO do UBS, Peter Wuffli, não foi o único a renunciar a uma indenização (de 12 milhões de francos) a que tinha direito. O banco estaria negociando “sigilosamente” a devolução de bonificações por outros ex-diretores e executivos.

A reformulação da política salarial ocorre depois de o banco ter sido duramente criticado após a revelação de que gerentes de alto escalão recebiam bônus anuais de milhões de francos, enquanto investiam em papéis podres nos EUA, o que forçou o UBS a buscar um resgate de 68 bilhões de francos do governo no mês passado.

Com a medida, o banco também pretende reconquistar a confiança perdida durante a crise financeira, quando muitos clientes sacaram suas contas no UBS e depositaram suas poupanças nos bancos estaduais suíços.

swissinfo com agências

Com uma participação de 15% no Produto Interno Bruto e responsável por 16% da arrecadação de impostos, o setor financeiro é o mais importante da economia suíça.

Os 200 mil empregos do setor representam 5% de todos os emprego no país.

Segundo Josef Ackermann, suíço que preside o Deutsche Bank (maior banco privado da Alemanha e da Europa), é inadmissível que os bancos recebam dinheiro do Estado e não mudem seu sistema de remuneração.

Mas a decisão sobre a forma de compensação para os funcionários deve ser tomada pela direção dos bancos e não por órgãos governamentais, disse em entrevista ao jornal NZZ am Sonntag.

Mais da metade dos 83.560 funcionários do UBS detêm ações da própria empresa, 40% possuem opções (no total, isso representa um bloco de 7% do capital do banco).

Também eles perderam muito dinheiro com a crise. Em junho de 2007, uma ação do UBS valia 80,40 francos suíços (valor recorde); nesta terça-feira (18/11), foi registrada a cotação mais baixa da história da instituição: 13 francos por volta do meio-dia.

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