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Surto em casos de Covid causa surpresa na Suíça

Anne Levy
A diretora do Departamento de Saúde da Suíça se preocupa com os idosos que recusaram a vacina. Keystone / Peter Schneider

O aumento nos casos de Covid-19 desde que a Suíça flexibilizou suas regras de saúde pública é agora uma fonte de preocupação. A rápida disseminação da variante Delta, mais infecciosa, está lançando uma nuvem sobre a retomada da vida normal em toda a Europa.

Anne Lévy, diretora do Departamento Federal de Saúde Pública (OFSP, na sigla em francês), diz estar surpresa com o ressurgimento dos casos na Suíça.

“Sabíamos que eles aumentariam após as reaberturas. Mas não esperávamos que eles aumentassem tanto e tão rápido”, disse jornal suíço de língua alemã NZZ am Sonntag em uma entrevista.

Ela atribui o aumento das infecções à falta de cautela da população suíça à medida que um maior número de pessoas se vacina, e ao levantamento das medidas mais restritivas para combater a propagação do vírus.

Jovens perigosos

Na sexta-feira, o OFSP registrou 619 novas infecções pelo coronavírus na Suíça e em Liechtenstein em 24 horas. Este número é quase o dobro do que foi registrado na semana anterior (323). A variante Delta é responsável por um terço dos casos.

A tendência na Suíça reflete a da União Europeia e do Espaço Econômico Europeu, onde a propagação da variante Delta, mais contagiosa, levou a um aumento de 64,3% dos casos de Covid-19 na última semana.

Os novos casos na Suíça – e também na Europa – estão concentrados entre os jovens.

A situação pode se tornar perigosa, adverte Lévy, se o vírus se espalhar para membros mais velhos da família que não foram vacinados, pois isso levaria a um forte aumento das hospitalizações.

Lévy está particularmente preocupada com o número de pessoas com mais de 50 anos que não estão vacinadas. “Para elas, a possibilidade de desenvolver uma forma mais grave da doença é maior do que para as pessoas mais jovens”, observa.

Dois terços das pessoas que quiseram ser vacinadas na Suíça foram vacinadas, de acordo com a representante da saúde. Entre os que estão em risco, 85% receberam pelo menos uma dose. Mas ela acredita que isto não seja suficiente.

 “Devemos motivar mais pessoas a serem vacinadas”, enfatiza Lévy.

Viver com a Covid-19

É improvável que o vírus, que desenvolveu muitas variantes, venha a ser totalmente erradicado, de acordo com a especialista em saúde. Lévy diz que as pessoas precisarão aprender a viver com a Covid-19 e que medidas de proteção, como o uso de máscaras, poderiam se tornar a norma.

“Como nos países asiáticos”, ela observa. “Lá, é natural usar uma máscara quando se tem um resfriado”.

O uso doméstico dos atestados de saúde Covid-19, por exemplo, para acessar restaurantes, poderia ser considerado se a situação piorasse, de acordo com a especialista em saúde. “Isto seria melhor do que mais fechamentos”, diz ela.

Mais de 10.300 pessoas morreram por causa da Covid-19 na Suíça, que tem uma população de 8,6 milhões de habitantes.

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