
Criminoso de guerra entregue à França
As autoridades suíças entregaram hoje, o francês Maurice Papon, 89, às autoridades francesas menos de 24 horas depois da sua detenção na região de Berna. Em abril de 98, Papon foi condenado a dez anos de prisão por crimes contra a humanidade.
O francês Maurice Papon, 89, foi entregue em menos de 24 horas pela suíça às autoridades francesas, na cidade fronteira de Pontarlier/F, após decisão do governo suíço da extradição imediata do criminoso de guerra.
A ministra suíça da justiça, Ruth Metzler, anunciou sua extradição após reunião de emergência do cabinete suíço. Para transferi-lo rapidamente para a França as autoridades suíças tinham duas possibilidades: seria possível simplesmente entregá-lo à policiais franceses na fronteira, já que sua a presença na Suíça estava proibida por ordem do ministério das Relações Exteriores; ou a estradição formal, fundada no direito internacional sobre crimes de guera. A estradição formal seria bem mais complicada porque, em direito suíço, não existe a “cumplicidade por crime a humanidade” que justificasse a condenação de Papon na França.
A prisão de Maurice Papon, ontem em Gstaad, foi possível devido a colaboração entre as polícias francesa e suíça. Papon estava na Suíça com um passaporte falso, segundo a polícia suíça. Ele não resistiu à prisão, mas afirmou que tinha problemas de saúde e teve que ser imediatamente hospitalizado em Berna.
Quarta-feira, a França havia expedido um mandato internacional de prisão contra Maurice Papon. Dois anos atrás, Papon foi condenado a 10 anos de prisão, na França, por cumplicidade em crimes contra a humanidade, mas estava em liberdade por razões de saúde. Quinta-feira, no entanto, ele deveria comparecer ao Tribunal de Cassação para o julgamento de um recurso apresentado por seus advogados. Mas Papon preferiu fugir e, nesse caso, segundo o Código Penal francês, a pena passa a ser aplicada imediatamente. Por isso a justiça francesa havia expedido um mandato internacional de prisão contra ele.
Essa condenação tardia de Papon, refere-se a suas atividades durante a Segunda Guerra onde tinha responsabilidades na polícia durante a deportação de 1’590 judeus para a Alemanha. No entanto isso não impediu que continuasse a fazer carreira no funcionalismo, sendo que ele foi inclusive ministro de Estado no governo Giscard d’Estaing.

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