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Vinhos brasileiros aumentam presença no mercado suíço

Tecnologia na Serra Gaúcha, a região mais tradicional da vitinicultura brasileira AFP

Os vinhos produzidos na Suíça se enquadram reconhecidamente entre os melhores do mundo, embora a produção seja pequena e vendida sobretudo no mercado interno.

Isso não impede que o exigente público consumidor suíço tenha a sua disposição um leque cada vez mais amplo de opções de vinhos importados, inclusive do Brasil.

Além de alguns excelentes e já tradicionais vinhos produzidos nas vizinhas França, Itália e Alemanha, podem ser encontrados nas prateleiras dos principais supermercados de toda a Suíça vinhos importados do Oriente Médio, das Américas do Sul e do Norte e da Austrália, entre outros.

O Brasil é um dos destaques entre os países emergentes na produção de vinho e começa a conquistar uma pequena fatia do mercado suíço, com ênfase nos segmentos de espumantes e vinhos finos. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o segmento dos vinhos finos é um dos que mais crescem no país.

Em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), através do projeto Wines from Brazil, o Ibravin investiu nos últimos três anos cerca de US$ 5 milhões para a promoção das exportações dos vinhos finos brasileiros.

O resultado do investimento já pôde ser percebido em 2009, quando as vendas de rótulos finos para o exterior atingiram a marca de US$ 5 milhões, recuperando em apenas um ano o montante total investido: “É uma marca bastante importante para as pequenas empresas e empresas familiares que entraram no mercado mundial através do projeto e rapidamente conseguiram exportar”, comemora Carlos Paviani, que é diretor-executivo do Ibravin.

O projeto Wines from Brazil conta com 37 empresas filiadas, sendo que 21 delas já efetivaram exportações. No seleto segmento de vendas de vinhos finos, segundo o Ibravin, a Suíça aparece como um dos principais destinos dos produtos brasileiros, atrás somente da Inglaterra e dos Estados Unidos e à frente de países como Alemanha, República Tcheca, Holanda e Canadá, entre outros.

Caso de sucesso

O maior exemplo do crescimento dos vinhos brasileiros no mercado suíço é a marca Miolo, produzida no Rio Grande do Sul, que ganhou medalha de prata no Concurso Mondial Pinot Noir 2010, realizado entre os dias 20 e 22 de agosto na cidade suíça de Sierre. Além da premiação, o Grupo Miolo acaba de anunciar resultados do primeiro semestre de 2010 onde a Suíça já aparece como o terceiro destino internacional dos vinhos da marca, perdendo apenas para Inglaterra e Holanda.

Segundo a direção da empresa brasileira, foram exportadas para a Suíça no primeiro semestre de 2010 doze mil garrafas da marca Miolo, número que representa cerca de 8% do total da produção enviada ao exterior. Para se ter uma comparação, a Inglaterra, que é a maior importadora de vinhos brasileiros de diversas marcas, comprou no primeiro semestre deste ano 54 mil garrafas de vinhos Miolo, ou cerca de 35% da produção da marca destinada à exportação.

Gerente de Exportação do Miolo Wine Group, Fabiano Maciel afirma que a expectativa da empresa é de um forte incremento das exportações para a Suíça nos próximos anos: “Em termos absolutos, o volume de garrafas exportadas para a Suíça pode não parecer ainda tão significativo, mas é muito importante porque sabemos que o mercado suíço é composto por consumidores com alto poder aquisitivo e que prezam geralmente pela qualidade do vinho”.

Apostando na qualidade, a Miolo optou por exportar para a Suíça alguns de seus vinhos mais requintados, como os rótulos Premium, Super Premium, Ultra Premium e Ícone: “Os vinhos Miolo mais apreciados pelos suíços são o Quinta do Seival Cabernet Sauvignon, o Miolo Lote 43 e o espumante Brut Millèsime”, afirma Maciel.

Parcerias

O principal parceiro do Grupo Miolo na Suíça é o importador e distribuidor Massimo Nestico, da Weinkellereien, sediada no cantão de Aarau. Outro parceiro da empresa brasileira, este mais recente, é o Grupo Manor: “Os nossos produtos são distribuídos em toda a Suíça, mas principalmente na região norte do país”, diz Fabiano Maciel.

Segundo Maciel, conquistar o mercado suíço é tarefa de grande importância para a Miolo e para outras marcas de vinho brasileiras que atravessam um momento de aumento das exportações: “Conquistar uma fatia do mercado na Suíça trata-se de um atestado de que produzimos no Brasil vinhos de altíssima qualidade e que podem competir com qualquer outro grande player do mercado internacional de vinhos”.

O executivo do Grupo Miolo é um entusiasta da qualidade do vinho produzido no Brasil: “Nosso espumante é considerado pelos suíços tão bom quanto os melhores champagnes franceses. Pudemos observar isso por diversas vezes durante eventos organizados por nossos parceiros na Suíça. Outra prova de que o Brasil tem um futuro promissor no mercado internacional de vinhos, e na Suíça em particular, são as premiações recebidas pelos vinhos brasileiros nos últimos anos”, diz.

Maciel faz referência ao prêmio conquistado na edição deste ano do Concurso Mondial Pinot Noir, que acontece na Suíça. O vinho Miolo Reserva Pinot Noir 2009 foi um dos agraciados _ o único produzido no Brasil _ com a medalha de prata no prestigiado evento realizado em Sierre. Para a Miolo, esse reconhecimento tem um significado especial, uma vez que os vinhos produzidos a partir da cepa Pinot Noir têm seu sabor e aroma sutilmente influenciados pelo terreno onde as uvas são plantadas.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), os vinhos produzidos no Brasil começam a conquistar pequenas fatias de mercado em várias partes do mundo, com destaque para o segmento de espumantes.

Segundo o instituto, em 2010 duas dezenas de marcas brasileiras foram exportadas para 22 países.

Considerando-se todos os tipos de vinho, os Estados Unidos, a Inglaterra, a Alemanha e a República Tcheca são os maiores consumidores de vinhos brasileiros.

Quando começou, o projeto de incremento das exportações Wines from Brazil tinha seis marcas como associadas: Miolo, Salton, Bacardi Martini, Aurora, Lovara e Casa Valduga. Atualmente, segundo a Apex-Brasil, já são 37 as empresas produtoras envolvidas no projeto.

O objetivo dos exportadores brasileiros é dar continuidade ao processo de expansão das exportações.

Para 2010, os mercados-alvo prioritários para o projeto são a Polônia e a Suécia.

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