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Brics não é um bloco antiocidental 

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Este ano, Putin está organizando a cúpula pessoalmente, já que a presidência rotativa cabe à Rússia. KEYSTONE

Nesta edição da nossa revista de imprensa, exploramos três temas que evidenciam a complexidade das relações internacionais e suas implicações para a paz e o desenvolvimento global. 

De 12 a 18 de outubro de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Pouca unidade na diversidade: é improvável que o grupo Brics se transforme em um bloco antiocidental 

No ano passado, o presidente russo não pôde participar da cúpula do Brics em Joanesburgo, na África do Sul. Isso ocorreu porque o anfitrião não queria contradizer abertamente o Tribunal Penal Internacional, que está atrás de Putin pelo sequestro de crianças da Ucrânia. 

Este ano, Putin está organizando a cúpula pessoalmente, já que a presidência rotativa cabe à Rússia. De 22 a 24 de outubro, ele receberá os chefes de Estado e de Governo dos países do Brics em Kazan, a capital da região do Tartaristão, no Volga, no sul da Rússia. 

Lá, ele demonstrará que a Rússia não está de forma alguma sozinha ou isolada, pelo contrário, de acordo com a mensagem esperada: segundo a narrativa de Moscou, a Rússia é líder do Sul global, que se manifesta nos Brics, entre outras coisas. 

No entanto, segundo o jornal NZZLink externo, um dos principais jornais da Suíça, se olharmos mais de perto, o Brics não é um bloco geopolítico coerente, mas sim um conglomerado de países com interesses e objetivos diferentes. Essa tendência de diversidade é reforçada pela expansão do Brics na cúpula do ano passado na África do Sul. 

Além dos membros que deram nome ao grupo na forma de suas letras iniciais – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – os recém-chegados estão se juntando pela primeira vez em Kazan: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia. A Arábia Saudita também deverá participar. O país recebeu um convite para fazer parte do Brics. Ele já participou de eventos anteriores, mas ainda não formalizou sua adesão. 

Fonte: NZZLink externo, 18.10.2024 (em alemão) 

Guerra na Ucrânia: o plano sino-brasileiro ainda tem “contradições”, de acordo com Cassis 

O Conselheiro Federal está estudando o plano de paz proposto pela China e pelo Brasil, mas teme um congelamento de posições e apela para o diálogo. 

O plano de paz apresentado pelo Brasil e pela China sobre a Ucrânia “ainda contém contradições”, de acordo com o conselheiro federal Ignazio Cassis. “Mas ele abre a porta para o diálogo”, disse ele à imprensa em Lausanne na quinta-feira. 

Para o 24heuresLink externo, jornal da Suíça francesa, a Suíça sempre defendeu que todas as propostas de paz em conformidade com a Carta da ONU devem ser discutidas. Antes da cúpula em Bürgenstock (Cantão de Nidwalden), ela estava particularmente interessada em evitar que a Rússia recusasse qualquer diálogo que se concentrasse apenas no plano de paz de dez pontos do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. 

Moscou rejeitou todas as iniciativas até o momento e denunciou o “plano de vitória” revelado por Kiev na quarta-feira. Por sua vez, a China e o Brasil revisaram recentemente seu plano. Mas isso ainda resultaria em um congelamento das posições atuais em campo entre a Ucrânia e a Rússia, o que é inaceitável para Kiev. 

A Suíça e a China realizaram consultas nos últimos meses. E na terça-feira, o Secretário de Estado Alexandre Fasel se reuniu com sua colega brasileira Maria Laura da Rocha em Brasília para discutir o plano dos dois países. “Não acho que a reaproximação seja suficiente” para atender às condições de uma paz duradoura, disse Cassis à margem da reunião ministerial de Lausanne sobre desminagem humanitária na Ucrânia. 

Fonte: 24heuresLink externo, 17.10.2024 (em francês) 

A Ucrânia já perdeu 

A culpa é das minas, segundo o site de notícias suíço WatsonLink externo, uma calamidade que ainda não terminou de atormentar o país. Em uma tentativa de combater esse pesadelo, 50 países estão se reunindo em Lausanne para discutir o problema. 

De acordo com Kiev, um quarto da Ucrânia está atualmente coberto por minas. Isso a torna oficialmente o Estado com o maior número de minas do mundo. Os invasores russos são os culpados, mas isso não é tudo. A própria Ucrânia teria espalhado milhares de minas antipessoais ao redor de algumas cidades para defendê-las. Uma estratégia militar eficaz, mas proibida e desastrosa. 

Ao espalhar seus dispositivos de morte, Moscou e Kiev estão hipotecando o futuro da população ucraniana. Há, é claro, consequências físicas. Vinte anos após o fim da guerra civil que devastou Angola, durante a qual mais de um milhão de minas foram enterradas, homens, mulheres e crianças continuam a perder um ou mais membros por caminharem onde não deveriam. A ONU estima que mais de 80.000 angolanos tenham sido mutilados ou mortos. 

As palavras são cruas, mas têm o mérito de serem claras. Entretanto, por trás do sofrimento físico, muitas vezes nos esquecemos das consequências econômicas do problema. Basta uma mina, enterrada em algum lugar em um terreno, para torná-lo inutilizável. Quem arriscaria uma perna para construir um prédio ou cultivar cereais? A Ucrânia, o celeiro da Europa antes da guerra, inevitavelmente perderá muitos hectares cultiváveis. 

Fonte: WatsonLink externo, 17.10.2024 (em francês) 

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