Presidente de Portugal agradece contributo financeiro dos emigrantes da Suíça
O Presidente português agradeceu este domingo, 16 de Outubro, o contributo financeiro dos seus compatriotas residentes na Suíça para a economia portuguesa. Num encontro com centenas de emigrantes lusos em Genebra, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “no ano passado esta foi a segunda maior comunidade do mundo a apoiar a economia portuguesa”.
“Os portugueses na Suíça são uma das comunidades emigrantes nacionais que mais aposta há mais tempo cá fora no prestígio do país, enviando as suas economias e sendo a primeira ou a segunda, depende dos anos, a contribuir para a economia portuguesa”, disse o chefe de Estado português no Centro Desportivo de Vernets.
Acolhido com muitas manifestações de carinho, que retribuiu com beijos e abraços, Marcelo Rebelo de Sousa foi também confrontado com queixas. Questionado sobre o facto de os emigrantes não beneficiarem da isenção de impostos sobre as pensões que o governo português concede, durante dez anos, aos reformados estrangeiros que se queiram instalar em Portugal, o Presidente reconheceu que se trata de uma questão pertinente: “Hei-de ver o que se pode fazer para criar estímulos adicionais para os nossos compatriotas espalhados pelo mundo, em particular comunidades como a da Suíça, que tanto envia das suas economias para Portugal, que seriam um agradecimento por tudo o que têm feito por Portugal”.
Quantos são os portugueses?
A comunidade portuguesa na Suíça é uma das maiores comunidades portuguesas no estrangeiro. Segundo dados da Secretaria de Estado helvética das Migrações, residem actualmente na Suíça 277.044 cidadãos portugueses, que representam 13% da população estrangeira. Em 2015, a Suíça ocupou o segundo lugar, depois da França, na lista dos países de origem das remessas de emigrantes, com um volume de transferências para Portugal de 842.29 milhões de euros.
Lesados pelo BES
A mesma nota soou em seguida no encontro de cerca de dez minutos com representantes do Movimento dos Emigrantes Lesados do Banco Espírito Santo (BES): “As autoridades portuguesas falam muito aos emigrantes de lealdade à pátria, de enviar grandes remessas para Portugal, mas o que vemos é que não têm intenções de nos apoiar”, disse a porta-voz do grupo, Palmira Duarte, de 58 anos, residente em Zurique.
“Eu tenho dito em todos os sítios que compreendo, estou atento e apoio tudo o que se puder fazer para ir ao encontro deste drama de muitos portugueses em Portugal e no estrangeiro”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa. Um dos membros do grupo corrigiu: “Somos sete mil e seiscentos”, ao que o Presidente respondeu “Eu sei”.
A porta-voz do grupo lembrou que “a maioria dos emigrantes são pessoas que trabalharam duramente, que saem do emprego a correr para cuidar dos filhos antes de saírem outra vez para limpar escritórios à noite. É assim que as famílias aqui ganham o dinheiro que enviam para Portugal”.
Terminado da conversa com o chefe de Estado, Palmira Duarte disse para swissinfo.ch que esperavam palavras concretas, mas voltam de mãos vazias: “O Presidente disse-nos que está atento e nos apoia, mas não diz nunca nada de concreto. O facto de nos ter recebido aqui é um sinal de respeito, mas não adiantou nada. Eu disse-lhe que as palavras que diz e que já disse antes em Paris são vazias. Ele ouviu-me e abraçou-me, mas eu não vivo de abraços nem de beijos e só não lho disse porque seria mal-educado”.
“Passaram dois anos e meio e nem um tostão. Eram as economias de quinze e vinte anos, algumas pessoas tinham lá 400 ou 300 mil euros”, acrescentou Fátima Vasconcelos, residente em Genebra. “O meu dinheiro ficou num depósito Poupança Plus porque no BES me disseram que estava seguro, mas quando o banco abriu falência afinal o dinheiro não estava em depósitos, estava em investimentos, apesar de termos assinado contratos de poupança”.
Durante as actuações de ranchos folclóricos, neste encontro em Genebra com representantes da comunidade portuguesa na Suíça, o Presidente esteve acompanhado de Luc Barthassat (PDC), o conselheiro de Estado do Cantão de Genebra encarregado do Departamento do Ambiente, Transportes e Agricultura.
Genebra e Berna
O Chefe de Estado português iniciou no domingo dia 16 em Genebra uma visita de Estado de três dias à Suíça que termina em Berna.
Marcelo Rebelo de Sousa é acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e pelo secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
Na segunda-feira Marcelo Rebelo de Sousa encontra-se em Genebra com o Presidente da Confederação Suíça, Johann N. Schneider-Ammann. Visita em seguida o centro de biotecnologia Campus Biotech e o Human Brain Project, um projecto financiado pela União Europeia que pretende simular o funcionamento do cérebro humano através de um super-computador, para desenvolver novas terapias para doenças neurológicas.
O Chefe de Estado português parte depois para Berna, onde volta a encontrar-se com Johann N. Schneider-Ammann e com o Chanceler da Confederação Suíça, Walter Thurnherr. O dia termina com um jantar em honra de Marcelo Rebelo de Sousa oferecido pelo Conselho Federal Suíço.
Na terça-feira, o Presidente da República Portuguesa visita a empresa Rondo SA, em Burgdorf, onde alunos podem, a partir dos 15 anos, aprender uma profissão no local de trabalho, segundo a fórmula suíça de treino vocacional. Antes de regressar a Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa visita o Museu Franz Gertsch.
A última visita de um Chefe de Estado Português à Suíça foi a do Presidente Jorge Sampaio em Setembro de 2000.
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