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Relatório do Credit Suisse sobre falhas da Greensill atrasa

CS
Keystone / Urs Flueeler

O tão aguardado relatório do Credit Suisse sobre suas próprias falhas em relação ao colapso da Greensill Capital foi adiado enquanto o credor suíço se prepara para uma série de batalhas legais.

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O banco esperava divulgar os resultados da investigação – realizada pela Deloitte e pelo escritório de advocacia suíço Walder Wyss – em novembro, em seus resultados do terceiro trimestre, de acordo com as pessoas informadas sobre os planos. Mas esse prazo não será cumprido, já que o relatório ainda não foi finalizado. Após uma visita da polícia suíça em sua sede, o Credit Suisse tem cada vez mais em jogo. Há duas semanas, foram apreendidos documentos relacionados à investigação criminal do Ministério Público de Zurique acerca das atividades da Greensill e da forma como foram administrados e comercializados os fundos do Credit Suisse que financiaram os controversos esquemas de empréstimo da empresa britânica.

Devido a uma apólice de seguro caducada, o Credit Suisse foi forçado a suspender, em março, US$ 10 bilhões em fundos ligados à Greensill. A situação levou ao colapso da empresa de serviços financeiros e desencadeou investigações regulatórias na Suíça, no Reino Unido e nos EUA. Embora o Credit Suisse não seja o alvo direto da investigação criminal suíça, há um receio entre alguns funcionários de alto escalão do banco de que o inquérito possa ser ampliado, de acordo com pessoas informadas sobre as discussões.

No início de outubro, foi discutido um rascunho do relatório sobre a Greensill numa reunião de conselho do Credit Suisse. Os executivos estão avaliando qual impacto o relatório terá em suas tentativas de negociar o retorno de bilhões de dólares emprestados pela Greensill, bem como na elaboração de reivindicações de seguro por perdas e na preparação para processos judiciais de clientes cujo dinheiro foi retido nos fundos. “Muitos investidores estão furiosos porque acham que o Credit Suisse vendeu indevidamente os fundos”, disse uma pessoa envolvida no planejamento do banco. “É mais provável que as questões legais fiquem na esfera civil e não na penal”.

Dos US$ 10 bilhões em fundos da Greensill que haviam sido suspensos, foram recolhidos US$ 7 bilhões até agora. O Credit Suisse alertou que US$ 2,3 bilhões serão difíceis de recuperar. Na semana passada, também afirmou que não estava confiante que recuperaria todos os outros US$ 400 milhões emprestados a uma série de pequenas empresas. “Estamos lidando com vários casos de pagamentos atrasados”, disse o banco numa mensagem aos investidores. “[Entre esses, há] casos em que se está discutindo a possibilidade de reestruturação de dívida, o que significa que o pagamento integral talvez não seja mais possível”.

Dada a natureza sensível do caso, o Credit Suisse publicará apenas detalhes selecionados acerca da investigação sobre a Greensill. Isso marca um contraste em relação ao relatório que o banco encomendou sobre colapso do escritório familiar Archegos Capital, ocorrido em março. O Credit Suisse publicou esse relatório – feito pelo escritório de advocacia Paul Weiss em julho – em sua totalidade. O documento dizia que a perda de US$ 5,5 bilhões que o banco sofreu em suas negociações com a Archegos foi o resultado de uma “falha fundamental de gestão e controle” no banco de investimentos e de uma “atitude desinteressada em relação ao risco”.

“Se há um padrão, é que tem sido interessante ver quantas das lições ou questões da Archegos aparecem novamente no relatório da Greensill”, disse uma pessoa informada sobre as descobertas iniciais. “Há aspectos gerais na forma como o Credit Suisse é administrado e gerenciado que precisam mudar”. O Credit Suisse se recusou a comentar.

Copyright: The Financial Times 2021

Adaptação: Clarice Dominguez

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