Reformas não criam emprego na América Latina
O desemprego na América Latina e Caribe aumenta rapidamente e atinge atualmente 9,5 p/ cento da população ativa. O Estado despede, as grandes empresas não contratam e o setor informal cresce, constata a Organização Internacional do Trabalho, em Genebra.
O desemprego atual na América Latina e Caribe é maior que o da década de 80, na época da crise da dívida externa. A OIT publica ampla estudo sobre o mercado de tabalho na AL, tema a ser discutido de amanhã até o dia 27 na reunião regional da OIT em Lima, no Peru.
O diagnóstico é ruim para os trabalhadores. “Apesar das reformas terem contido a inflação e atraído investimentos … as taxas de desemprego e a instabilidade do trabalho aumentaram de forma constante nos anos 90”, afirma a OIT, acrescentando que “o crescimento econômico e a estabilidade dos preços não produziram melhora significativa no emprego nem nos salários”.
O único setor que realmente cresceu foi o informal, que criou 85 p/cento dos novos empregos na última década, com “baixíssimos níveis de proteção social”. A taxa de crescimento da população está diminuindo mas, mesmo assim, o crescimento da economia não é suficiente para integrar a nova força de trabalho. A economia latinoamericana cresceu 2,9 p/cento ao ano entre 1990 e 1998 mas a população ativa cresceu 3,1 p/cento.
Para o trabalhador que tem emprego, a vida também piorou. Nesta década, medido pelo salário mínimo, o poder aquisitivo caiu 27 p/cento, comparado ao de 1980.
Exemplos concretos: entre 1990 e 1997, o salário mínimo real caiu 7,2 p/cento no Uruguai, 4,6 p/cento no México, 4,1 p/cento na Guatemala e 3 p/cento na Veneuela. Subiu 10,4 na Bolívia, 9,9 p/cento na Argentina e 5,9 p/cento no Ecuador.
Existem portanto variações importantes de um país para outro. Em geral, segundo a OIT, a situação dos trabalhadores é melhor nos países que começaram as reformas mais cedo, como Chile, Bolívia e Costa Rica. Onde as reformas são mais recentes (Argentina, Brasil, México, Uruguai e Venezuela) “houve aumento do desemprego, do setor informal e precariedade”.
As privatizações também estão criando instabilidade. Os empregos públicos cairam de 15,5 p/cento em 1990 para 12,9 em 1998. Mas no mesmo período, a porcentagem do setor privado moderno passou de 32 para 28 p/cento. Conclusão, ex-funcionários do setor público e do setor privado vão para o setor informal.
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