Cirurgiões suíços operam com modelo tridimensional
Pesquisadores da Universidade de Berna e da clínica Inselspital planejam cirurgias complexas do fígado com o uso de um modelo tridimensional impresso em gesso.
Através de um projeto do Fundo Nacional Suíço (SNF), essa tecnologia originalmente usada na fabricação de peças-modelo na indústria conquista as salas de cirurgia.
A preparação de cirurgias complexas exige muito poder de imaginação espacial dos médicos. Por isso, pesquisadores do Centro de Pesquisa em Engenharia Biomédica (Artorg) da Universidade de Berna e clínicos do Inselspital seguem um novo caminho: eles planejam difíceis operações de tumor do fígado num modelo 3D impresso.
A nova tecnologia, originária da indústria de peças, é aplicada na medicina no âmbito do projeto Computer-aided and image guided medical interventions (NFS Co-Me) do Fundo Nacional Suíço, a principal instituição helvética de fomento à pesquisa.
Já faz parte da rotina nas salas de cirurgia recorrer às imagens da tomografia computadorizada, à ressonância magnética ou ao ultrassom na fase pré-cirúrgica. Com isso, os médicos obtêm uma imagem bastante precisa da situação no interior do corpo antes do primeiro corte.
Potentes computadores calculam, passo a passo, os dados escaneados para uma representação tridimensional da anatomia. Um software especial permite analisar em diferentes ângulos e profundidades os dados tridimensionais na tela do computador. Estruturas anatômicas são diferenciadas por cores e podem ser ocultadas seletivamente.
Limites da imaginação
Em alguns casos, por exemplo, quando precisa ser retirado mais de um tumor, a situação antes da operação é tão complexa que também cirurgiões experientes esbarram no limite de sua capacidade de imaginação, afirma um comunicado do FNS.
Apesar de o fígado ter uma extraordinária capacidade de regeneração, devido às minúsculas ramificações dos vasos sanguíneos e canais da vesícula os cirurgiões têm de planejar minuciosamente cada passo da operação para proteger o tecido saudável restante.
Com base nos dados individuais da tomografia computadorizada, os pesquisadores imprimem um modelo tridimensional do órgão afetado pela doença. A máquina usada para esse fim funciona à semelhança de uma impressora a jato de tinta (inkjet). Só que, em vez de tinta, o equipamento distribui um fino granulado sintético em diferentes cores que, graças a uma cola, toma a forma de uma fotografia tridimensional.
Imprimir antes de operar
“Os modelos feitos por nós através de um chamado processo rapid prototyping ajudam as respectivas equipes médicas no planejamento preciso da operação”, explica Stefan Weber, co-diretor do Centro de Cirurgia Assistida por Computador no Artorg.
“Primeiro, marcamos no computador as detalhes anatômicos como vasos importantes sanguíneos, o tecido do tumor e o melhor nível de cisão. Daí determinamos o recorte da parte do corpo desejada e a ampliação, e imprimimos o modelo”, explica Weber. A impressão demora algumas horas.
Até agora, os pesquisadores prepararam uma cirurgia-piloto com a nova tecnologia. “Graças à preparação e ao modelo, sabíamos com muito mais precisão durante a operação onde podíamos encontrar os tumores, que às vezes são difíceis de localizar, e pudemos removê-los com segurança, preservando o máximo possível de tecido sadio”, disse Beat Gloor, chefe do departamento de cirurgia e medicina visceral do Inselspital.
swissinfo com agências
O Fundo Nacional Suíço (SNF) é a principal instituição de fomento à pesquisa científica da Confederação Helvética.
Ele apóia anualmente cerca de 7 mil cientistas suíços, dos quais mais de 5.500 têm no máximo 35 anos de idade.
Uma de suas principais tarefas é a seleção dos projetos que são fomentados com cerca de com cerca de 500 milhões de francos por ano.
Para garantir sua independência, o SNF foi fundado em 1952 como fundação privada. Ele apóia a pesquisa de base principalmente na forma de projetos individuais e se engaja pelos jovens cientistas.
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