
EUA e Suíça resolvem impasse sobre clientes investidores

Os EUA e a Suíça encerraram um impasse de anos sobre o compartilhamento de informações sobre investimentos de clientes americanos. A medida garantirá a Washington maior visibilidade dos ativos mantidos no centro bancário europeu.
Assine AQUI a nossa newsletter sobre o que a imprensa suíça escreve sobre o Brasil, Portugal e a África lusófona.
Um acordo foi assinado em meio ao processo de monitoramento de pelo menos oito empresas suíças que fazem negócios através de uma subsidiária regulamentada nos EUA, declararam três fontes com conhecimento do caso. O monitoramento da Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos EUA, incluiu análises dos negócios de gestoras de investimentos menores, além do grande grupo Vontobel. Segundo as fontes, a fiscalização envolveu também inspeções in loco na Suíça no ano passado.

A SEC declarou que os dados de suas análises não são públicos e que a entidade não “confirma sua existência ou inexistência”.
A Vontobel não quis comentar.
Os dois países têm uma relação complicada em relação a informações sobre clientes americanos, que há muito tempo escondem ativos em contas na Suíça para evitar impostos nos EUA. Em 2013 as empresas suíças precisaram pagar bilhões em penalidades depois que os dois países chegaram a um acordo sobre o compartilhamento de informações.

Mostrar mais
Como a repressão à evasão fiscal nos EUA afetou os bancos suíços
No dia 10 de junho, os Estados Unidos suspenderam uma moratória sobre as aprovações de novos consultores de investimentos suíços que buscam operar no lucrativo negócio americano de gestão de fortunas.
A SEC havia interrompido o processamento de solicitações de consultores de investimento sediados na Suíça em 2020 devido a preocupações sobre sua capacidade do país alpino de fornecer os dados solicitados pela agência e a própria capacidade do regulador de realizar exames no local, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.
+ Quando a Suíça deu adeus ao sigilo bancário
“Essas solicitações ficaram paradas por muitos anos, e já passou da hora de retomarmos esse processo”, disse o presidente da SEC, Paul Atkins. “Estamos ansiosos para expandir o acesso dos EUA aos mercados de capitais.”
O anúncio do dia 10 de junho foi resultado de negociações entre Washington e os órgãos reguladores financeiros suíços, informou a SEC. Os termos do novo acordo dão ao órgão regulador dos EUA acesso direto às informações dos clientes das empresas suíças.
A medida da SEC segue a crescente demanda de americanos ricos, tanto nos EUA quanto no exterior, para transferir ativos para a Suíça em meio à incerteza causada pela administração de Donald Trump.

Mostrar mais
Trump: ricos buscam refúgio em bancos suíços
As empresas suíças que esperam aproveitar essa demanda buscaram outras maneiras de acessar o mercado, comprando por exemplo empresas já existentes registradas na SEC.
O monitoramento das empresas suíças começou em meados do ano passado e se estendeu até este ano. “O fato de eles terem escolhido um número tão grande e, em vários casos, terem vindo fisicamente para examinar alguns documentos é incomum”, disse uma das pessoas intimamente envolvidas na situação.
“A rapidez do anúncio é uma surpresa”, disse Anne Liebgott, especialista em serviços de gestão de patrimônio suíço para cidadãos norte-americanos. “É possível que as análises de alguns gestores suíços licenciados pela SEC tenham feito com que o órgão regulador conseguisse obter as informações que desejava há anos e, portanto, não precisasse mais da moratória.”
Copyright The Financial Times Limited 2025
(Adaptação: Clarissa Levy)

Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.